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Carlos Solano: Criando um espaço sagrado

Carlos solano é arquiteto e escritor. Coordena a campanha Vamos Plantar Um Milhão de Árvores e pesquisa com devoção a cultura popular, as terapias da casa, a ecologia e o bem-estar.

Por Carlos Solano
Atualizado em 29 ago 2018, 11h48 - Publicado em 2 Maio 2013, 13h23
Carlos Solano arquiteto

Podemos ativar a lembrança do sagrado em nossa casa, coração e mente e, com isso, fortalecer a vida. A casa pode se enriquecer com a “presença” do Guerreiro, do Cura­dor, do Visionário e do Mestre – as quatro faces fundamentais do ser humano.

 

O Guerreiro é aquele nosso impulso de evolução e movimento, que respeita e protege o que nos é essencial. Concretiza sonhos, segue a verdade, honra todas as coisas e, com coragem, faz a ponte entre espírito e matéria. Por isso, ele tem a ver com o céu, com o reino dos deuses, os nobres ideais e, na casa, com os objetos que, para nós, são sagrados. Seja por nos ligar ao divino, seja por nos lembrar de pessoas ou momentos especiais, esses objetos “elevam” ou inspiram a vida. O Guerreiro ainda sugere: tenha sempre plantas em casa, pois elas ajudam a alma a florescer. O Elemento dele é o Ar.

 

O Curador, ou a presença da bondade, surge quando abrimos o nosso coração. Ele valoriza o cuidado com a vida, o ambiente ou a própria saúde. Gosta de uma casa generosa, que acolhe, e de objetos que guardem sentidos positivos. Aprecia os ambientes serenos, pois, para ele, o descanso é fonte de renovação. Porta-voz da casa saudável, da ecologia e da dieta vegetariana, que preserva os animais, ele diz: “Quando estendemos as mãos para ajudar o mundo, nós também recebemos”. O Curador sugere: inclua na casa tudo o que possa nutrir e acalentar a vida. Deixe em cada ambiente, bem à vista, um objeto de valor afetivo, que lhe seja especial. Elemento: Terra.

 

O Visionário representa o nosso anseio por beleza, propósito e criatividade. Ele nos convida a ver como somos, pois acende a luz da verdade. Na casa, ele se faz presente em uma boa iluminação, na ordem e nos rituais de limpeza, na pureza do ar, da comida, da água e do ambiente. Se o lugar é puro, é possível enxergar o melhor…O Visionário sugere: ore e imagine-se perfeito. Depois, selecione 27 objetos nos quais você quase nunca mexe e mude-os de lugar. Isso pode ajudar a ver a casa de outra forma e atrair, para a vida, um novo sentido de beleza. Elemento: Fogo.

 

O Mestre diz: “Tenho apenas três coisas a ensinar: simplicidade, paciência e compaixão”. Com paciência, que é a ciência da paz, ele suaviza as cores, a luz, os ruídos e os odores da casa… Retira o supérfluo e tudo passa a funcionar melhor. Com simplicidade nos ambientes e no ritmo da vida, ele retorna com mais facilidade à fonte do ser. O Mestre sugere: crie um pequeno canto, ordenado, onde possa sentar e se aquietar. Se quiser, abençoe um punhado de milho (ou arroz), orando com ele entre as mãos. Depois, disponha os grãos pela casa. Elemento: Água.

 

Estas lições foram inspiradas no livro O Caminho Quádruplo, de Angeles Arrien (ed. Ágora), que sintetizou a sabedoria indígena de vários continentes. É incrível como esse antigo conhecimento ainda vale para os dias de hoje, nos quais a melhor ajuda, a nós mesmos e ao mundo, é fazer com que a casa e a vida sejam uma resposta para o caos, com evolução, cura, verdade e simplicidade.

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