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Um refúgio econômico e ecológico na praia

Baixo custo, materiais leves e respeito à natureza nortearam o projeto desta casa no litoral paulista.

Por Reportagem: Eliana Medina (visual) e Joana L. Baracuhy (texto) | Fotos: Luis Gomes | Design: Rebeca Simone
Atualizado em 21 dez 2016, 00h50 - Publicado em 13 fev 2012, 11h00

Economia Era essencial para viabilizar a casa de praia dos irmãos Fernando e Alexandre Freire na praia do Bonete, um lugarejo isolado de Ilhabela, SP. Por isso, eles chamaram o amigo e arquiteto Pedro Saito (então iniciante) para ajudá-los a trocar a hospedagem em pousadas por algo definitivo. Mal tinham o dinheiro para começar, motivo pelo qual planejaram uma empreitada de longo prazo. “Em três anos de obra gastamos R$ 150 mil”, conta Fernando. Surfistas amadores habituados a estadas sem luxos, eles não tiveram dificuldade em optar por uma solução de grande simplicidade.

O transporte se mostrou fundamental na definição do projeto, uma vez eleito o lote num platô a 200 m do mar. “Os materiais vinham de São Paulo ou de São Sebastião, chegavam à ilha de traineira, seguiam à praia de canoa e depois eram carregados em três etapas até o terreno. Diante desse trabalhão, optamos por sistemas e peças fáceis de levar”, diz o arquiteto sobre o fato de ter erguido apenas a fundação e as bancadas com concreto e alvenaria. Em todo o restante, ele usou armação de madeira, telhas leves, além de painéis prontos e manta isolante nas paredes. Para cuidar da obra, Fernando chegou a morar na vila, trabalhando a distância por três anos, período em que literalmente colocou a mão na massa e aprendeu como funciona cada item da casa. “No futuro isso será valioso: ele mesmo poderá fazer a manutenção”, avalia Pedro.

A sustentabilidade permeou várias escolhas dos irmãos Freire, que chegaram a pintar a casa de verde numa tentativa de mimetizar a paisagem – mas o arquiteto não aprovou o resultado e a construção voltou ao branco. Nem por isso eles desistiram. Cientes de que erguer a estrutura com madeira certificada e eleger telhas de material reciclado eram gestos valiosos, mas limitados, os proprietários iniciaram um programa de reflorestamento com espécies nativas no lote. “Seguimos princípios de mínimo impacto também no que diz respeito ao esgoto, tratado num canteiro biosséptico [em que plantas favorecem a decomposição dos resíduos]. E, claro, sempre respeitamos os moradores locais”, diz Fernando, que, enquanto viveu no Bonete, promoveu melhorias na vila ao obter internet via satélite para todos. Hoje, o lugar tem wi-fi de graça até na praia.

 

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