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Pedras pelo caminho

Desde que o mundo é mundo, as gemas fascinam o homem por sua beleza, seu mistério e valor. Conheça algumas delas.

Por Texto: Rosane Queiroz | Fotografia: Alex Silva
Atualizado em 21 nov 2022, 22h16 - Publicado em 5 ago 2014, 18h51

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Rochas e pedras são parte da Terra antes mesmo que existisse outra forma de vida por aqui. Por isso, cada fragmento delas guardaria uma parte de informação que pertence a todo o Universo, há bilhões de anos. Algo que lhes confere o dom de receber e transmitir energia.

Convém lembrar que fauna, flora – e o reino mineral – são elementos vivos da natureza. E tudo o que é vivo vibra. “Na história da humanidade, as pedras sempre intermediaram os desejos, os amores, os medos e as necessidades dos homens, em uma sintonia dinâmica com as transformações de cada época”, diz a pesquisadora Regina Machado, do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM). Pós-graduada em história da joalheria, Regina vive em busca do que cada gema tem a contar. Pode até soar um tanto místico, mas para ela é como se cada pedra tivesse uma alma e um talento.

No Egito antigo, cerca de 3 mil a.C., as joias eram usadas pelos sacerdotes para se comunicarem com os deuses. Os religiosos escolhiam os símbolos, como o escaravelho, e as pedras, de acordo com a intenção de cada peça. “São a mídia mais antiga de que se tem notícia”, brinca a pesquisadora. O lápis-lazúli, por exemplo, era enterrado com os faraós para facilitar a passagem e a comunicação com o divino. As gemas vermelhas, por sua vez, eram ligadas ao coração e ao sangue. Os egípcios gostavam da coralina, nome que vem de coronária. Mais tarde, sobretudo na Grécia, os guerreiros usavam a granada como pedra de proteção contra a perda de sangue caso fossem atingidos por uma lança.

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Os povos antigos sabiam e desfrutavam do conhecimento sobre as pedras. “Era um tempo em que o pensamento mágico andava de mãos dadas com o científico”, comenta Regina. Com a era da razão, a magia foi deixada de lado, rotulada de misticismo. “Mas, atualmente, há uma retomada da conexão desses dois pensamentos, um interesse maior pelo que a ciência não explica.”

Para a artista plástica Eveli Pitá Yuerá, criadora e “guardiã” do Círculo da Pedra Azul, um oráculo de pedras de autoconhecimento e cura, “as pedras nos escolhem”. Daí nos sentirmos atraídos particularmente por uma determinada gema. Eveli possui gavetas de cristais e pedras brutas de diversos tamanhos, que utiliza em esculturas e joias simbólicas. Ela afirma que ganhar uma pedra é melhor do que comprar e ensina a cuidar bem dela. Em geral, as gemas acumulam energia negativa e estática. Precisam ser limpas e reenergizadas. A dica é lavar os cristais com sal grosso. “Depois, é necessário deixá-los sob a luz do sol e da lua por ao menos um dia”, recomenda Eveli.

Vibração na prática

Para energizar o ambiente, as pedras brutas são as mais indicadas. “Elas podem ser dispostas na entrada da casa, no criado-mudo do quarto, no jardim, entre plantas ou onde mais a intuição mandar”, diz Eveli. Ela recomenda ainda a malaquita (do espanhol “quita o mal”) para bloquear más energias.

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A pele, contudo, é o maior órgão sensorial do organismo e a melhor maneira de absorver a energia das pedras é usando-as junto ao corpo. “Se estou agitada, escolho um colar de turquesa, calmante. Se preciso de energia, fico com a coralina”, diz a designer de joias Fabi Malavazi. Ela se encantou primeiro pelo lado ornamental das pedras, usando, por exemplo, um pingente de cristal incolor em forma de gota para representar a água, em sua coleção Jardim Botânico, com delicados desenhos de ramos e pássaros. Depois de uma viagem ao Butão, a designer se interessou pelo budismo e pela sabedoria das pedras. Criou para uso pessoal um singelo colar com pedrinhas coloridas como topázio, citrino, água-marinha. Não demorou a nascer a coleção Deusas Budistas, com colares de contas que lembram guias, feitos de ouro e turquesa (espiritualidade, meditação), lápis-lazúli (força, paz), com fechos em forma de flor de lótus ou galhinhos de arruda. Regina Machado, a pesquisadora de pedras, costuma sintonizar as joias com a ocasião. “Usei em uma palestra um anel de quartzo fumê e ele estourou!”, conta, lembrando do poder da pedra para bloquear más vibrações. Ela também leva na bolsa uma ágata, altamente protetora. “Para cada intenção, há uma gema”, garante.

Outras preciosidades

(1) Os números brilham: 2/3 das gemas coloridas do mundo estão no Brasil. Somos, porexemplo, o maior fornecedor de água-marinha, com jazidas em Minas Gerais, Paraíba, EspíritoSanto, Rio Grande do Norte e Bahia. Há ainda as opalas de D.Pedro II (PI), cidade que járegistrou o mais baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Depois da descobertadas jazidas de opala, nos anos 1930, a vida ali começou a evoluir em torno da pedra.

(2) As melhores espécies de ametista também são encontradas aqui, no Rio Grande do Sul. A cidade de Ametista do Sul gira em torno da pedra, onde a catedral tem uma pia esculpida em uma ametista bruta.

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(3) A turmalina Paraíba, pedra azulada que virou a darling da alta relojoaria no momento, leva o nome do estado em que foi descoberta. Moçambique também tem turmalinas azuis. “Mas as brasileiras são mais brilhantes”, garante Regina Machado, do IBGM.

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