Irmãos Campana decoram café do museu d’Orsay em Paris
Há mãos brasileiras por trás da reforma do maior museu impressionista do mundo, o d'Orsay, em Paris. O Café de l'Horloge, no último andar, foi inteiramente redecorado pelos irmãos Campana.
Adeus, carpetes bordô e móveis de madeira acaju, típicos dos bistrôs parisienses: inspirados em outro ícone francês, o art nouveau, e no livro Vinte Mil Léguas Submarinas – do escritor Júlio Verne -, Fernando e Humberto Campana levam o cliente para uma viagem à atmosfera marítima. As obras de Claude Monet, que repousam a poucos passos dali, também deram uma ajudazinha à criatividade dos irmãos brasileiros: as famosas plantas aquáticas eternizadas nas telas do pintor foram transportadas para as novas cadeiras do café, de poliuretano azul-celeste e formas orgânicas. Enquanto saboreia um expresso, o visitante admira as costas do gigantesco relógio do museu, marca registrada do Orsay e que atua como janela do café.
Nas paredes, painéis plastificados e espelhados contribuem para difundir o azul na peça – se fizer um dia de sol no lado de fora, o efeito é ainda mais intenso. A ousadia da decoração se completa com fios metálicos disformes alaranjados – em se tratando dos Campana, não poderiam faltar – e abajures dourados, que remetem a conchas com um toque enferrujado. A ideia da direção do estabelecimento era trazer o design contemporâneo à arquitetura do local, uma antiga estação de trem transformada em museu em meados dos anos 1980. A própria escolha de profissionais brasileiros simboliza esse rompimento de estética, uma audácia que os franceses não estão acostumados a ver.