Jardim sem flores da CASACOR SP aposta em espécies com folhagens marcantes
O Jardim da Alameda, projeto de Catê Poli e João Jadão para a CASACOR São Paulo 2025, tem os volumes das folhas como protagonistas.

Entre dois prédios históricos do Museu Geológico do Parque Água Branca, onde as estruturas carregam memórias e o tempo desenha suas marcas, nasce um espaço que busca trazer mais valor ao simples ato de viver o presente. É o Jardim da Alameda, projeto de paisagismo assinado por Catê Poli e João Jadão para a CASACOR São Paulo 2025.

Instalado com a leveza que se completa com a cena do parque onde estão inúmeras espécies de plantas e árvores centenárias da Mata Atlântica, o Jardim da Alameda é desmontável, transportável e adaptável. Plantas, floreiras, vasos, luminárias e mobiliário serão 100% reaproveitados após o fim da mostra. “Seguimos as premissas de respeitar a estrutura do local e fomos muito felizes em termos próximos ao nosso projeto a cena tropical do acervo natural que já existe por lá”, ressalta João Jadão.

Na imersão que os profissionais realizaram a partir do tema da edição desse ano – Semear Sonhos –, ambos se aprofundaram no sonho de preservação, restauro e valorização dos espaços históricos com intervenções paisagísticas para uso da população. Um desejo de termos espaços públicos melhores e uma cidade mais verde para todos.

“Pensamos em um jardim relativamente simples, com caráter de praça, sem muitos adornos, com poucos elementos, mas todos com sua força e imponência. Pode existir beleza na simplicidade e no respeito ao patrimônio histórico”, concluem juntos.
Plantas
A estrela desse pequeno oásis urbano é o Cambucá, árvore brasileira nativa que produz seu fruto de sabor exótico e de sabor adocicado, com quatro exemplares de grande porte que se juntam a exemplares de Jabuticaba Sabará, a mais tradicional das jabuticabeiras, aclamada por seu doce ‘ouro negro’.

Ao redor delas, uma constelação de folhagens, em vasos de diferentes diâmetros e alturas, sustenta a harmonia do conjunto idealizada pela dupla: Filodendro Ondulado, Ciclanto, Maranta Charuto, Areca Triandra, Dracena Arbórea, Helicônia Bihai, Palmeira Fênix, Guaimbê e Liriope verde. Cada tipo, com sua forma e textura, traduz a intenção de preencher os vazios sem sufocar o espaço, entregando um volume exuberante. “Privilegiamos uma distribuição que ressaltou as formas onduladas, as folhas largas e as nuances do verde em equilíbrio”, verbaliza Catê.

O pensamento conduzido por Catê e João para a definição das espécies é alinhado com o meio ambiente e a ecologia: priorizar o uso de plantas nativas. Entretanto, o jardim acolheu algumas plantas exóticas não invasoras que chegaram para complementar o grupo de arbustos e folhagens tropicais. “Nosso objetivo foi alcançar a essência de um jardim, trazer convivência, diversidade e equilíbrio”, analisa João.
Com verde intenso e sem flores

Com cerca de 30 vasos (Organne) e 30 floreiras de aço galvanizado com pintura eletrostática (Firgal) reciclados e organizados com rigor intuitivo, os paisagistas projetaram um espaço onde o verde é absoluto. Nada de flores, perfumes ou cores gritantes. O protagonismo é do tom sobre tom e da luz que recorta as folhas ao entardecer.
As espécies foram selecionadas por volume, tonalidade e características físicas que se alinham à suave ventilação e baixa incidência do sol – em especial, no período do outono e inverno, quando chega o acontecer na CASACOR São Paulo. “As espécies vegetais respeitam essas características, mas demandam espaço por serem plantas tropicais volumosas”, revela Catê.
Ambiente de estar

A vida pede movimento e períodos de pausa e, para tanto, a composição do Jardim da Alameda se evidencia como esse suspiro necessário entre compromissos e rotinas. Não à toa, se posiciona entre os dois edifícios da mostra e entre um café e um restaurante, abarcando o desejo de quem chega e o prazer de quem fica.
Para permitir a permanência do estar e o relaxamento de cada visitante, o ambiente reúne poltronas e chaises (Hio Decor), verdadeiras esculturas orgânicas, feitas de espuma maciça e tecidos outdoor de última geração, que se moldam ao corpo de quem chega ao jardim a fim de relaxar, ouvir o cantar dos pássaros ou, simplesmente, apreciar o céu.

À noite, o jardim, que tem projeto luminotécnico de Carlos Fortes, se reinventa para ter seu uso completo. A iluminação discreta e delicada conta com luminárias lineares de piso para as fachadas (Interlight), luminárias com foco direcionado fixadas nos troncos das árvores, e alguns espetos nos vasos de arbustos e folhagens. Estratégica, a luz indireta realça texturas e convida ao recolhimento no lugar que respira com a cidade, mas em outro ritmo.