Carlos Ratti cria projeto de distrito tecnológico para Brasília
O escritório do arquiteto italiano projetou em mais de um milhão de metros quadrados, um espaço que irá abrigar residências, escritórios, praças e parques
O escritório Carlo Ratti Associati divulgou detalhes do projeto que fez em conjunto com a Ernst & Young desde 2018. O projeto é uma expansão urbana para transformar as superquadras da cidade de Brasília em um novo distrito de inovação e tecnologia imerso na natureza.
Batizado de Biotic, o projeto prioriza os espaços públicos já definidos pelas superquadras do modelo original, assinado por Lúcio Costa. Além disso, busca a recuperação de solos contaminados e a introdução de espaços de trabalho e encontros ao ar livre numa área próxima ao centro da capital.
O Biotic foi apresentado pelo escritório de Ratti para a Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap) e será um distrito de tecnologia e inovação de mais de um milhão de metros quadrados, que irá abrigar residências, escritórios, praças e parques urbanos.
Localizado no ponto de encontro entre o Plano Piloto de Lúcio Costa e o Parque Nacional de Brasília, a inspiração veio do desenho urbano histórico (declarado Patrimônio Mundial pela UNESCO). A ideia é criar uma nova área de expansão urbana para a capital do Brasil. Explorando a ideia de natureza domesticada, a proposta de Carlo Ratti pretende gerar um ambiente urbano híbrido, que seja social e ambientalmente sustentável, além de mais apropriado à escala humana.
Inspiradas no plano Cerdà, de Barcelona, as novas superquadras de Brasília serão organizadas em quarteirões menores acessíveis a pé. A divisão funcional da cidade é uma das maiores questões desde sempre. O arquiteto conta que a primeira vez que foi à capital ouviu uma piada de um amigo que morava lá: “sabe qual é o problema de Brasília? A quadra dos cafés fica longe da quadra do açúcar.”
E ele entende que a incorporação de atividades de uso misto no nível da rua permitirá proteger ainda mais os bairros internos do tráfego intenso de veículos e da poluição, fortalecendo o caráter local de cada superquadra, além de gerar ruas e espaços mais vibrantes e conectados.
O projeto também conta com um plano que reduz a pegada de carbono. Para aproveitar do clima de Brasília, Ratti também propõe escritórios a céu aberto que utilizam tecnologias digitais e gerenciamento de luz solar, vento e temperatura para oferecer aos seus usuários a oportunidade de trabalhar em contato com as áreas verdes das praças e parques. Isso será possível através de um mecanismo de fachadas em painéis de madeira móveis.