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Madeira de demolição: como usar? De onde vem? Como manter?

O sucesso da madeira de demolição está na qualidade e no apelo ecológico do reúso. Se ainda restam dúvidas sobre o material, confira as respostas aqui

Por Por Deborah Apsan (visual) e Giuliana Capello (texto)
Atualizado em 20 dez 2016, 21h36 - Publicado em 7 mar 2014, 19h33
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Já sabemos: madeira legal é aquela que tem, no mínimo, o Documento de Origem Florestal (DOF), emitido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O atestado dá ao consumidor a garantia de que o produto não resulta do corte descontrolado de árvores. Nos últimos anos, com o crescimento da procura por materiais de baixo impacto ambiental, surgiram selos que oferecem mais pistas sobre o caminho dessa matéria-prima até nossa casa. Mas e no caso das peças de demolição? Como saber de onde vieram? “A procedência é duvidosa, pois não existe um sistema de certificação para elas. O Ibama não exige qualquer tipo de cadastro”, afirma Marcio Nahuz, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). Por isso, como ele indica, deve-se escolher um fornecedor sério, com boa reputação. Nesse sentido, algumas informações prévias importam: o IPT considera madeira de demolição aquela que compôs a estrutura de algum edifício (servindo de viga, caibro, ripa ou assoalho) que tenha sido simplesmente desmontada. Grande parte dessas situações ocorre hoje no Sul do Brasil. “Muitas casas e galpões de antigas fazendas de café no Paraná e em Santa Catarina estão sendo derrubadas para dar lugar ao plantio de álcool e soja”, conta Marcílio Marques, diretor comercial da Vitrine, loja que incluiu a peroba e a canela (as mais comuns) em seu catálogo. “Até a década de 60, usavam-se menos espécies na construção civil, o que explica a pouca variedade hoje”, complementa Marcio Nahuz, somando ao seleto grupo o ipê e a aroeira. E quanto à autenticidade? “Um jeito de checá-la: pedir à fábrica para visitar o estoque e observar o estado original das tábuas. Elas chegam com pregos, vestígios de tinta e marcas”, sugere Sérgio Fuzaro, proprietário da Ouro Velho, uma das pioneiras na comercialização. Questionar a procedência e pedir documentos (fotos e atestados da demolidora, entre outros) também ajudam. “Vale ainda confirmar se a marca permite ao cliente acompanhar algumas etapas de transformação do material”, completa Sérgio. Isso evitaria o engano de adquirir exemplares trabalhados para parecerem antigos. Empresas interessadas em aumentar a credibilidade e conquistar um diferencial nesse mercado podem recorrer à certificação voluntária do Conselho de Manejo Florestal (FSC). “Quem já tem o selo ou trabalha exclusivamente com madeira de demolição passa por uma auditoria e inclui uma certificação específica para materiais recuperados, mais comum entre as indústrias de papel e papelão”, afirma Guilherme Stucchi, do Imafora, uma das principais certificadoras do país. Com o aumento da demanda e a redução dos estoques, o consumidor já sente a alta nos preços. “Essa matéria-prima dá trabalho, pois precisa ser beneficiada até virar tábuas com largura e espessura padronizadas, além de ser de ótima qualidade e naturalmente resistente a cupins e brocas”, justifica Jessé Lopes, gerente da Aroeira. Para reduzir o desperdício, muitas empresas vendem as réguas em larguras variadas. “Dá um efeito ainda mais rústico e interessante”, afirma a arquiteta Marta Sá Oliveira.Vire a página e leia mais opiniões e recomendações de quem entende do assunto.

Quanto tempo em média dura a madeira de demolição?

“É difícil dizer porque são peças de excelente qualidade e naturalmente longevas – desde que não sofram condições extremas, como a exposição ao fogo ou a um regime de molha e seca”, avalia Marcio Nahuz. A idade avançada traz ainda outra vantagem, além da beleza de veios e ranhuras. “Elas trabalham menos do que os exemplares novos depois de instalados, reduzindo problemas como rachaduras”, garante.

Como fazer a manutenção da madeira de demolição?

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“Para a madeira não apodrecer, é essencial protegê-la da umidade”, sentencia Marcio Nahuz. Há diversos tipos de ceras e vernizes. A escolha depende do local da instalação e do resultado estético pretendido (natural, fosco ou brilhante). “No piso do estar, pode-se passar só cer ade carnaúba. Mas áreas externas pedem resina com filtro solar”, recomenda Sérgio Fuzaro. Nem pense naquele pano molhado! Evite qualquer contato com a água. “Depois de varrer ou aspirar o pó, use pano levemente úmido, quase seco. A sujeira ou alguma mancha pontual saem com palha de aço, recurso que funciona muito bem nessas situações”, ensina Sérgio Fuzaro. De tempos em tempos, sempre na superfície já limpa, aplique cera ou verniz seguindo a indicação do fornecedor.

Posso usar madeira de demolição na casa toda?

Sim. Mas há um ponto importante para você ficar de olho: cruzetas, dormentes e postes de iluminação só podem ser usadas em áreas externas! “Por terem ficado expostos ao tempo, é grande a chance de estarem impregnados com creosoto, produto tóxico derivado do alcatrão, injetado sob pressão na madeira para aumentar sua durabilidade”, alerta Marcio Nahuz.

Depoimentos de quem recomenda madeira de demolição:

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“O processo de demolição é muito cuidadoso. Chamamos esta etapa de desmontagem de antigos galpões e fazendas desativados” Marcílio Marques, diretor comercial da Vitrine

“Uso esse material há anos. É bem aceito pela maioria dos clientes”. Gui Mattos, arquiteto

“Apesar de sabermos a origem de nossa matériaprima, os clientes, na verdade, ainda não perguntam muito sobre ela”. Jessé Lopes, gerente da Aroeira

“Como é muito resistente, apostei em aplicá-la até no banheiro para deixá-la envelhecer naturalmente”. Naoki Otake, arquiteto

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“Escolher um fornecedor que realmente saiba trabalhar a madeira rústica é essencial para ter um piso elegante e garantir um acabamento impecável”, Marta Sá Oliveira, arquiteta

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