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Edward Hoffman: Celebre o tempo em família

Edward Hoffman, Ph.D., é professor de psicologia na Yeshiva University, em Nova York, e autor de A Sabedoria de Carl Jung.

Por Texto: Edward Hoffman
Atualizado em 14 dez 2016, 11h55 - Publicado em 17 dez 2013, 19h25
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Como você prefere gastar o dinheiro excedente? Investindo em bens materiais ou criando ocasiões memoráveis? Pesquisas recentes na área da psicologia revelam uma interessante mudança de paradigma. De acordo com tais estudos, à medida que os anos passam, experiências sociais prazerosas tornam-se muito mais importantes para os indivíduos do que o acúmulo de posses. Minha própria pesquisa, publicada juntamente com colegas do Brasil e de outros países, incluindo os Estados Unidos (EUA), o Chile e a Índia, aponta que essas vivências no âmbito coletivo, tidas como inesquecíveis, geralmente envolvem férias em família. Quando solicitados a descrever um momento de intensa felicidade desfrutado na infância, muitos jovens adultos mencionaram o tempo livre vivenciado ao lado de entes queridos. Alguns recordaram viagens de longa distância ou ao exterior. Entretanto, mais importante do que visitar um país diferente, o ponto marcante de tais passagens foi o contentamento por simplesmente estar junto de quem se ama, compartilhando histórias. Nessas ocasiões, os jovens puderam aproximar-se de seus pais, desvendando-lhes facetas até então desconhecidas, ou estreitar laços com parentes distantes. Eventos familiares foram igualmente mencionados com frequência por adultos de meia-idade na Europa, Ásia e nas Américas como fontes de alegria e felicidade.

A consistência desses achados pode parecer surpreendente, uma vez que as regiões analisadas possuem distintos backgrounds culturais. Entretanto, há mais de 40 anos, o psicólogo americano Abraham Maslow, que ficou conhecido por criar uma hierarquia de necessidades, descobriu que as “experiências pico” da vida tinham cunho social e envolviam relacionamentos íntimos. Maslow não viveu o suficiente para estender sua investigação para além dos Estados Unidos, mas, felizmente, minha equipe de pesquisadores conseguiu levar adiante os estudos nessa área.

Mas nem tudo é festa e é bom saber. Além de criar situações memoráveis, férias em família também podem ser estressantes, especialmente quando incluem crianças. Você pode se sentir frustrado com a impaciência (“Já chegamos?”) e com as necessidades fisiológicas (“Estou com fome!”, “Preciso ir ao banheiro!” etc etc.) manifestadas a toda hora pelos pequenos viajantes. Como não podemos mudar a natureza deles, é aconselhável se adaptar às suas demandas. Aceite o fato de que se entediam facilmente e esbanjam energia. Sempre que estiver visitando um museu, por exemplo, reserve o intervalo seguinte para brincadeiras no parque. Uma segunda fonte de tensão envolve o biorritmo. Enquanto alguns mal percebem a influência do fuso horário – o jetlag –, outros levam dias para se adaptar, sentindo-se letárgicos e irritáveis. Saber de antemão como você e os seus respondem a essa mudança poderá minimizar possíveis incômodos. Por fim, cabe ainda refletir sobre o planejamento. Há quem prefira seguir itinerários à risca; outros apreciam rotas espontâneas. Reconhecendo como familiares diferem nesse traço, você poderá bolar roteiros mistos, combinando tempo livre e estruturado. Assim, agradará a todos, afinal, celebrar os afetos é o que realmente importa.

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