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Igreja em Bolonha apresenta arquitetura fora da curva

Diferente das tradicionais, a Igreja do Ladrão Arrependido busca ecoar o misticismo da vida cotidiana sem ser monumental

Por Yara Guerra
Atualizado em 17 fev 2020, 15h46 - Publicado em 21 out 2019, 15h25
(Simone Bossi/Divulgação)

Projetada por uma equipe de jovens arquitetos composta por INOUTarchitettura, LADO architetti e LAMBER + LAMBER, a nova Igreja do Ladrão Arrependido e o complexo paroquial anexo se abrem ao público, em San Lazzaro di Savena (Bolonha, Itália).

Iniciado em 2010, o projeto para o novo espaço sagrado nasce de um processo fortemente participativo compartilhado com toda a comunidade: uma igreja que não sacrifica suas dimensões simbólicas e evocativas, enquanto se esforça para ser reconhecível e inclusiva.

Inspirado pela imagem arquetípica de uma igreja, o design busca uma arquitetura desprovida de piedade para refletir fielmente a essência e, ao mesmo tempo, ser legível: sóbria e solene, mas não monumental. Ela ecoa o misticismo da vida cotidiana.

(Simone Bossi/Divulgação)

Apesar do revestimento da parede ser de cor clara, que evoca o mármore da arquitetura clássica, ele está livre do elemento material poderoso que prejudica as modestas geometrias de uma igreja. Assim, transforma-a em uma exceção preciosa dentro de seu contexto.

O perímetro da nova estrutura é definido por paredes que se curvam e se deslizam umas sobre as outras, levando às grandes portas entreabertas, que sinalizam dois acessos ao salão principal, além da entrada principal.

(Simone Bossi/Divulgação)

Uma rachadura contínua do céu à terra corta e divide a concha do edifício, revelando a presença do céu.

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Esse corte simbólico no véu do templo está intimamente ligado ao nome da nova Igreja do Ladrão Arrependido e à mensagem de redenção que ele procura transmitir.

(Simone Bossi/Divulgação)

Arquitetura, liturgia e arte foram cuidadosamente consideradas e analisadas ​​como facetas intimamente conectadas e como faces de um único corpo no projeto.

Os principais espaços litúrgicos foram organizados ao longo do espaço, construídos em nichos nas paredes: o batistério ao lado da entrada, a capela ao lado do altar e uma área aconchegante dedicada ao coro.

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O vazio central resultante, por sua vez, é dedicado ao salão da assembleia: um espaço íntimo e medido cujo ponto de apoio é o altar, ao redor do qual os bancos estão dispostos em um semicírculo, como um abraço, para acomodar mais de 300 devotos.

(Simone Bossi/Divulgação)

Os elementos da liturgia – o altar e a pia batismal – são pedaços de pedra de selenito: um gesso cristalino característico das colinas bolonhesas. Essas fortes presenças materiais emergem devido ao fundo de parede branca e correspondem à naturalidade do piso de madeira.

O resultado é um espaço interior aparentemente doméstico, caracterizado por alguns materiais cuidadosamente selecionados: íntimos, acolhedores e banhados por luz natural.

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(Simone Bossi/Divulgação)

Enquanto isso, o complexo paroquial se localiza no lado leste da igreja e consiste em dois novos edifícios, que formam um pátio interno com vista para todas as salas de aula de catequese.

Acaba por se tornar um espaço abertoarborizado e público para integração e reunião, além de atuar como um filtro do ambiente urbano.

O telhado do edifício, que liga a igreja e o prédio, é verde e inclinado, acessível a partir do parque. Este elemento enfatiza a conexão e a relação aberta do complexo paroquial com o contexto urbano ao qual ele pertence.

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(Simone Bossi/Divulgação)

A mensagem de libertação e redenção, ligada à figura do ladrão arrependido, é reforçada pela decisão de envolver os presos na penitenciária de La Dozza, em Bolonha (ao fim de sua sentença e após um período de treinamento) na fase de construção do complexo.

A igreja é, portanto, um projeto de significativo valor arquitetônico e social – um novo centro para acolher fiéis e visitantes de todas as caminhadas.

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