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Network: como arquitetos e engenheiros podem formar parceria à distância

A combinação do trabalho de profissionais de cidades e até de estados diferentes rende bons projetos. Saiba como.

Por Por Cristiane Komesu
Atualizado em 14 dez 2016, 12h16 - Publicado em 20 ago 2009, 21h00

Os grandes arquitetos do mundo hoje são aqueles que conseguem parcerias internacionais para tocar seus projetos. Estamos falando de nomes como Ma Yansong, Dermot Sweeny e o pritzker Peter Zumthor. Se você achou que essas referências são elitistas demais, pensemos, então, no nosso mineiro Gustavo Penna, que conduz, à distância, projetos em Angola. Esses exemplos mostram, pelo menos, uma coisa: treinar as parcerias à distância, ainda que seja de uma cidade a outra, pode ser útil no futuro. Ou no presente. Abaixo, as orientações para ter sucesso nessa empreitada:

Por que fazer uma parceria à distância?

 

Primeiro, porque é uma opção que viabiliza economicamente a realização de projetos fora da sua cidade. Mas há outras razões que podem estimular você a procurar essas parcerias.

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a) Parcerias ampliam a rede de trabalho. Quanto mais gente conhece sua maneira de trabalhar, maiores as chances de você conseguir ofertas de serviço. Assim acontece com Olga Ferrarin, projetista há mais de trinta anos. Ela conheceu Edner Tortella, de Descalvado, cidade a 45 quilômetros da sua, por meio de indicação de outros colegas com quem já havia trabalhado. Hoje, eles formam uma sociedade informal que já dura cinco anos.

 

b) Parcerias ampliam seu horizonte cultural. Com elas, você romperá preconceitos e ficará atento para outras formas de ver o mundo. “Revi minha maneira de encarar o Norte do país ao participar de um projeto multidisciplinar em Brasília e conhecer uma equipe de construção do Pará. Gostei da atitude de empenho deles e acho que isso vem da cultura, do contexto de vida típico daquela região”, aponta a arquiteta Filomena Colevate, de Souzas, distrito de Campinas.

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c) Parcerias resultam em serviços de maior qualidade. Se você mora na capital de São Paulo, talvez não seja a melhor pessoa para avaliar como um determinado acabamento se comporta no litoral. E se você mora no litoral paulista pode não conhecer os melhores fornecedores de peças que são facilmente encontradas na capital. Unir conhecimentos é o que leva a arquiteta Marí Aní Oglouyan, da Oglouyan Associados, de São Paulo, a trabalhar com o arquiteto Carlos Pardal, do Guarujá, na realização de um projeto residencial na cidade litorânea. Autor do projeto, Carlos é responsável pela coordenação das obras, enquanto Marí Aní elaborou a parte referente aos revestimentos e à decoração

Como encontrar a parceria ideal?

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Por meio de muita pesquisa. Se você precisa de parceiros em uma cidade, para, por exemplo, tocar uma obra, e não há indicação de nenhum nome conhecido, pode começar pesquisando no CasaPRO (rede social do site Casa.com.br exclusiva para arquitetos, engenheiros, paisagistas, projetistas e designers de interiores). Vasculhe os portfólios e veja se há compatibilidade de gostos nas escolhas, nas formas, na maneira de descrever os projetos. Depois, visite também o site do profissional. Digitar o nome dele no Google também é um recurso que pode revelar informações sobre sua futura parceria. Finalmente, depois de fazer uma pré-seleção, visite suas obras e faça uma primeira reunião – a empatia vale muito em qualquer sociedade.

Como estabelecer os parâmetros da parceria?

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A parceria pode se estabelecer diretamente entre os dois profissionais ou indiretamente, quando é o cliente que contrata cada um de forma individual.

No projeto de Carlos Pardal e Marí Aní no Guarujá, não há um vínculo formal entre os dois, pois ambos são contratados pela cliente. Nesse caso, a contratante paga a cada um pela parte que lhe cabe no projeto e os dois dividem as taxas sobre os serviços contratados durante a obra. De acordo com os arquitetos, as porcentagens são negociadas item a item, mas a regra básica é que fornecedores de São Paulo são taxados por Marí Aní, enquanto fornecedores do Guarujá, por Carlos Pardal. Já em Vila Velha, no Espírito Santo, Marí Aní contratou uma dupla de arquitetas da cidade para acompanhar o projeto de personalização e decoração de um apartamento. Nessa situação, o contrato estipulava quais eram as tarefas das arquitetas fazer a fiscalização e elaborar o projeto de asbuilt e definia o número de vistas por mês e um salário fixo para cada uma. Para os serviços combinados por lá, as arquitetas recebiam uma porcentagem de 10% sobre o valor dos contratos.

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Como driblar a distância?

 

Com tecnologia. Skype, MSN, email, torpedo e muitas fotos digitais… As formas de comunicação, com custo mínimo (ou sem custo) serão suas aliadas. “Usamos muito o Skype, por ser uma solução gratuita. O uso de e-mails e até o MSN, em comunicações mais rápidas e transferências de arquivos, também foram importantes”, diz arquiteto Fernando Mendonça, de São Paulo, que tocou uma obra em Florianópolis por três meses. O fax, absolutamente fora de moda, revelou-se uma ferramenta importante para a arquiteta Filomena Colevate: “Ele é muito prático, pois não é preciso escanear imagens e gerar um arquivo. Dá para fazer desenhos à mão e passar imediatamente”, conta.

De quanto em quanto tempo é preciso ter reunião presencial?

 

Depende da dificuldade do projeto e do acordo da parceria. Em três meses de projeto no sul, por exemplo, o paulista Fernando Mendonça fez cerca de cinco viagens de avião até Santa Catarina, para acompanhar o andamento das obras de seu projeto para a Assembléia Legislativa do estado. Em outra parceria de um ano, com o arquiteto carioca Franklin Iriarte na realização da cervejaria Devassa, em São Paulo, o paulista esteve no Rio de Janeiro três vezes, enquanto o carioca voou até São Paulo pelo menos cinco vezes. Se a parceria acontece entre dois profissionais que moram mais perto, como a arquiteta Marí Aní, de São Paulo, e o arquiteto Carlos Pardal, do Guarujá, é possível fazer um cronograma de reuniões presenciais a cada semana.

Você estabeleceu parcerias com profissionais de outras cidades, estados ou países? Comente a experiência no fórum da rede CasaPRO. Depoimentos contando os principais problemas que podem (e devem) ser evitados numa parceria à distância são bem-vindos.

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