As cerâmicas de Francisco Brennand eternizam a arte pernambucana
Francisco Brennand veio a falecer hoje (19 de dezembro de 2019), aos 92 anos, devido a uma complicação do trato respiratório
A história do nordeste brasileiro foi fortemente marcada pela chegada da Família Brennand, que deixou um legado histórico e artístico de suma importância. Especialmente em Pernambuco. Um desses personagens principais da história cultural do Estado foi Francisco Brennand, que veio a falecer hoje (19 de dezembro de 2019), aos 92 anos, devido a uma complicação do trato respiratório.
Resumindo, Francisco Brennand nasceu em meio à cerâmica, nas terras do antigo Engenho São João, a primeira fábrica da família – a Cerâmica São João, em 1927.
Já no ensino médio, Francisco mostrou seu interesse pela literatura e pela arte. Mas foi em 1948, na França, que o escultor se deparou com uma exposição de cerâmicas de Picasso, e o “match” com a arte e técnica aconteceu.
Após esse período na Europa, em 1952, Brennand decidiu aprofundar-se no conhecimento das técnicas da cerâmica, iniciando estágio em uma fábrica de majólicas na cidade de Deruta, na província de Perúgia, Itália. Após retornar a terras brazucas, realiza seu primeiro grande painel na fachada da fábrica de azulejos da família e, após isso, em 1958, inaugura um mural cerâmico na entrada do Aeroporto Internacional dos Guararapes, no Recife. E aí não parou mais.
O artista reúne cerca de 80 obras entre murais, painéis e esculturas exibidas em prédios públicos e edifícios particulares espalhados na cidade do Recife, e em outras cidades do Brasil e do mundo, como o mural cerâmico da sede da Bacardi em Miami, com 656 metros quadrados.
É também de sua autoria as 90 obras expostas no monumental “Parque das Esculturas”, construído no ano 2000, sobre um arrecife natural localizado em frente ao Marco Zero, em comemoração aos 500 anos do Descobrimento do Brasil, que se tornou importante ponto turístico da cidade do Recife.
Além disso tudo, a antiga fábrica da família, cercada por jardins de Burle Marx, transformou-se em museu-ateliê do artista, reunindo mais de 2 mil obras de cerâmica, grande parte dispostas a céu aberto.
O artista pernambucano deixa um legado único, rico e de grande valor para o Estado, fazendo parte da história e construção da capital do frevo. Fica aqui a nossa homenagem a Francisco e consolo para toda a família.