Construção para nosso tempo
Luz e ventilação natural, espaços com liberdade de circulação. Foi partindo das condições básicas do bem-morar que os irmãos arquitetos Lua e Pedro Nitsche chegaram ao projeto que levou o Prêmio Planeta Casa 2003
De linhas modernas, a construção utiliza sistemas pré-fabricados de baixo impacto ambiental
Arquitetos: Lua e Pedro Nitsche
Área: 126 m2
Localização: litoral norte de São Paulo
Por que é ecológico: luz e ventilação natural, madeira certificada, laje suspensa que preserva a permeabilidade do solo.
Dupla vencedora “Questões ambientais surgem naturalmente quando se pensa nas reais necessidades de uma casa”, diz a arquiteta Lua Nitsche. Por conta disso, ela e o irmão construíram, no terreno, exatamente sobre a área de uma antiga casinha. “Pedro e eu não precisamos arrancar nem uma árvore”, lembra a profissional.
Estrutura de madeira dispensa tratamento A opção por um processo construtivo rápido e racional determinou ambientes com espaços regulares, cujas dimensões resultam da modulação da estrutura. Assim, as três suítes têm o mesmo tamanho e o estar integrado à cozinha equivale a três módulos-padrão. A estrutura já chegou pronta à obra e levou cinco dias para ser montada. Detalhe: os arquitetos escolheram o jatobá por ser madeira de lei certificada e dispensar tratamento antes e após a instalação.
No piso, laje com escoamento de água Para minimizar os efeitos da umidade excessiva do litoral norte de São Paulo, local da construção, a casa foi isolada do solo por meio de uma plataforma de concreto suspensa. Composta por lajes pré-moldadas, essa etapa também foi rapidamente concluída, poupando canteiro de obras e desperdício de material. A pedra são tomé, mineral resistente, anti-derrapante e térmico, reveste a laje, que recebeu em toda sua borda uma canaleta com orifícios para escoar a água.
Entre o telhado e o forro, um bolsão de ar As altas temperaturas litorâneas exigiram cuidados extras quanto ao conforto térmico. Entre as telhas de alumínio termoacústico e o forro de MDF, por exemplo, há um espaço por onde o ar circula, evitando o acúmulo de calor e sua irradiação para os ambientes. Por esse vão passam ainda os cabos elétricos. O avanço de 1,90 m do telhado sobre a varanda permite um bom sombreamento e protege a casa da chuva. Detalhe: as telhas foram encomendadas na medida para evitar sobras.
Aberturas promovem a ventilação cruzada Dentro não há corredor de circulação: os ambientes se comunicam apenas pela varanda principal e pela passagem dos fundos. Isso possibilitou que todos os cômodos tivessem aberturas em lados opostos, e assim o acúmulo de umidade, comum nas casas à beira-mar, foi drasticamente reduzido. Quando abertas, as portas criam uma ventilação cruzada que não só refresca os espaços como também elimina o bolor.
Sem portas, os armários se mantêm arejados Os profissionais incorporaram à arquitetura soluções para minimizar custos com equipamentos elétricos. Armários sem portas e prateleiras chumbadas nas paredes, por exemplo, dispensam o uso de desumidificadores. Os banheiros ganharam tampos de granito preto são gabriel. “É o mais barato dos granitos, mas nem por isso perde na resistência e na praticidade de manutenção”, diz Lua Nitsche.
Extensão da varanda Grandes portas de correr de vidro leitoso sustentado por caixilhos de alumínio anodizado fecham a casa. Feitas sob medida, elas e foram instaladas em dois dias. Graças à uniformidade de revestimento do piso, quando abertas, a sala e os outros ambientes parecem uma grande varanda. “Assim, realizamos um dos princípios essenciais do projeto: diluir os limites entre interior e exterior”, fala Lua.