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Pórticos de concreto unidos por passarela definem casa em SP

Um intrincado jogo de planos de concreto desenha esta casa, acomodada num terreno inclinado. Moldadas com cimento, paredes e lajes são simultaneamente a estrutura e a pele da construção

Por Por Deborah Apsan (visual) e Joana L. Baracuhy (texto) | Projeto Apiacás Arquitetos e Brito Antunes Arquitetura | Fotos Pedro Kok
Atualizado em 14 dez 2016, 12h40 - Publicado em 18 dez 2013, 19h25

Quando a armação de concreto ficou pronta, representando praticamente 80% da obra concluída, arquitetos e cliente se animaram. Num projeto em que a estrutura equivale a pisos, tetos e paredes, vencer uma etapa aparentemente básica era sinônimo de notável avanço. “Está ótimo!”, celebravam os envolvidos (com uma sincera pitada de alívio) diante do arcabouço sólido que não aceitava retoques. Logo depois, notaram a surpresa causada pela presença da construção tão original no condomínio, nos arredores de São Paulo, repleto de moradias com referências aos estilos colonial americano e neoclássico. “Os pedreiros diziam, em tom de brincadeira, que tinham erguido o 14 Bis”, diverte-se Anderson Freitas, um dos autores do projeto, ciente de sua pequena travessura. A comparação com o avião de Santos Dumont dá pistas do grau de liberdade com que o projeto foi desenvolvido. O cliente buscou o profissional paulista encantado pela linguagem que vira no sobrado assinado por Anderson e sua mulher, a também arquiteta Juliana Antunes (a residência foi capa de ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO em março de 2010). O terreno íngreme sugeria dois caminhos possíveis: reconstituir o solo aproveitável (escasso no declive de 9 m) por meio de uma extensa edificação suspensa no lote ou aproximar a morada da terra, com efeito mais natural de continuidade. Esta foi a alternativa escolhida, viabilizada com um jogo intrincado de cheios e vazios, abertos e fechados, subidas e descidas. “A casa se resume a dois pórticos paralelos, cortados por um volume retangular”, sintetiza Anderson. “O acesso entre as partes acontece em percursos internos e uma passarela”, continua. A solução construtiva surgiu com ainda mais naturalidade. Meio pele, meio esqueleto, as paredes e lajes de concreto armado combinavam perfeitamente com os planos tanto do ponto de vista técnico quanto estético. “Nossa intenção era valorizar os espaços usando o mínimo de revestimentos”, diz o arquiteto sobre a decisão de manter todas as superfícies cimentadas à vista. Foi fundamental a tranquilidade da equipe diante de um método que empregava sucessivas rodadas de fôrmas e concretagem. “Mesmo assim, as primeiras fiadas saíram imperfeitas. Demoramos a acertar com a mão de obra”, revela Anderson, acostumado a projetar e executar seus trabalhos. No decorrer dos 12 meses de empreitada, as marcas das emendas no cimento passaram a ser apreciadas, e esquadrias e acabamentos finalizaram com delicadeza a casa. Os arquitetos foram até convidados a realizar outro projeto ali por perto. Sinal de que o estranhamento inicial, enfim, havia se convertido em admiração.

 

Descida variada e escalonada

A sobreposição inteligente dos eixos acomoda os ambientes em níveis e meio níveis, propõe ligações originais entre eles e organiza as áreas sociais, de lazer e íntima.

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Paralelos, mas nem tanto. O mais externo dos pórticos termina numa diagonal, evitando a rigidez das linhas do projeto.

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Encontros. O bloco longitudinal abriga quartos, sala de tV e lavanderia. Fica conectado à garagem e se abre ao pátio. Sua cobertura define o nível do estar e se estende numa passarela até a rua. Desencontros. Com aberturas nas duas laterais, a obra se vale de boa ventilação cruzada. A insolação fica sob controle nos quartos.

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Sombra, não. A maior parte da piscina, voltada para o norte, desfruta de sol, apesar de a suíte principal se projetar em balanço (sem o apoio de pilares) sobre parte dela.

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Vista, sim. Pouca coisa (4 m) acima do patamar mais baixo do lote, a sala de descanso da sauna oferece uma bela panorâmica.

 

Área: 350 m²; Coautores do projeto: Acácia Furuya, Cristina de Brito e Pedro Barros; Colaboradores do projeto: Cibele Mion, Francisco Veloso, Otávio Filho, Pedro Paredes e Yuri Faustinoni; Construção: Apiacás Arquitetos; Projetos elétrico e hidráulico: WMT Engenharia; Fundação, estrutura de concreto e armação metálica: Gepro Engenharia; Impermeabilização: Bautech; Luminotécnica: Reka.

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