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Apartamento pequeno de 46 m2 é decorado com economia e bom humor

Conheça um microapê decorado com pouco dinheiro, muito humor e algum improviso. 

Por Texto: Leandro Quintanilha | Fotografia: Cacá Bratke
Atualizado em 20 dez 2016, 15h47 - Publicado em 2 jul 2014, 16h51

São 46 metros quadrados. A sala, para dois pequenos ambientes, a cozinha, pouco mais larga que um corredor, a área de serviço, cujo tanque teve de ser removido para que pudesse receber uma máquina de lavar, além do quarto e do banheiro – surpreendentemente espaçoso para um imóvel tão enxuto. Eis o meu reino.

Há sete anos, encontrei esse apartamento na Rua Bela Cintra, a quatro quadras da Avenida Paulista, em São Paulo. Ao mesmo tempo que cabia no meu orçamento, contemplava a minha pequena lista de exigências: boa localização, área de serviço e algum charme. Qualquer tipo de charme. No caso, os tijolos vermelhinhos da fachada original de 1970. O longo recuo ajardinado aceitei como bônus. Mas, entremos no apartamento de número ambíguo: 13 (por “sorte”, não sou supersticioso).

Bom, o humor se faz notar em todo o apê. As cores sóbrias predominantes (branco, bege e azul) são quebradas por detalhes de nuances vibrantes. Na cozinha, por exemplo, há taças bem coloridas e, na sala, um tapete felpudo roxo, além do barzinho e de uma almofada de tom amarelo forte.

Os penduricalhos por todos os lados também trazem essa alegria. Quem diria, justamente eu que na infância recolhia os bibelôs da minha mãe quando recebia os colegas da escola para fazer trabalhos em grupo teria uma paixão confessa por miniaturas e afins?

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Não sou acumulador – eu até me considero bem desapegado. O fato é que gosto de colecionar itens que fazem rir e/ou remetam a pessoas, lugares, experiências e momentos queridos. Memória afetiva aplicada à decoração. Tenho desde quadrinhos e miniaturas, como o personagem Mestre Yoda feito de lego, nas prateleiras, até um pequeno globo de espelhos, no cabideiro de roupas à entrada – ele avisa que uma festa pode acontecer a qualquer momento. O que dizer do pinguim de pelúcia sobre a geladeira – nada é cafona quando se ri de si mesmo, não é mesmo?

No balcão que dá para a cozinha, coloquei um sino desses de hotel, que usamos “na vida real” para chamar o recepcionista. Como o cômodo era escuro, com azulejos marrons, decidi abrir uma bancada na parede para integrar os ambientes e deixá-lo mais iluminado. Assim, também poderia cozinhar para amigos sem perder nenhuma fofoca. Algum tempo depois, contratei um pintor para cobrir os azulejos com argamassa e pintá-los com tinta branca à prova d’água. Agora, sim, tenho uma cozinha clarinha, como eu queria, e ela se transformou em um espaço nobre e de convivência para mim e minhas visitas.

Antes também marrom, o banheiro precisou de uma intervenção mais radical. Bastante desgastados, os azulejos e as louças antigos foram substituídos por versões contemporâneas. Um truque foi comprar placas que simulam ladrilhos com diferentes tons de cinza, saída mais barata e mais fácil de limpar. E ali também imprimi um toque de humor: sobre a tampa do vaso sanitário, um adesivo em forma de coroa amarela, que brilha no escuro, indica que aquele assento se trata de um trono.

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Na sala, predominam cores suaves de bege e azul. Como sou jornalista freelancer, trabalho em casa e precisava de um ambiente tranquilo para me concentrar e diminuir a ansiedade cotidiana de quem aguarda retornos e cumpre prazos quase sempre desafiadores.

Também gosto de reaproveitar objetos, atribuindo a eles novos usos. A mesa de centro da sala é um antigo rack – a TV, que fica no quarto, repousa sobre o que era para ser um bufê. Uso banquinhos como criados-mudos e, como enfeite, uma almofada em forma de nuvem no topo da estante de livros.

Eles e as revistas, aliás, são um caso à parte. Estão espalhados pela casa toda, porque eu não tinha espaço, dinheiro e/ou seriedade suficientes para uma biblioteca. Algumas obras ficam perto do uso: títulos de gastronomia na cozinha, de trabalho na escrivaninha, de fotos no rack/mesa de centro e de curiosidades, claro, no banheiro. Dessa forma, tudo fica mais organizado e divertido.

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Os quadros e as prateleiras eu mesmo instalei. Também montei alguns móveis comprados pela internet. A única obra de minha autoria é o quadro que fica acima da mesa de jantar. Garimpei 12 azulejos antigos, com estampas de diferentes estilos, e os colei sobre uma folha de madeira. Ótima experiência!

De algum modo, a mesa de jantar também é invenção própria. Arrematei um exemplar baratinho de acampamento, que recobri com verniz. Sobre ele, instalei um amplo vidro, para ter um resultado mais elegante. Entre o tampo e a madeira, coloquei uma fotografia feita por um amigo. Passarinhos em fios elétricos. As cadeiras são brancas, porém sortidas, para quebrar a monotonia.

Gosto de misturas. Em todos os ambientes embaralho madeira, metal, plástico, fibra de vidro, fórmica. As almofadas também variam, mas respeitam uma cartela previamente escolhida, a fim de evitar a poluição visual. É assim que venho reconstruindo por dentro o apartamento 13 do Edifício Tirreno.

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Pode entrar.

Arranje um lugar pra sentar, que eu vou à cozinha passar um café.

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