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Empresas que se preocupam com comunidades de baixa renda

Os projetos que você conhecerá nesta reportagem levam educação, capacitação e autoestima a comunidades de baixa renda. Alcançam esse objetivo com criatividade e visão de longo alcance.

Por Texto Raphaela de Campos Mello | Design Larice Peskir
Atualizado em 14 dez 2016, 11h55 - Publicado em 24 jan 2013, 20h20

*Matéria publicada em Bons Fluidos #167 – Fevereiro de 2013

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Não é de hoje que o termo responsabilidade social empresarial vem colado ao cartão de visita das empresas como um selo indispensável. Cada vez mais consciente, o consumidor exige saber se o fornecedor de sua preferência está realmente comprometido com as questões prementes do nosso tempo, entre elas, o fomento de relações socioambientais éticas, equânimes e solidárias. Uma importante diretriz preconizada pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, em São Paulo, cuja missão é mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade sustentável e justa, diz respeito a iniciativas que favoreçam a comunidade das mais variadas maneiras. Há muito a ser feito de norte a sul. Por isso, o Instituto incentiva e orienta as corporações a “identificar formas inovadoras e eficazes de atuar em parceria com as comunidades na construção do bem-estar comum”. Os projetos apresentados a seguir cumprem essa meta e vão além. Mostram que com planejamento, criatividade e humanidade é possível unir forças com o poder público, ONGs e com a própria população para, juntos, redefinirmos o ideal de sociedade que desejamos legar às futuras gerações.

Coral: minha casa, meu orgulho.

 

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As cores podem alegrar uma parede, uma casa, uma comunidade inteira. Os moradores do morro Santa Marta, no Rio de Janeiro, que o digam. Eles são o alvo mais recente do projeto Tudo de Cor para Você, promovido pela Coral, empresa do grupo AkzoNobel. A iniciativa consiste em pintar fachadas de edifícios históricos e de residências localizadas em regiões degradadas com o apoio da própria comunidade e do poder público. No caso do Santa Marta, o governo fluminense, à frente do projeto de reurbanização de favelas concebido pelo arquiteto carioca Jorge Abrantes, prestou o auxílio necessário. Mas apenas uma boa logística não é suficiente para que os habitantes dessas localidades resgatem o orgulho de pertencer ao local. “O envolvimento das comunidades é fundamental para que os resultados sejam realmente transformadores”, ressalta o presidente da Coral, o holandês Jaap Kuiper. Nesta 12a edição do evento, que já passou por diversas capitais brasileiras, cerca de 1 500 moradias serão revitalizadas ao longo de dois anos pelos proprietários, beneficiando mais de 6 mil moradores. A ação deverá consumir 300 mil litros de tintas em 24 tonalidades.

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A Coral se encarregou de auxiliar os moradores na escolha dos tons e também ofereceu cursos profissionalizantes em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) – cerca de 300 pintores já foram formados desde o início do projeto, em 2009. “Além de plantar o senso de responsabilidade e preservação nas pessoas, o programa favorece a integração da comunidade. Há moradores de uma mesma rua que não se conheciam”, conta Benito Berretta, diretor de marketing da empresa. Moradora do Santa Marta desde os 15 anos, a paraibana Cileide dos Santos Macedo, 51 anos, festeja a conquista de um lar bem-acabado. “Não tinha condições de pagar pelo serviço. Agora, realizei o sonho de ter minha casa renovada, pintada de branco e rosa, duas das minhas cores prediletas.” Sua alegria se soma à satisfação expressa por seus vizinhos. “Toda a comunidade está abraçando o projeto, e fico orgulhosa de saber que as outras casas também serão pintadas.”

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Natura: grito de independência.

 

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Atualmente, 1,2 milhão de mulheres atuam como consultoras da Natura em todo o país. A venda indireta de cosméticos representa para muitas famílias uma efetiva opção de empreendedorismo e aumento do poder aquisitivo – na maioria dos casos, como ocupação complementar. “Trata-se de um modelo de negócio que por si só promove a inclusão social e a distribuição de renda”, aponta Jorge Rosolino, diretor regional da empresa. Tendo essa realidade como premissa, a marca ampliou a interação com 144 comunidades cariocas atendidas por 27 Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), atingindo cerca de 500 mil pessoas por meio do projeto Natura na Comunidade. A ideia é fazer com que novas vendedoras possam adquirir autonomia financeira ou então se formar nos cursos de maquiador e cabeleireiro, oferecidos em parceria com o Senac. Mais de 2 mil aprendizes já receberam seus certificados profissionais. “Nessas localidades, a demanda por educação é altíssima”, revela Rosolino.

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Outro entrave solucionado pelo programa diz respeito à burocracia. Uma pesquisa mostrou que cerca de 50% das tentativas de cadastro para consultores na Natura eram impedidas por problemas em instituições de proteção ao crédito. A solução veio com um pequeno ajuste. Hoje, é possível ingressar no time de consultoria mesmo com duas dívidas protestadas de até R$ 500. A logística de transporte das encomendas dentro da comunidade, dificultada pela geografia imprecisa, também foi pensada para incentivar a geração de empregos. “Estimulamos os fornecedores a contratar moradores locais para a entrega dos produtos”, conta Rosolino. Segundo ele, o projeto, que inclui cursos de educação financeira e orçamento familiar, saúde da mulher e descarte adequado do lixo, foi estruturado para que mais e mais empreendedoras possam se tornar protagonistas das próprias transformações. “Isso faz um bem enorme a elas e, por conseguinte, aos seus pares”, afirma. Moradora do morro do São João, no Novo Engenho, zona norte do Rio de Janeiro, a consultora Rose Rodrigues de Jesus Silva, 37 anos, assina embaixo. Mãe de dois filhos adolescentes, ela, que tinha o “nome sujo”, hoje toca suas vendas com garra. “Atualmente, é uma das atividades que mais me satisfazem. Não pretendo sair tão cedo”, confessa.

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Colgate: alegria estampada no rosto.

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Devolver o sorriso a quem foi privado dessa via de expressão fundamental e também impedir que o gesto perca seu brilho nato são missões encampadas pela Colgate no mundo todo. Em pleno século 21, a cárie dental ainda é um inimigo silencioso. Pesquisas mostram que esse indesejado invasor representa a doença crônica mais comum na infância, causando dor, evasão escolar e perda da confiança. A fim de remediar a dificuldade de acesso à saúde odontológica básica e à educação necessária para manter uma boa saúde bucal, a multinacional criou o programa Sorriso Saudável, Futuro Brilhante, que alcança 50 milhões de crianças e suas famílias em 80 países. Por meio de parcerias com governos, profissionais de odontologia, escolas e grupos comunitários, a ação assegura que crianças e jovens carentes recebem escova e pasta de dentes e fio dental – muitas delas pela primeira vez –, além de passarem por consulta com dentista e receberem orientações para desenvolverem hábitos saudáveis. Jogos e dinâmicas divertidas entretêm e, ao mesmo tempo, educam a criançada.

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A Colgate também apoia a ONG Operação Sorriso do Brasil (OSB), que reúne cirurgiões plásticos, enfermeiros, anestesiologistas, psicólogos, ortodontistas, fonoaudiólogo, pediatras e geneticistas, todos voluntários. O time multidisciplinar viaja o Brasil para operar gratuitamente crianças e jovens carentes nascidos com lábio leporino e outras deformidades faciais. Desde o surgimento da entidade, em 1997, já foram realizadas mais de 5 mil cirurgias. “A OSB vai além da cirurgia. Nossa preocupação é com o programa por inteiro. Para isso, montamos uma grande estrutura de recepção aos pacientes e seus familiares”, afirma Clóvis Brito, diretor executivo da OSB. Antonia (foto central), de 15 anos, de Fortaleza, hoje sorri com convicção. Em 2006, ela foi beneficiada com a intervenção reparadora que mudou sua vida. “Se não tivesse recebido a cirurgia, acho que teria vergonha de sair de casa. Agora, vou a todo lugar. Na escola as pessoas não caçoam mais de mim. Hoje todo mundo é meu amigo”, diz ela, que sonha em ser médica.

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Faber-Castell: ensinando a preservar.

 

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Os habitantes do município mineiro de Prata e arredores, onde estão localizadas as plantações da Faber-Castell, são personagens indispensáveis para a preservação das belezas e do potencial agrícola da região. Reconhecidos como tal, atuam lado a lado como cidadãos cada vez mais preparados para disseminar os valores da sustentabilidade e, claro, colocar esse saber em prática no cotidiano. Criado em 2008, o Instituto Ecomunidade, com o suporte da Secretaria de Educação do município de Prata, mobiliza educadores, alunos e a comunidade como um todo. Juntos, desenvolvem trabalhos e ações socioambientais. “A Faber-Castell procura sensibilizar as pessoas sobre a importância de se  autoconhecerem, admirarem, amarem e respeitarem para, então, olhando para seu entorno, conservarem os recursos naturais”, diz Miguel Feres, gerente de recursos humanos da empresa.

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Entre os temas abordados pelos programas educativos, estão a prevenção de pragas florestais, o controle de incêndios, a conservação de solos e a capacitação do produtor rural. “O cuidado direcionado às comunidades onde atuamos é de fundamental importância, pois colabora para o crescimento da empresa, para o desenvolvimento do país e garante um futuro saudável para as próximas gerações”, afirma Feres. “Para uma empresa que fabrica produtos para a educação infantil, a arte e o lazer criativo, é fundamental dar o exemplo e colocar o consumidor, a comunidade e a proteção do meio ambiente como preocupações prioritárias”, acrescenta ele.

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Além do Ecomunidade, a multinacional fomenta outras atividades de igual relevância para o âmbito coletivo, entre elas, a doação de material escolar para crianças carentes de entidades assistenciais e o patrocínio destinado a produção, transcrição e distribuição de grandes obras da literatura brasileira adequadas ao sistema braile e ao modelo audiolivro. Uma iniciativa da Fundação Dorina Nowill, dedicada à inclusão social de pessoas com deficiência visual.

*Matéria publicada em Bons Fluidos #167 – Fevereiro de 2013

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