Ócio: ficar sem fazer nada também estimula a produtividade

Reservar parte do dia para atividades agradáveis e desligar o cérebro das obrigações e preocupações são atitudes muito produtivas e mantêm a saúde em dia

Por Thais Szegö
Atualizado em 20 dez 2016, 22h42 - Publicado em 24 Maio 2012, 17h56
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Ficar deitada de pernas para o ar é uma delícia. Folhear uma revista, sair para olhar vitrines, sentar numa mesinha na calçada para um cafezinho no final da tarde, então, melhor ainda. Porém, se depender das demandas atuais, esses pequenos prazeres irão desaparecer. Afinal, as pessoas acreditam que é preciso trabalhar muito, 12 horas por dia, muitas vezes até nos finais de semana. E isto não é verdade!

O que muitas pessoas não sabem é que os indivíduos que se destacam em todos os âmbitos são aqueles que conseguem equacionar de maneira inteligente a atividade profissional e o lazer, evitando, assim, uma sobrecarga mental. Um dos maiores defensores da teoria de que o cérebro precisa de uma pausa para funcionar bem é o sociólogo italiano Domenico De Masi, que elaborou o conceito de ócio criativo.

Segundo ele, é possível estabelecer uma rotina equilibrada e fazer com que o trabalho, o estudo e o lazer se cruzem de maneira tão harmoniosa que a pessoa praticamente não consiga distinguir de qual deles está se ocupando em determinado momento. Ou seja, de acordo com De Masi, o ócio não é caracterizado por momentos inertes, mas justamente pela ocupação do tempo de forma gratificante e criativa.

O nosso organismo se ressente do excesso de estímulos. Diversos estudos já comprovaram que, quando há momentos de relaxamento na rotina, o sistema imunológico funciona muito melhor. Isso acontece, entre outras razões, porque há uma diminuição da quantidade de algumas substâncias na circulação, principalmente a adrenalina e o cortisol – os hormônios do estresse. “Senão, há um aumento nas chances de infecções virais, alterações de humor, dificuldade de adaptação a mudanças, comprometimento do funcionamento do intestino e do apetite, além de cansaço extremo e fadiga crônica”, conta Luis Fernando Correia, clínico geral.

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Quem passa por muitas situações de estresse tem mais tendência para ficar doente. Pesquisas evidenciaram o grande número de infartos entre os mais tensos. Um estudo realizado pelo International Stress Management Association (ISMA) com workaholics norte-americanos mostrou que pessoas viciadas em trabalho e ansiosas apresentam 45% mais chance de padecer de males cardíacos, 35% de ter câncer e 24% de sofrer derrame cerebral.

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Como saber que é hora de descansar?

Reserve um período para atividades agradáveis no cotidiano

Segundo o neurologista Deusvenir de Souza Carvalho, o que de fato importa é deixar um espaço de tempo entre uma atividade e outra. “Do contrário, temos a impressão de que se trata de uma ação contínua, o que gera cansaço no final do dia”. Reservar um período para alguma atividade agradável, mesmo que sejam apenas 15 minutos para ler um livro ou assistir ao seu programa de televisão favorito.

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Faça uma lista de prioridades

O ideal é fazer uma lista de prioridades e encaixá-las nas 24 horas do dia, sem deixar de lado os momentos de lazer. É melhor trabalhar menos horas com a cabeça descansada e focada no que está fazendo do que ficar muito tempo com os olhos fixos na tela do computador.

Não deixe as preocupações com o trabalho atrapalharem

Mesmo sendo grandes aliados, a internet e o telefone celular contribuem bastante para roubar o sossego das pessoas. Afinal, eles também permitem que mensagens, ligações relacionadas a trabalho e preocupações invadam a nossa vida a qualquer momento do dia e da noite, muitas vezes comprometendo um fator importantíssimo ao nosso rendimento: o sono.

Recupere-se das pressões

“Cada pessoa terá de encontrar o seu modo saudável de viver sem perder de vista a importância de reservar um tempo para o descanso, permitindo que o corpo e o cérebro se recuperem das pressões” explica a psiquiatra Rita Cecília Ferreira. “Precisamos deixar um espaço entre uma atividade e outra. Do contrário, temos a impressão de que se trata de uma ação contínua, o que gera cansaço no final do dia”, acrescenta o neurologista Deusvenir de Souza Carvalho.

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