Tamboré: expansão em meio ao verde
Atraídos por natureza e segurança, muitos paulistanos procuram casas e apartamentos em condomínios à beira das rodovia Castelo Branco, na região de Barueri e de Santana de Parnaíba

O conjunto de condomínios Tamboré começou a se verticalizar no início dos 2000 – tal o famoso vizinho Alphaville. Hoje, ao longo da avenida Marcos Penteado Ulhôa, há dez condomínios de casas e várias torres de apartamentos, ambos com infra-estrutura de clubes. A expansão é visível. Recentemente, a Fernandez Mera lançou o Tamboré 11, primeiro empreendimento na avenida Onório Penteado, com 400 lotes de 500m2. “O crescimento é de 20% ao ano”, afirma Gonzalo Fernandez, vice-presidente da construtora. Além do acesso facilitado pelas marginais da Castelo Branco e pelo Rodoanel, a proximidade da Reserva Biológica Tamboré, uma área verde de 3,6 milhões de m², explica a valorização. Mas atenção: o governo federal detém 17% desse território. Por isso, os moradores pagam à União foro (taxa anual equivalente a 0,6% do imóvel) e laudêmio (5% do valor, na compra e venda). Ou então abrem processo para obter posse do terreno no Departamento do Patrimônio da União do Estado de São Paulo. O pagamento de pedágio na Castelo Branco é outro ponto que atinge em cheio o bolso de quem mora na região. A história de Tamboré nasce de uma sesmaria doada pela rainha de Portugal aos indígenas dos arredores de São Paulo em 1580. Parte dela foi cedida por eles em 1739, conferindo ao conde paulista Francisco Rodrigues Penteado o direito de posse da terra. De olho na região após a chegada da rodovia Castelo Branco, a Construtora Albuquerque, Takaoka adquiriu um quinhão e implantou Alphaville na década de 1970. Tempos depois, os herdeiros de Penteado lançaram o Tamboré 1. “Nós nos inspiramos nas edge cities americanas”, conta Fábio Penteado de Ulhôa Rodrigues, diretor superintendente da Tamboré S/A, referindo-se ao conceito de cidades às margens dos centros urbanos e de vida própria. Com projeto urbanístico do arquiteto paranaense Jaime Lerner, a área tornou-se opção para paulistanos em busca de qualidade de vida. Auro Moreno Romero, geógrafo e autor da tese de mestrado Alphaville: Ilusão do Paraíso (USP/1998), critica: “Não há interesse em reurbanizar o centro de São Paulo se aumentam projetos para desenvolver áreas periféricas ricas”. A duplicação da rodovia em 2001 e a conclusão da primeira etapa do Rodoanel impulsionaram a região. “Após queda significativa nos anos 1990, essa área é uma das que apresenta o maior número de lançamentos de toda a região metropolitana de São Paulo”, diz Luiz Paulo Pompéia, Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio (Embraesp).
Positivos
Segurança
Áreas verdes
Tranqüilidade
Negativos
Faltam opções culturais e de lazer
Transporte coletivo precário
Distância de São Paulo
“Curto a tranqüilidade de deixar o carro aberto”
Há mais de dez anos morando em condomínio horizontal, a paisagista Sandra Silva Simões viu a região crescer. “Antes tínhamos mais verde e menos trânsito, mas hoje temos serviços perto”, conta ela, que passou por Alphaville 0 antes de se refugiar no Tamboré 2. “Atualmente, ninguém está imune a problemas urbanos como a violência, mas largo o carro destrancado na garagem e vou à padaria sem ser abordada. Temos pedintes, pois o entorno é carente, mas nada que assuste.”
“Aqui as crianças podem brincar na rua” Ao se descobrir grávida dos gêmeos Heitor e Bruno, irmãos de Mariana, a analista de sistemas Ana Paula Cupello Colonese decidiu que era hora de se mudar para uma casa. “Procuramos em São Paulo, porém sempre esbarrávamos na falta de segurança”, conta ela, casada com um engenheiro agrônomo e, hoje, mãe também de Mariana. Encontrou pouso no Tamboré 5. “As casas geminadas comprometem a privacidade, mas em contrapartida aproveitamos a área de lazer comunitária.”
Um passeio pelas calmas e assépticas ruas dos residenciais revela padrões diferenciados de moradia – de famílias abastadas à classe média que trabalha nos arredores. “Boa parte dos moradores são casais paulistanos entre 35 e 45 anos com crianças de até 12 anos”, define o comerciante Carlos Alberto Khatchikian. Afinal, reza a lenda que basta os filhos chegarem à adolescência para logo tratar de convencer os pais a voltarem para o burburinho de São Paulo. “A vida noturna é fraca, mas já temos variedade de restaurantes e opções de lazer nos arredores”, diz a arquiteta Melissa Corbett.