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O imóvel antiquado transformou-se em uma casa contemporânea

Três personagens e um cenário: um arquiteto, um casal e este oásis urbano nascido de uma reforma radical. Nas legendas da galeria de fotos, você descobre como o arquiteto Arthur Casas orquestrou este projeto de 376 m²

Por Por Deborah Apsan e Rosele Martins Fotos: Salvador Cordaro
Atualizado em 19 jan 2017, 13h29 - Publicado em 28 Maio 2010, 01h40

A primeira conversa decepcionou os clientes. “Recusei a encomenda. Não costumo fazer reformas”, conta Arthur Casas, enquanto rabisca uma planta baixa ao som da cantora paulistana Maria Gadú. Detalhista e nada preocupado em seguir tendências, ele ainda desenha a mão “alguém precisa manter aberta a fábrica de pranchetas”, diz, brincando, sempre acompanhado de música. E foi com o CD player ligado que, convencido pelos moradores, mudou de ideia e planejou a transformação do imóvel antiquado em uma casa contemporânea. “Entendi a necessidade de não derrubar a construção anterior. Erguer tudo do zero obrigaria a seguir novas medidas de recuos, mais restritivas”, afirma. Por isso, ele aproveitou a estrutura existente, mas mudou-a completamente apenas a laje entre os dois andares originais permaneceu onde estava. No restante, imprimiu seu estilo, no qual a analogia com o pai da bossa nova vai além da similaridade entre um trabalho e outro: na arquitetura de Arthur Casas, como na música de João Gilberto, nada grita nem sai do tom.

O nome Arthur Casas intimidou os proprietários no princípio. “Pensamos que um projeto com essa grife jamais estaria ao nosso alcance”, diz o advogado paulista. Mas, depois de conhecer um apartamento planejado por Arthur e se encantar com os ambientes fluidos, ficou difícil eleger outro profissional para tocar a obra. “Não éramos ligados em arquitetura, não havia o desejo pela assinatura. Ao visitar aquele imóvel, no entanto, percebemos sua capacidade de planejar exatamente o tipo de espaço que nos atrai”, lembra a proprietária. Razão pela qual o casal vibrou quando o arquiteto resolveu aceitar o trabalho e conferir novos ares à construção havia anos abandonada. “Recebemos esta casa em uma permuta e não nos interessamos. Depois de muito tempo alugada, ela ficou disponível. Só então notamos seu potencial”, conta a moradora. Seis meses após a mudança para o endereço atual, o marido, a mulher e as filhas comemoram a decisão diariamente. “Até atividades corriqueiras, como tomar banho, são mais prazerosas aqui”, diz a moça.

Um pouco antes de iniciar a quebradeira, o morador entrou na casa de um vizinho e ficou eufórico: a vista de uma densa área verde o fez sentir-se longe da metrópole. “Eu nem parecia estar na cidade, quanto mais em um bairro movimentado como este”, afirma. Entusiasmado com o cenário, pediu a inclusão da vista no projeto, e foi prontamente atendido ” Arthur recortou parte da laje entre os dois pavimentos existentes, garantindo claridade ao subsolo, e rasgou a parede dos fundos de cima a baixo, onde encaixou esquadrias envidraçadas. Esses janelões contribuíram para a obtenção de leveza e transparência, qualidades presentes também no terceiro andar, construído para receber as suítes. Lembrado em detalhes pelos moradores, o episódio ilustra a dedicação da família à empreitada se inicialmente arquitetura não era uma área de interesse, durante a reforma tornou-se foco de todas as atenções. “Visitei a obra diariamente e participei de cada decisão. Por isso a casa ficou tão gostosa. Tem a assinatura do Arthur, mas a nossa cara”, resume o dono.

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