Casa com integração total e grandes fachadas de vidro
Escada que parece escultura, pé-direito duplo e bancadas de concreto fazem dessa casa, em terreno estreito, uma escultura de morar
Por Reportagem Eliana Medina (visual) e Rosele Martins (texto) | Design Júlia Blumenschei | Fotos Eduardo Pozella | Ilustrações Campoy Estúdio
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19 Jan 2017, 13h48 - Publicado em 9 Jan 2013, 19h18
*Matéria publicada em Arquitetura & Construção #309 – Janeiro de 2013
Esta é uma típica história de amor à primeira vista. Depois de anos procurando uma casa e já descrente de que encontraria um endereço para chamar de seu (reformar ou construir não eram suas primeiras opções), o empresário deparou com a placa de “vende-se” no portão desta moradia paulistana. “Quando entrei, tive certeza: era onde eu queria viver”, diz o moço. O sentimento imediato tem uma explicação racional – dono de uma galeria de arte, ele soube apreciar qualidades que a construção esbanja. “Fiquei fascinado com a luminosidade entrando por todos lados, com a elegância das linhas e com o X de concreto, uma verdadeira escultura na sala”, fala. Para além das questões estéticas, pesou o bom aproveitamento do espaço, que demonstra: casa pequena não é sinônimo de aperto. O encantamento do morador denota que os autores do projeto, Gregory Bousquet, Carolina Bueno, Guillaume Sibaud e Olivier Rafaelli, do escritório paulistano Triptyque, acertaram na fórmula. “Fomos contratados por um investidor, que ergueu a construção para vender. Como não sabíamos quem ia viver lá, apostamos em elementos neutros e na boa arquitetura: claridade e ventilação abundantes, desenho bem resolvido e conforto”, explica Olivier. Todas escolhas aprovadas sem ressalvas pelo proprietário. “Não troquei uma torneira sequer, uma maçaneta, nada. Acho que nem eu mesmo teria planejado uma casa tão parecida comigo.”
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O azul do portão intenso é da cor montanha majestosa (Coral).
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A fachada também surpreende: quando aberto, o portão metálico (Serralheria Valdástico) revela um singelo painel de toras de eucalipto (Cardoso Marcenaria).
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Aqui, não há monotonia. “Com tanta transparência, a casa se transforma conforme o avanço das horas e os humores do clima”, diz o morador.
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Acabamentos neutros – como os tacos de cumaru (Pau-Pau Pisos de Madeira), a escada de concreto e a pintura branca – destacam as obras de arte. “Parece contraditório que, sendo dono de galeria, eu aprecie viver num local com poucas paredes. Mas isso me obriga a revezar os quadros, o que muda o cenário”, diz o morador. Futons da Futon Company.
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Soluções desta casa pequena - Vidros: como não criam barreiras visuais, eles proporcionam a sensação de amplitude. Jardim integrado: se houver ambientes ao ar livre, promover a ligação do espaço interno com eles é uma solução que parece estender a metragem da moradia. Vale adotar caixilhos que se recolham inteiramente para um lado ou outro, liberando totalmente os vãos. Portas de correr: internamente, elas sempre ajudam a integrar os espaços. aqui, dividem a sala da cozinha, e são abertas ou fechadas conforme o desejo de privacidade do morador. Paginação do piso: a colocação dos tacos no sentido longitudinal alonga visualmente os cômodos. Área: 193 M2; Ano do projeto: 2009; Conclusão da obra: 2010; Projeto: Triptyque Arquitetura; Engenheiro calculista: Rioske Kanno; Execução: Bassani Arquitetura e Construção
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Cercada de portas de correr, a cozinha integrada à sala, com piso de ladrilhos hidráulicos (H&T Cerâmica), é um dos xodós do proprietário – que cuida do cardápio enquanto os amigos permanecem junto à mesa de concreto.
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O X estrutural, igualmente de concreto: elemento construtivo com status de obra de arte. Almofadas da By Design.
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Como a rua em que fca a casa é movimentada, os arquitetos posiconaram as aberturas dos três quartos (um deles, convertido em escritório) para a lateral e os fundos do terreno. Em toda a morada, esquadrias de freijó (Marcenaria Tito).
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O projeto é homogêneo – repare como o banheiro repete os ladrilhos hidráulicos e o concreto aparente da cozinha. Nas paredes, a pintura epóxi, resistente à umidade, aparece até dentro do boxe. Louças, misturador e chuveiro da Deca.
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A pedida nos fns de semana ensolarados é servir as refeições na mesa ao ar livre. O jardim equipado com churrasqueira combina vegetação e deck de ripas de cumaru, pregadas em barrotes de peroba. Paisagismo de André Paoliello.
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Diante da pouca largura do terreno, que mede 25 x 8 m, o jeito foi buscar claridade no alto: a luz natural entra pela cobertura envidraçada e avança até o térreo. A aparência natural do piso de madeira é resultado da resina utilizada, de acabamento fosco (Bona, linha Naturale).
*Matéria publicada em Arquitetura & Construção #309 – Janeiro de 2013