Como fazer uma boa iluminação em ambientes com e sem forro de gesso
Um projeto luminotécnico depende da escolha certa das lâmpadas. Aliadas às luminárias, elas podem criar efeitos de luz que deixará seus ambientes agradáveis
É claro que as luminárias contam muitos pontos na decoração e também ajudam a criar efeitos de luz, mas, ao contrário da crença geral, elas não são as estrelas de um projeto luminotécnico. A definição mais importante se refere às lâmpadas, as verdadeiras protagonistas dessa história. A escolha correta é o primeiro passo rumo à conquista de ambientes confortáveis, com iluminação na medida. Só então chega a vez de se esbaldar entre os inúmeros spots e lustres, comprando aqueles que se adequam às lâmpadas eleitas. Para provar que o assunto não é um bicho de sete cabeças, como parece, fizemos uma reportagem com informações que vão clarear as ideias, e mostramos dois exemplos de como resolver um ambiente integrado – com e sem gesso no teto criados pelo Estúdio Carlos Fores Luz + Design.
Como iluminar ambientes com forro de gesso
O espaço é conjunto, mas não pense que a iluminação pode ser geral ou abranger mais de uma área. Cada um dos locais pede determinado tipo de luz, de acordo com o uso, portanto trate-os isoladamente.
– “A vantagem do gesso é a flexibilidade. É possível trabalhar os circuitos, fazer novos pontos de luz e sancas”, explica o arquiteto e lighting designer Carlos Fortes. Note que, na primeira sala, o forro com sanca delimita o estar e produz iluminação indireta – discreta e sem sombras marcantes. O aspecto negativo é o custo: por um projeto como este, com cerca de 15 m², a AY Gesso cobraria R$ 3 910.
– No jantar, o importante é ter uma luminária bem acima da mesa (a 60 cm do tampo), um modelo que não provoque áreas de sombra, nem ofusque quem está sentado. “O modelo mais comum é o pendente de luz direta”, ensina o especialista.
1. Pendente Aruba roomstylers (Philips), de metal escovado e tecido (0,40 x 1,50 m*). O soquete de rosca E-27 permite acoplar uma lâmpada incandescente de até 75 w, uma fluorescente compacta ou LED. Luz & Etc , R$ 246,15
2. O 225701 tem spot direcionável com moldura de alumínio (9 x 9 cm). Recebe dicroica ou AR 48, ambas de 50 w. Sobre o balcão e a TV no estar, há lâmpadas com 10 graus de angulação e, na cozinha e no corredor, de 60 graus. Labluz, R$ 32
3. Na mesa lateral vai o abajur Krin (TYG). De alumínio com pintura na cor lavanda, oferece base de rosca E-27 para uma incandescente de até 40 w, uma fluorescente compacta ou LED. Mede 14 x 50 cm. Futura Iluminação, R$ 158
4. No estar, o efeito de “lavar a parede” atrás do sofá é dado pela luminária No frame total ww (11,7 x 11,7 x 12,8 cm**), de aço dobrado, com visor de vidro temperado translúcido. Para palito bipino de 100 w. Lumini, R$ 135,86
Com ou sem forro: essas dicas valem sempre
Observe o primeiro projeto: para o efeito dirigido – quando o foco é orientado para destacar algo – sobre a bancada, há lâmpadas de 10 graus, de facho bem fechado. No corredor para os quartos, usou-se a mesma luminária, porém com lâmpada de 60 graus. “Quanto mais aberto o ângulo, mais a luz se espalha”, diz o arquiteto, que ainda sugere um abajur ao lado do estofado para dar um clima intimista.
– A cozinha pede luz geral difusa – suave e sem foco direto, gerada por um difusor, que pode ser um vidro fosco ou acrílico –, além de pontos com lâmpadas de grau fechado sobre as áreas de trabalho.
– O espaço total é enxuto e aberto. Por esse motivo, não recomenda pendentes acima do balcão, o que sobrecarregaria a decoração e atrapalharia o campo de visão.
– Em uma área integrada, a premissa é buscar a mesma linguagem visual entre as luminárias. “Use materiais idênticos nos produtos técnicos, como spots e embutidos, e varie no abajur e no pendente, peças em que é possível jogar com cores.”
– Em locais de passagem, evite as fluorescentes: apesar de econômicas, têm sua vida útil reduzida com o acender e apagar frequente.
– Uma dica para ganhar aconchego está nas lâmpadas de temperaturas de cores quentes – as de 2 700 a 3 000 kelvin (k) são mais amareladas.
1. Da canopla à base da cúpula de tecido (30 cm de diâmetro), a estrutura de aço do Allungare (ref. 60010) tem curvatura de 30 cm. É para duas lâmpadas incandescentes (60 w) ou fluorescentes (23 w) com soquete de rosca E-27. Ella, R$ 510
2. De alumínio tingido de branco, a luminária de sobrepor Box luce (ref. 50701) mede 7,6 x 7,6 x 11,2 cm e foi indicada para a cozinha e o corredor. O soquete bipino aceita halopin de 60 w ou PAR 16 (50 w). Ella, R$ 65
3. A luminária de mesa Aurora está a serviço de colorir o ambiente. Produzido em metal com pintura vermelha, o abajur de 16 x 46 cm recebe lâmpada de 60 w e possui soquete E-27. Oppa , R$ 199
4. O plafon orientável PSL 400 (11 x 11 x 11 cm), de alumínio, tem acabamento branco. É compatível com dicroica de 50 w, PAR 20, PAR 30, AR 70 e AR 111 (neste caso, previu-se a dicroica de 50 w). Luminárias Premiere, R$ 54,80
Como iluminar ambientes sem forro de gesso
Na sala, sem forro rebaixado, o ponto de luz descentralizado não causou problemas: uma luminária dotada de braço desloca a cúpula até o centro da mesa. Outra opção seria adotar um desviador – trata-se de um acessório simples, que, fixado no teto, conduz o fio do pendente até a posição correta.
– Todo conforto é necessário no estar. “Vale combinar iluminação direta – que lança a claridade para baixo – com pontual – focada em quadros e objetos”, ensina Carlos. Em ambas as situações foram previstos spots direcionáveis, porém perceba que nenhum se volta para o sofá, evitando ofuscamento e calor.
Escolha a lâmpada certa
INCANDESCENTES
Gastam muita energia e são pouco eficientes, pois apenas 5% da eletricidade que usam se torna luz – o resto vira calor. Têm os dias contados: até o fim do ano, os modelos acima de 101 w deixarão de ser vendidos. Os demais acabam até 2017.
FLUORESCENTES
Dividem-se entre compactas – que incluem um reator e encaixam nos mesmos soquetes das incandescentes – e tubulares – que precisam de reator auxiliar. consomem 80% menos energia que as incandescentes, entretanto, a maioria dos modelos emite luz fria. Têm baixo índice de reprodução de cor, de 70% a 80% (o irc indica a capacidade que a luz tem de exibir fielmente as cores). recomendadas para cômodos que exigem claridade intensa e constante, como escritórios e cozinhas.
HALÓGENAS
– Aqui estão elas: dicroica, par, ar, halopin e palito. são as que melhor reproduzem as cores, contudo gastam apenas 30% menos que as incandescentes. com luz amarelada, vão bem em salas, mas como esquentam bastante, não devem ser direcionadas para sofás e poltronas, nem usadas em muitos pontos. em quartos, se saem melhor em luminárias com efeito difusor.
– Por ser de baixa voltagem, a dicroica pede um transformador. Gera luz mais brilhante, pois tem um refletor parabólico. a PAR (sigla em português de “refletor parabólico aluminizado”), também refletora, possui um vidro que protege a lâmpada, razão para ser usada em banheiros e jardins. a AR (sigla para “refletora aluminizada”) apresenta facho bem definido e ofusca menos. Já a menor da turma, a halopin, tem potência e voltagem baixas, por isso clareia cantinhos, gastando pouca energia. A palito, ou lapiseira, joga a luz para cima.
LED
– Sigla em inglês para “diodo emissor de luz”. na verdade, não é uma lâmpada, mas ilumina. Oferece tecnologia avançada, até 50 anos de vida útil (dependendo da qualidade), economia (gasta 80% menos que as incandescentes) e boa luminosidade. aquece pouco, tem irc de 85% e é encontrado em tonalidades e formatos variados (de dicroica, por exemplo). combina com qualquer ambiente. O ponto fraco está no preço, ainda alto, todavia com tendência a cair.
Consultoria: Laboratório de Fotometria Iee/Usp, Engenheiro José Gil Oliveira