Painéis de vidro e estrutura metálica unem casa à natureza

Esta casa no interior paulista tira partido da estrutura metálica e de grandes painéis de vidro. Presentes até em vigas e pilares, cores fortes arrematam o resultado

Por Por Danilo Costa (texto) e Deborah Apsan (visual) Projeto Bernardo Telles | Fotos Eduardo Pozella
Atualizado em 19 jan 2017, 15h51 - Publicado em 11 set 2013, 21h43
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Ele se gaba mesmo. “A vista é espetacular. Nos ambientes mais altos, minha mulher e eu gostamos de apreciar a floresta, uma área de reserva ambiental nos fundos do terreno”, fala o dono desta casa no interior de São Paulo. “Quando alguém nos visita pela primeira vez, adivinha por onde começamos o tour?”, brinca.

 

O privilégio de ter a natureza aos pés não foi obra do acaso. Multiplicamos o uso do vidro e, para conseguir vãos livres generosos, elegemos a estrutura metálica”, explica o arquiteto Bernardo Telles, de Campinas, SP, convidado para tocar o projeto e a execução. O sistema construtivo permitiu criar grandes trechos quase sem apoios, como os dois ateliês que parecem flutuar sobre a piscina, e agilizou a empreitada: em sete meses, toda a armação metálica ficou pronta. “Essa opção custa um pouco mais caro que o concreto armado. Até 20%, aproximadamente. Em contrapartida, você ganha com a racionalização das etapas, além de evitar o desperdício de material”, completa o arquiteto. Nos trechos onde era crucial reduzir o peso sobre os perfis de metal, o fechamento leva placas cimentícias, e as paredes são de drywall. O resto da casa empregou os tradicionais blocos de concreto. Inteligência construtiva à parte, este projeto também pode se gabar de uma implantação bem pensada. Sem a necessidade de uma terraplanagem radical, a construção se organiza em três patamares e vence os 7 m de declive. “A ideia era evitar grandes diferenças de nível ao longo do lote”, argumenta Bernardo. Aberta para os fundos e uma das laterais, a morada aproveita a face norte e é iluminada pelo sol o dia todo. Por isso, os quartos, alocados no piso superior, ajudam a fazer sombra. Já a lateral cega, com parede de blocos de concreto aparente e sem janelas, fica voltada para a face sudoeste. “Ela serve de proteção contra os ventos e as chuvas mais fortes”, complementa. Na distribuição da planta, o térreo, no mesmo nível da rua, concentrou a garagem, o hall de entrada e a lavanderia. Atendendo ao pedido dos moradores, nada de escadas para descer até os pavimentos inferiores, onde estão as áreas de convívio, ou subir até a ala íntima, que reúne, com privacidade, os quartos e os ateliês do casal. “O percurso acontece por rampas. Sempre gostei desse tipo de circulação, que me faz lembrar os lugares públicos”, diz o proprietário. Formado em administração e atualmente estudante de jornalismo, ele também já cursou dois anos de arquitetura. Fã de tudo que é inovador, não foi difícil para ele aceitar as propostas ousadas do arquiteto – e contribuir com elas, como aconteceu na escolha da incomum paleta de cores. “Elas quebram o cinza dos outros materiais. O amarelo e o roxo trazem alegria e felicidade. Exatamente o que temos de sobra aqui”, resume.

 

Em busca da luminosidade

Ensolarada, a casa se vale da distribuição dos ambientes para tirar o melhor proveito da luz e do calor em todas as estações do ano.

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Lá vem o sol: no verão, ele nasce à esquerda do lote e percorre toda a construção até chegar à rua, onde se põe. As suítes do piso superior, todas com varanda em balanço, ajudam a sombrear a ala social. No inverno, o caminho do sol acontece na outra lateral do terreno.

 

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Área: 525 m²; Projeto de fundações, instalações elétricas e hidráulicas: WGA Engenharia; Projeto de estrutura metálIca: Maurício Dario; Estrutura metálIca: Dalmo Branco Júnior; Perfis metálicos: Gerdau; Construção: BCS Construtora 

 

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Barreira contra o calor: vista deste lado, a morada exibe o paredão de blocos de concreto que veda a face sudoeste, mais exposta ao sol da tarde no verão. Um corredor lateral foi criado no recuo obrigatório de 1,50 m da construção vizinha.

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Sempre fresca e ventilada

A abertura no teto favorece a circulação de ar e ainda amplia a entrada de luz natural.

 

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Para garantir ambientes agradáveis, o arquiteto bolou um rasgo de 40 cm de largura na cobertura, que une laje e telhas metálicas. Pensado como um ponto de ventilação, esse vão contribui para a exaustão do ar quente formado dentro da residência nos dias mais abafados. Também faz com que o sol se espalhe no interior da casa por meio de iluminação indireta no verão e direta no inverno. “Dessa maneira, a luz zenital contribui para o equilíbrio térmico dos ambientes durante o ano todo”, explica Bernardo.

 

 

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