8 acertos deste refúgio no campo
Projetada para obter alto nível de sustentabilidade, esta moradia na serra fluminense mostra como é possível construir de forma racional e eficiente, em sintonia com a natureza
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Por Simone Raitzik | Projeto Sergio Conde Caldas | Fotos André Nazareth
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19 jan 2017, 14h15 - Publicado em 10 jan 2015, 20h49
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1. Vidros especiais. Com 8 mm de espessura, as chapas laminadas Light Blue 52 (linha Sunguard, da Guardian) deixam a luz entrar plenamente, mas barram 48% do calor. “Essa escolha dispensou ar-condicionado porque a temperatura interna é sempre agradável”, explica o autor do projeto, Sérgio Conde Caldas.
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2. Ar-condicionado natural. Mais dois recursos mantêm o interior fresco: o beiral de 1,50 m, que protege a fachada contra a incidência direta do sol, e o telhado de duas águas desencontradas. A diferença de 1 m entre elas é fechada com brises. “Por ali sai o ar quente”, explica Sergio Conde Caldas.
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3. Piso reciclado. Em placas de 60 x 60 cm, o porcelanato da Portobello (linha Brava, ref. Warm Gray), usado interna e externamente, emprega 25% de material descartado em sua produção. Projeto de Sergio Conde Caldas.
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4. Tijolo sem queima. De barro prensado, os blocos (Lapin) que compõem as paredes não vão para o forno. “Portanto, não emitem dióxido de carbono na fabricação”, afirma o arquiteto. O assentamento é feito por meio de encaixe, sem argamassa, o que contribui para uma obra limpa. Projeto de Sergio Conde Caldas.
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Na porta da casa, que pertence a um casal carioca, o arquiteto se apoia nas esquadrias de ipê-tabaco, que sustentam grandes painéis de vidro. “Transparência é fundamental numa moradia ecológica”, afirma Sergio Conde Caldas.
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5. Estrutura metálica com brises. Vigas e pilares foram moldados com aço da Gerdau, que, hoje, acrescenta sucata do metal em 82% de sua produção. Montado numa semana, tal esqueleto acelerou a obra (um sistema construtivo tradicional demandaria, pelo menos, 45 dias, segundo o arquiteto). Na parte superior da fachada, painéis de brises articulados garantem ventilação cruzada e eliminação do calor. “A casa se adapta ao clima. Todos os vãos foram dimensionados em relação aos ventos predominantes”, explica Sergio Conde Caldas.
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6. Iluminação de LED. A opção pelo dispositivo em todos os equipamentos responde pelo consumo cinco vezes menor de energia. “Preferimos a tonalidade mais amarelada e dimerizada, que fica agradável e acolhedora. Só se acendem as luzes à noite porque os ambientes têm muita transparência e claridade”, conta Sergio Conde Caldas.
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7. Cobertura verde. Com a engenheira agrônoma Daniela Infante, da Arteiro, o arquiteto Sergio Conde Caldas desenvolveu o telhado verde, que traz conforto térmico aos quartos. Trata-se de quatro camadas: impermeabilizante, material têxtil geossintético antirraiz, areia e, por fim, argila expandida. Em alguns trechos, plantou-se grama.
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8. Madeira legalizada. Toda a madeira usada na casa é maciça e dotada de certificação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). De cedro, esquadrias e venezianas são trabalho do marceneiro Marcio Nagimerito. Projeto de Sergio Conde Caldas.
Cada vez que subia a serra para passar o fim de semana no sítio dos pais, na localidade rural de Pedro do Rio, RJ, o jovem Sergio Conde Caldas, filho de engenheiro e empreendedor nato, dava um pulo nas terras vizinhas desocupadas, propriedade da família há mais de 20 anos. “Ali seria um loteamento, o que nunca saiu do papel. Ficava sempre matutando como aproveitar aquela área de forma coerente com a época em que vivemos”, conta ele. Companheiro de faculdade dos renomados arquitetos Thiago Bernardes e Miguel Pinto Guimarães, Sergio resolveu, em 2011, começar a plantar a semente de um condomínio sustentável, o Movimento Terras. Propôs aos amigos que fizessem moradias com essa pegada, e eles toparam o desafio.
Na fase inicial, lançaram-se quatro unidades. A primeira a ficar pronta (e a ser vendida) foi justamente a obra construída por Sergio, erguida com base numa enorme pesquisa para seguir à risca o objetivo e o conceito que norteiam o empreendimento. “Não foi fácil encontrar produtos e fornecedores adequados e com custo competitivo. Muitos eu tive de capacitar, caso da oficina de tijolos de barro em Magé, no interior do estado. Mas descobrir parceiros e incentivá-los a se qualifcar acabou sendo muito gratificante. É quase uma empreitada social”, revela o arquiteto.
Desde os alicerces, cada etapa da construção envolveu muita reflexão e estudo para ser racional, economicamente viável e ecologicamente correta. Além dos oito itens que destacamos ao longo da galeria acima, há captação de chuva, depois aproveitada para regar as plantas, e fossa séptica, capaz de tratar 90% da água (que, então, volta limpa ao meio ambiente). “Até o aço das esquadrias é fruto de reúso e não enferruja. E especifquei telhas de concreto porque as cerâmicas passam por queima, que emite dióxido de carbono na atmosfera”, diz ele. Todas essas premissas garantiram a certificação internacional Building Research Establishment Environmental Assessment Method (Breeam) ao condomínio, que também recebeu troféu do prêmio Planeta Casa (concedido pela revista CASA CLAUDIA, da Editora Abril, em 2012) e, no mesmo ano, foi finalista do Holcim Awards (grande premiação internacional na área da construção sustentável). “Que bom ver o reconhecimento de tanto trabalho e dedicação. Afinal, esta é a arquitetura em que acredito – de olho no futuro. Não é fácil nem simples, mas se provou viável”, avalia.
Módulos integrados. Dois blocos bem definidos desenham a planta: de um lado, fica o ambiente do estar, integrado à cozinha, e, do outro, as quatro suítes, acessadas por meio de um único corredor e voltadas para a área externa.
Área: 370 m²; Construção: Linear Engenharia; Gerenciamento: Concal; Iluminação: Tendência Iluminação; Paisagismo: Arteiro; Consultoria em Certificação Ambiental: Viviane Cunha Associados