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Ler a etiqueta: eis um hábito consciente

Aprenda o que significam os selos de segurança, qualidade e sustentabilidade presentes nas etiquetas - e por que eles são tão importantes

Por Texto Giuliana Capello | Ilustrações Rafa Nunes
Atualizado em 20 dez 2016, 15h57 - Publicado em 5 mar 2013, 18h10
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Você já se flagrou perdido entre os selos impressos nas embalagens? Pode reparar: eles comparecem em refrigeradores, tecidos, móveis, sacos de cimento… Basicamente, foram criados para destacar produtos e empresas que apresentam compromissos com a segurança, a qualidade e as questões socioambientais. Dessa maneira, fica mais fácil conquistar a fidelidade de consumidores para lá de exigentes. É preciso estar alerta para esse mar de símbolos, pois alguns deles são simplesmente obrigatórios. Existem também aqueles inventados pelos fabricantes, chamados selos de primeira parte. Quem nunca leu em um pacote a expressão “produto ecológico”, por exemplo? “Essa é uma declaração do fornecedor, que não necessariamente agrega valor ao item em termos de garantia”, explica Carlos Thadeu Oliveira, gerente técnico do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). Já as certificações de segunda parte são concedidas por entidades setoriais (associações de fabricantes de cimento, de tinta etc.) a empresas que se adequam a determinados padrões. Segundo Carlos, porém, as rotulagens que mais somam informações confiáveis são as de terceira parte, ou seja, aquelas emitidas por instituições independentes, que submetem os produtos candidatos ao selo a uma série de testes laboratoriais, análises de processos e de documentações.

 

Recuse produtos sem estas marcas

As certificações relacionadas aqui, chamadas compulsórias, são imprescindíveis para certos produtos, que, se estiverem fora de padrões mínimos de qualidade, podem colocarem risco a segurança do consumidor. Ou seja, não é mérito nenhum apresentar as etiquetas a seguir: elas provam apenas que a empresa cumpriu seu dever de fabricar um artigo adequado para ser comercializado.

 

Selo Inmetro de Segurança

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O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e tecnologia (Inmetro) estabelece uma lista de bens que só podem ser vendidos com o rótulo da entidade estampado na mercadoria ou na embalagem. Fazem parte eletrodomésticos, materiais de construção (vergalhões, tomadas, cabos de aço etc.) e artigos de uso geral (colchões, ferros de passar, panelas de pressão, dispositivos para aquecimento solar de água etc.). Desde janeiro, outros 144 itens – como multiprocessadores, máquinas de costura e barbeadores – se juntaram ao rol da certificação compulsória.

Selo Inmetro de desempenho energético

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É o rótulo que classifica de A a E o consumo de energia (elétrica ou a gás) de um produto, sendo A o melhor nível de desempenho. Esta certificação integra o Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) e é obrigatória para aparelhos de ar condicionado, refrigeradores, fogões, lavadoras de roupa, sistemas para energia fotovoltaica, ventiladores de teto, TVs, lâmpadas fluorescentes compactas etc. Os itens classificados com performance A podem, ainda, receber duas premiações de caráter voluntário: o selo Procel, concedido pela Eletrobrás aos equipamentos elétricos, e o selo Conpet, emitido pela Petrobras aos aparelhos que consomem gás.

Selo Ruído – Inmetro e Ibama

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É uma das ações do Programa Silêncio contra a poluição sonora no país, parceria entre o Inmetro e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Liquidificadores, aspiradores de pó e secadores de cabelo devem exibir este selo, que apresenta uma declaração do nível de potência sonora (em decibéis), além da classificação de A (o mais silencioso) a E. Assim, no momento da compra, é possível comparar o volume do barulho produzido pelos modelos.

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Etiqueta Inmetro para produtos têxteis

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Além de roupas e acessórios, os tecidos que vestem a casa – a exemplo de jogos de cama, mesa e banho, cortinas, revestimentos de estofados e almofadas – somente podem ser comercializados se exibirem uma etiqueta com uma série de dados, como a composição do produto (“100% algodão”, por exemplo) e as instruções de lavagem, secagem e conservação. A declaração é realizada pelo fabricante, mas o Inmetro fiscaliza amostras, podendo multar e até recolher do mercado artigos que apresentem na etiqueta informações divergentes das reais.

Selos verdes – Eles merecem ser levados para casa!

Anunciar um produto como mais ecológico ou menos agressivo ao meio ambiente é algo que requer comprovações. Para o consumidor, muitas vezes é impossível ter certeza de que aquela declaração, de fato, procede. “É sempre bom questionar quem concedeu a certificação. Desconfie se ela for da própria empresa e solicite mais informações”, ensina Alessandra Caiado, consultora de materiais sustentáveis do Centro de Tecnologiade Edificações (CTE), de São Paulo. Já as rotulagens de entidades certificadoras imparciais representam aliados indiscutíveis. Elas demonstram a vontade do fabricante de adotar caminhos mais sustentáveis, submetendo sua produção voluntariamente a análises de instituições independentes. “Mas é importante ficar de olho no que está sendo certificado. Há situações em que se trata de uma característica não tão relevante. É o caso de um artigo tentando sobressair entre os concorrentes apenas porque sua embalagem é feita de papel certificado”, pondera Carlos Thadeu Oliveira, do Idec. Outro fator que difere das etiquetas compulsórias é que fica a critério do fabricante imprimir ou não o selo verde na embalagem de seu produto – às vezes, a divulgação só acontece no site da empresa, por exemplo. A seguir, selecionamos algumas das principais certificações relacionadas a questões socioambientais.

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Rótulo Ecológico ABNT: desenvolvido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e acreditado – ou seja, reconhecido – pelo Inmetro, é emitido para mercadorias e serviços com qualidade ambiental, isto é, que oferecem níveis inferiores de prejuízo ambiental em relação a seus similares no mercado. Entre os 148 itens já certificados, veem-se tecidos para decoração, carpetes, mobiliário de escritório, cadeiras, painéis de madeira e aço para a construção civil. A lista completa está disponível em https://abr.io/rotuloabnt.

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Selo Sustentax: desde 2008, o rótulo criado pela SustentaX, empresa paulistana de consultoria em sustentabilidade, ajuda a identificar produtos que possuem qualidade comprovada, demonstram responsabilidade socioambiental na fabricação e comercialização e mantêm uma comunicação ética com o consumidor. O selo está presente em impermeabilizantes, tintas e isolantes termoacústicos, por exemplo.

 

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Selo ecológico Falcão Bauer: a certificação do Instituto Falcão Bauer avalia as consequências ambientais desde a extração das matérias-primas de um determinado produto até seu descarte, além de aspectos referentes à legislação e ao atendimento de normas técnicas de desempenho. O estudo é feito por meio de auditorias, análise do ciclo de vida, ensaios e coleta de dados. O selo, acreditado pelo Inmetro, já foi cedido a 117 artigos, entre materiais de limpeza e de construção. Mais detalhes no site www.seloecologico.com.br.

 

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Selo FSC (Forest Stewardship Council): móveis, papéis, caixas – tudo o que provém da madeira pode pleitear esta certificação florestal de origem americana, que leva o nome da ONG internacional fundada em 1993 (Conselho de Manejo Florestal, em português). Essa ONG estabelece os critérios para o selo, concedido por consultorias credenciadas pelo FSC para realizar a certificação em todo o mundo. O selo é fornecido a artigos madeireiros oriundos de florestas nativas ou de reflorestamento, sempre que houver o controle rigoroso na retirada de árvores, com compromissos sociais e baixos níveis de impacto ambiental.

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Cerflor (Programa Brasileiro de Certificação Florestal): é a única certificação florestal 100% brasileira. Lançada em 2002, representa uma parceria entre a Sociedade Brasileira de Silvicultura (SBS), o Inmetro e a ABNT, que definiram os princípios e critérios de avaliação para o setor. Sua finalidade é reduzir os danos ambientais provocados pela exploração ilegal de produtos madeireiros no país.

 

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Programa Coatings Care: desenvolvido pelo Conselho Internacional de Tintas e Tintas de Impressão (IPPIC), é um programa setorial de atuação responsável, com o objetivo de atender às demandas de sustentabilidade. No Brasil, já tem a adesão dos principais fabricantes, que se comprometem a seguir práticas gerenciais em quatro áreas, obrigatoriamente: gestão de produto, gestão da produção, transporte e distribuição, e responsabilidade comunitária.

 

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Floorscore: coube à SCS Global Services, empresa global de certificação ambiental de terceira parte, desenvolver este selo. Ele é concedido a revestimentos para piso (a exemplo de vinílicos, laminados, emborrachados, modelos de madeira, de bambu etc.) que atendem a rigorosos padrões de qualidade. A avaliação foca especialmente na qualidade do ar dentro dos ambientes onde os pisos são instalados, atestando o baixo percentual de compostos orgânicos voláteis – essas substâncias, presentes em alguns materiais, são lançadas na atmosfera e podem ser prejudiciais à saúde.

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ISO 14001: diferentemente dos selos que atestam a maior qualidade ambiental de produtos, o ISO 14001 certifica o sistema de gestão ambiental da empresa. Também de caráter voluntário, é concedido por entidades como a ABNT e avalia ações internas que envolvem redução do consumo de energia e água, cuidados com o descarte dos resíduos, além de aspectos ligados à saúde do trabalhador. “É um diferencial, mas não significa que a mercadoria fabricada na empresa é ecológica ou que a fábrica não causa nenhum impacto, mas sim que existe a intenção de reduzir esses efeitos nocivos”, diz Alessandra, do CTE.

Prédio certificado

Até edifícios podem receber selos de sustentabilidade. As certificações de green building (construção sustentável) são dadas a projetos submetidos voluntariamente – por construtoras e escritórios de engenharia e arquitetura – a avaliações acerca dos impactos ambientais e sociais causados pelo novo empreendimento. O que o consumidor ganha com isso? Despesas menores com água e luz, taxas condominiais reduzidas, ambientes mais saudáveis para morar e trabalhar e, em uma escala ampliada, cidades mais agradáveis.

Estes selos já atuam no Brasil:

– LEED: lançado pelo Conselho de Green Building dos EUA, é o mais conhecido por aqui.

– AQUA: trata-se da primeira certificação desenvolvida no país, criada pela Fundação Vanzolini em parceria com o instituto francês CSTB e a empresa Haute Qualité Environnementale (HQE).

– Procel Edifica: etiqueta de eficiência energética em edificações, resultante da parceria entre a Eletrobras e o Inmetro como parte do Programa Brasileiro de Etiquetagem.

– Casa Azul Caixa: criado em 2010 pela Caixa Econômica Federal, certifica empreendimentos habitacionais financiados pelo banco e programas como o Minha Casa Minha Vida.

E os importados?

Os bens fabricados fora do país também estão sujeitos às certificações obrigatórias do Inmetro. Essa medida, além de aumentar a segurança do consumidor, ainda contribui para a concorrência justa com os artigos nacionais, uma vez que todos têm de cumprir as normas de segurança. “Recentemente, as panelas metálicas entraram na lista da certificação compulsória por causa de reclamações de compradores que tiveram problemas com modelos importados de baixa qualidade”, conta Alfredo Lobo, diretor da área de Qualidade do Inmetro. Produtos sem os selos não recebem a licença de importação: o Inmetro fiscaliza e, nesses casos, pode apreender as mercadorias e multar a importadora e o comerciante em até R$ 1,5 milhão.

Pode lavar, alvejar e secar?

No caso dos produtos têxteis – cortinas, capas de almofada e jogos de cama -, a etiqueta contém símbolos como quadradinhos, triângulos e círculos, relacionados a limpeza e manutenção das peças. Entenda o que significa esses sinais abaixo:

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