De bem com a natureza
É só o frio chegar para o dono deste refúgio em Palmas, PR, puxar a caravana. Na montanha, ele e cerca de 20 familiares decidem os passeios: trilha, cavalgada ou pescaria? Os dias são animados sob o céu azul e as noites, contemplativas
A moradia de 570 m² sem energia elétrica (mas com sistema a gás para aquecer a água) ganha a luz âmbar das velas. E mantas térmicas no interior das paredes duplas de madeira e no telhado deixam os ambientes quentinhos. Para ter esses confortos, até filhos e netos participaram dos dez meses de obra – consultando o preço do pínus certificado com o arquiteto paulista Gabriel Kalili, buscando árvores caídas na mata ou sugerindo atrativos como ofurô, fogão a lenha e sauna.
Como há 20 anos o grupo visita a região (antes se hospedando num chalé de 150 m² também de madeira e sem luz que existia no terreno), as caminhadas freqüentes na mata revelavam árvores nobres tombadas pelas tempestades. “Para minha surpresa, eles buscaram imbuias e pinheiros nessa situação para usar na nova casa”, conta o arquiteto Gabriel, que projetou a estrutura com o sócio, Fernando Freitas. Levada para uma marcenaria próxima (que atestou o bom estado), boa parte dessa madeira virou vigas, pilares ou réguas para o deck e o forro.
Acompanhe o passo-a-passo da obra
A mão-de-obra começou por desmontar o antigo chalé de 150 m² que abrigou a família por muitas temporadas (a madeira foi usada em andaimes). Enquanto isso, eles aguardavam aprovação dos órgãos ambientais para o projeto atual – que passou sem alteração.
No antigo chalé imperava o improviso, com colchonetes no chão e fila para banhos. Agora, a casa dá conforto a todos. O dono tem suíte com lareira e sacada. “É outra coisa… Mas o melhor é saber que esses momentos criam um convívio intenso com os filhos e netos.” Por isso, ele se desconecta dos compromissos da empresa, em São Paulo, a cada a15 dias para pegar a estrada (ou o aeroporto) rumo às montanhas do Paraná. E, satisfeito, conclui: “Agora sei que esse ritual sobreviverá por muitos e muitos anos”.