Um refúgio de pau-a-pique
Além de reduzir o transporte de materiais pesados à obra, a opção por paredes de terra contribuiu para o visual de casa caipira, pensada para acolher a família grande nos fins de semana.


Uma estrada de terra – com subidas íngremes, pontes precárias, barrancos e trechos estreitos – separa o asfalto deste terreno no alto do morro. Locais assim seduzem pelo isolamento e pela vista panorâmica, mas dificultam a logística da obra. “Por isso optei por paredes de terra, que pouparam a vinda de muitos caminhões de material de construção”, diz o arquiteto José Ricardo de Carvalho, de São Paulo, que nunca havia utilizado esse método. Ele mostra foto e explica a obra aqui.
A decisão de economizar viagens para a entrega de material revelou-se acertada. “Um fornecedor de areia brigou comigo porque bateu o caminhão num barranco”, lembra José Ricardo, que ia à obra toda semana. Mas o pau-a-pique, como qualquer outro método construtivo, requer uma equipe familiarizada com a técnica. “Visitei uma casa na região que também utilizou paredes de terra e pedi referências do mestre-de-obras”, conta. Assim entrou em cena Zé Bila, que trabalhou na construção com mais duas pessoas. José Ricardo, ex-professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), não perdeu a oportunidade de treinar e aperfeiçoar a equipe. “Tivemos muitos problemas com os prumos. Eu insistia para que eles medissem e refizessem até acertar”, diz o arquiteto, que chegou a mostrar, a título de inspiração, fotos das famosas paredes de pedra do arquiteto americano Frank Lloyd Wright. “Zé Bila ficou impressionado e fez bem os trechos de pedra da fachada. Mas, para algumas paredes internas, usamos blocos de concreto mesmo.”
Para entender o pau-a-pique