Paralela: Yurtacaraíva, uma comunhão entre povos em forma de construção
A cabana é originária do Quirguistão e foi construída por indígenas pataxós como parte do projeto "De Volta ao Porto do Boi"
Bem ao lado do palco de Talks na Feira Paralela, está algo bem diferente de um estande. Trata-se de uma construção chamada Yurta, feita pelos indígenas pataxós Muca e Bajau (seus nomes significam, respectivamente, “união” e “porta-flecha”). Sentados no interior, usando seus cocares, eles contam que aprenderam a construir a Yurta com “um gringo que veio”.
Esse estrangeiro era o belga Jappe Delva que, junto de Rafaela Zincone e Luana Andradeum, criaram do projeto ‘De Volta ao Porto do Boi’. A ideia era oferecer possibilidades de incremento de renda aos moradores da comunidade indígena Pataxó do Porto do Boi. A verdade é que a técnica construtiva da Yurta vem de muito mais longe do que da Europa. Originária do Quirguistão e com mais de 3.000 anos, ela é patrimônio tombado pela UNESCO e era morada de povos nômades da Ásia.
Essa morada ancestral é cheia de significados. A coroa na parte superior sustenta a estrutura e representa o Sol. As ripas são os raios de luz e as treliças das paredes são os troncos e galhos emaranhados das florestas. A porta parece pequena e realmente é: tem apenas 1,60 m, para que quem entre, faça uma reverência à Terra.
Muca e Bajau dizem, com orgulho, que a Yurta da feira é um primeiro protótipo e foi executado em menos de um mês, “mas a montagem aqui na feira leva menos de uma hora”. Os materiais são muito elementares: madeira, corda e algodão encerado – um tipo de lona. As paredes são sanfonadas e os arcos são soltos, o que permite o deslocamento e montagem em outro local. Dentro da construção, há uma seleção de móveis e objetos decorativos curados por Fabio Galeazzo.
Os dois também contam sobre a troca cultural que viveram com “o gringo”, e como era enriquecedora o cruzamento de experiências, conhecimentos e tradições, mesmo com as barreiras da linguagem. Esse intercâmbio é exatamente a alma do projeto que, de várias formas, povos diferentes podem partilhar da mesma morada, pessoas de origens divergentes podem se unir e construir algo novo, afinal, como coloca o nome da obra “somos todos indígenas”.
Serviço 37ª Paralela Design
Quando?
Dias 12 e 13 – das 10h às 20h
Dia 14 – das 10h às 18h
Onde?
Pavilhão Oca Ibirapuera – Av. Pedro Álvares Cabral, Parque Ibirapuera, portão 3, São Paulo
Quanto?
Gratuito. Evento com foco prioritário em lojistas e profissionais da área.
Credenciamento no site: www.paraleladesign.com.br