Arquitetura pelo turismo, turismo pela arquitetura
Architectour 2008, encontro internacional, em Florianópolis, coloca em foco a necessidade de tratar a arquitetura também como turismo e a percepção de que os prédios públicos também são responsáveis pela imagem das cidades.
O debate em torno da arquitetura e do turismo foi o foco do Architectour 2008, seminário internacional que aconteceu em Florianópolis, nos dias 07 e 08 de agosto. Formatado para atingir arquitetos, engenheiros, gestores da área de turismo e gente do poder público, o evento apostou em nomes reconhecidos mundialmente. Entre eles o americano Chien Chung Pei e o francês Christian de Portzamparc, que aproveitaram para mostrar seus projetos mais recentes, alguns deles fortes pontos de atração de viajantes, caso do Museu Suzhou, na China, de Pei, e da Filarmônica de Luxemburgo, de Portzamparc. “A provocação foi para que governantes, arquitetos e engenheiros pensem a arquitetura como turismo”, afirmou Hamilton Lyra Adriano, organizador seminário.
“O diálogo com o poder político e financeiro permite realizar obras de grande porte para as cidades”, disse, na cerimônia de abertura, a arquiteta brasileira radicada na França Elizabeth de Portzamparc, sob encomenda para uma platéia cheia de políticos. Citou como exemplos o Guggenheim Museum, em Bilbao, do canadense Frank O. Gehry , e o projeto arquitetônico do novo Principado de Mônaco, de sua autoria. Para o americano Chien Chung Pei – filho do famoso I. M. Pei, com quem trabalhou na Pirâmide do Louvre, em Paris -, palestrante da primeira noite, os prédios públicos têm responsabilidade com a imagem da cidade, são parte da experiência do visitante.
Os cinco painéis do segundo dia tiveram temas abrangentes. Cada convidado deu o seu recado, abordando, principalmente, projetos próprios: de linhas de metrô de superfície a ilhas artificiais e planos de urbanização; de grandes bibliotecas a museus dos tipos mais variados. Os debatedores também contribuíram ao apresentar projetos que instigassem o debate. “Já que o turismo é inexorável, como ele pode conviver com a preservação do patrimônio natural e constituído?”, questionou o arquiteto Marcelo Ferraz, de São Paulo. “O arquiteto é privilegiado na qualificação do planejamento urbano, tem que influenciar as ações”, provocou Maximo Rumis, diretor da DPZ Latin America, líder mundial do pensamento de novo urbanismo.
O argentino Rubén Pesci cunhou o termo “ambitectura” para desafiar a idéia do arquiteto trabalhar com a esfera ambiental na transformação da cidade real. O arquiteto de Florianópolis André Schmitt lembrou que “o turismo é a única atividade econômica em que o consumidor se desloca até o produto”. E provocou: “A ausência de projeto também desenha a cidade”.
“Tivemos 14 estados participantes, além de empresários e investidores poloneses, portugueses e angolanos”, diz o organizador, Hamilton Lyra Adriano. O arquiteto paulista João Armentano passou rapidamente pelo seminário com parceiros poloneses para contatar o dinamarquês Thomas Gierlevsen, engenheiro diretor da COWI, líder mundial em consultoria de engenharia costeira e marítima. O engenheiro é um dos principais envolvidos na concepção do projeto The Pearl, no Catar (A Pérola), uma ilha artificial localizada no Golfo Árabe.
Para a edição 2009, os organizadores anunciaram mudanças no formato, com a apresentação de trabalhos. A cidade de Gramado, na serra gaúcha, é candidata a anfitriã. A coordenadora técnica do Architectour, arquiteta Cristina Piazza, já fez convites ao holandês Rem Koolhaas, ao inglês Norman Foster e ao canadense Frank O. Ghery, além do brasileiro Carlos Bratke.