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“Arquitetura tem a ver com otimismo”, diz Daniel Libeskind

Conheça melhor Daniel Libeskind, o arquiteto que projetou o plano diretor para o Marco Zero, em Nova York. Em visita ao Brasil, ele conversou conosco.

Por Por Nilbberth Silva
Atualizado em 16 fev 2024, 13h51 - Publicado em 7 jun 2013, 16h50
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Daniel Libeskind é baixinho, tem cabelo grisalho, expressão sorridente e sempre viaja acompanhado pela esposa, Nina. De vez em quando para e cumprimenta as pessoas que vêm lhe contar como adoram seu trabalho. A aparência simples não dá pistas de que Libeskind é um dos arquitetos mais importantes do nosso tempo. Ele é o autor de obras-primas como o Museu Judaico de Berlim ou o Museu da História Militar, em Dresdem, Alemanha. Libeskind também fez o plano diretor do Marco Zero, a região de Nova York onde caíram as torres gêmeas do World Trade Center durante os atentados terroristas de 2001.

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“Arquitetura e urbanismo têm a ver com otimismo, com dar esperança às pessoas”, disse na palestra que deu terça-feira em São Paulo. O arquiteto foi o convidado mais esperado no primeiro dia do New Cities Summit, o encontro sobre o futuro das cidades com visitantes de mais de 30 países que aconteceu esta semana. Em sua fala de 40 minutos, ele também defendeu que a arquitetura precisa traduzir a identidade das cidades. “Cada cidade é um corpo vivo”, disse, citando Santo Agostinho. “E um corpo sem alma é simplesmente um monte de matéria – assim como uma cidade”, continuou. 

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Materializar a alma de Nova York foi a tarefa que o arquiteto se impôs durante o projeto do plano diretor para o Ground Zero. Quando menino, Libeskind imigrou da Polônia para Manhattam. A primeira visão ao chegar de navio ao novo país foi a Estátua da Liberdade e os arranha-céus marcando o horizonte de Manhattan – símbolos do poder e valorização da liberdade estadunidenses. O arquiteto planejou um museu ao redor da parede de chorume, única estrutura do World Trade Center que permaneceu de pé. A parede impedia o escoamento das águas do rio na área dos prédios. Com quase um metro de espessura, hoje funciona como uma lembrança pungente do tamanho original das torres. 

Quatro novos arranha-céus ocuparão o local, além de uma estação de transportes e um memorial, projetado no exato local onde estavam as torres. O prédio mais alto, a Torre da Liberdade, mede 541 m. “Esse horizonte emblemático vai remodelar o sentido do que Nova York realmente é. Esse projeto é sobre pessoas, não apenas sobre as torres grandes”.

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Para Libeskind, a arquitetura serve para tornar as cidades mais atraentes. “As cidades entram em declínio porque perdem atração. E a arquitetura tem tudo a ver com criar atração. A singularidade dos países é criada pela arquitetura”. A fala lembra a tese, bastante contestada, do poder das grandes obras assinadas por arquitetos estrelados para revitalizar cidades combalidas economicamente.

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Depois da palestra, o arquiteto deu uma entrevista curta ao Casa.com.br. Queríamos saber sua opinião sobre o que torna a arquitetura mais humana, que é tema do prêmio O Melhor da Arquitetura promovido pela revista ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO. Libeskind adorou a pergunta, mesmo sem saber como respondê-la. “Sabe, não dá para responder assim sobre uma arquitetura mais humana…”, ele respondeu. “Porque tem a ver com verdadeira poesia. Não é algo para qual você pode criar uma fórmula, nem escrever um programa ou um algoritmo. A verdadeira arquitetura humana é uma conexão súbita com a alma, a emoção, o intelecto”.

Assista à entrevista com Daniel Libeskind:

Conheça o projeto do Memorial World Trade Center, previsto no plano diretor de Daniel Libeskind para o Marco Zero. 

Navegue pela galeria abaixo para conhecer uma casa projetada por Daniel Libeskind

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