Estudantes criam móveis para crianças com deficiência intelectual
Alunos de arquitetura criaram peças lúdicas, inspiradas em artistas plásticos brasileiros
Por Por Nilbberth Silva
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20 Dec 2016, 19h59 - Publicado em 25 Mar 2013, 21h15
Alunos de arquitetura do Centro Universitário Belas Artes, em São Paulo, criaram móveis para crianças com deficiências intelectuais que estudam na Associação de Pais e Amigos de Excepcionais (Apae) de Potim (SP). Fazem parte do mobiliário estantes multicoloridas para livros infantis, cadeiras com estampas circulares e até uma cabaninha com um quadro negro. Os alunos projetaram e executaram os móveis durante o segundo semestre letivo de 2012 para a brinquedoteca que estava sendo criada na associação.
De acordo com Denise Xavier, coordenadora do projeto, a preocupação no desenho de móveis para qualquer grupo infantil é desenvolver a autonomia, mas a necessidade é ainda maior no caso das crianças com deficiência intelectual. “O importante é tentar fazer com que a criança se coloque como um agente, capaz de manipular o que tem ao redor dela”, resume. Além disso, os móveis bem desenhados podem ajudar na interação delas. “Se essas crianças sentem-se mais seguras e autônomas, resgatam a possibilidade de interação de igual para igual com as outras”, explica.
Mas os móveis de MDF pintados com esmalte não têm só uma aparência divertida: eles também ganharam função pedagógica. O design de cada peça enfatizou uma característica do trabalho de um artista plástico brasileiro. O nicho de leitura, por exemplo, faz menção às ondulações dos quadros de Tomie Ohtake. Assim, espera-se ensinar as crianças a perceber melhor as formas, cores e texturas dos objetos.
Além de estimularem os sentidos, os móveis são, obviamente, acessíveis. É o caso do Kit Quadro, cuja lousa é inclinada, fazendo com que rabiscar fique mais fácil para quem está sentado numa cadeira de rodas. Outro exemplo é o display, dimensionado para que os menorzinhos não façam muito esforço para pegar os livros. A ideia é que os meninos e meninas sintam-se mais autoconfiante, à medida que dependem menos da ajuda de outras pessoas para realizar suas pequenas tarefas.
Conheça melhor os móveis – e os artistas que os inspiraram – na galeria abaixo.
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Nicho de leitura. Esse móvel foi criado pelos alunos Ana Cristina Bernardo; Bruna Coki; Barbara Ferreira; Taís Ossani e Tildchen Moussa.
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Nicho de leitura. O design do móvel enfatiza seu formato circular. A peça foi inspirada na obra do paisagista e artista plástico Burle Marx.
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Esboço para o Jardim do Ministério da Educação e Saúde, De Burle Marx. Construído no Rio de Janeiro em 1947, o edifício é chamado hoje de Palácio Capanema.
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Baú / Display. A obra de Tomie Othake inspirou o móvel criado pelos estudantes Adria Maia, Adriano Reis, André Felix, Diane Dourado, Larissa Oliveira, Rodrigo Oliveria e Viviane Baliutis.
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Composição em Amarelo, óleo sobre tela criado por Tomie Ohtake em 1966. A obra mede 135 x 100,5 cm.
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Cadeira. Crianças de duas faixas etárias diferentes podem sentar-se nesse móvel, criado pelos futuros arquitetos Adriana Bondini, Bruna Chatah, Caroline Volpe, Giovanna Mellace, Igor Kuguchi, Jessica Paiva, Mariana Godone e Renata Lima. O design ondulante foi inspirado no trabalho de Leda Catunda.
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Kenzo e Eu (126 x 126 cm). Leda Catunda fez essa colagem em 2012.
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Kit Quadro. As crianças podem escrever na lousa, brincar e guardar objetos nesse móvel desenvolvido por Caio Canton, Camila Onituka, Carolina Biselli, Francisca Lyra, Luiza Moura e Marcela Krempel. O design busca transmitir dinamismo e foi inspirado na arte do pintor, desenhista e programador visual Claudio Tozzi.
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Astronauta 5. Cláudio Tozzi fez essa serigrafia sobre papel (48,2 X 66,3 cm). A obra está no acervo do Museu de Arte Contemporânea da USP.
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Cadeira de leitura. Esse móvel inspirado no trabalho de Dionísio Del Santo trabalha o contraste. Design dos graduandos Ana Paula Fernandes, Geysa Trevizani, Marina Denizo, Marina Marques e Patrícia de Lima.
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Figura Adormecida, serigrafia sobre papel criada em 1970 por Dionísio Del Santo. A peça de 39,5 x 57 pertence ao acervo do Governo do Estado do Espírito Santo.
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Display/ Estante, criado por Andréia Moura, Andressa Mendes, Leandro Kassuga, Maria Aline Siqueira; Priscila De Martini e Stephanie Albano. O design desse móvel trabalha o conceito de intervalo. A peça faz menção às obras de Emanuel de Araújo.
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Escultura para parede criada em madeira por Emanuel Araújo em 1981 (cerca de 75 x 23 x 110 cm).
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Mesa de grupo. A arte de Renina Katz inspirou esse móvel, que trabalha a linearidade. Criação dos estudantes Danielle Geraso, Giovanna Rozenti; Giovanni Grigio; Jaqueline Rodrigues; Livia Cabral; Maria Angélica Damico; Nathalia Marucci.
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Retirantes. Essa xilogravura em papel mede 23 x 29 cm. Criada pela artista plástica Renina Katz, pertence à coleção da Biblioteca Guita e José Mindlin.
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Arquibancada. O trabalho de Waldemar Cordeiro inspira o móvel dos alunos Ana Claudia Massinelli; Camila Gimenes; Carolina Rosin; Erika de Souza; Lais Paulinia e Luciana Nishimura. As camadas coloridas desse banco procuram expressar ritmo.
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Movimento, 1951. Waldemar Cordeiro fez essa têmpera sobre tela, medindo 90,1 x 95,3 cm e atualmente no Museu de Arte Contemporânea da USP.