Iluminada com graciosidade por um painel policromático e emoldurada por jardins, esta casa em São Paulo foi concebida para oferecer aos moradores plena interação com a natureza
Por Por Deborah Apsan (visual) e Renato Bianchi (texto) | Projeto Vasco Lopes Arquitetura
Atualizado em 9 set 2021, 13h58 - Publicado em 19 ago 2016, 18h00
Metálicas, as barras chatas do guarda-corpo e a estrutura da varanda foram pintadas (Coral, ref. Uva-passa). A cor é semelhante ao tom que imita aço corten aplicado nas portas de correr e nos caixilhos do vitral. Na parede, a pedra-madeira (Pedras Morumbi) foi assentada minuciosamente. Mesa de jantar de jequitibá da Carbono.
(Foto: Martín Gurfein/Arquitetura e Construção)
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Um oásis encravado no meio da selva de pedra paulistana. Essa é a sensação proporcionada por uma visita à residência desenhada pelo arquiteto Vasco Lopes num terreno de 417 m² próximo ao Parque do Ibirapuera e sua flora opulenta. Tal percepção é resultado da total integração entre a área social e o abastado jardim que abraça o imóvel – o casal de moradores queria que o paisagismo operasse como extensão da rica vegetação do entorno. Para tanto, interior e exterior são separados por portas de correr de vidro incolor, ressaltando a experiência de atmosfera aberta e com o mínimo de interferência visual.
A fim de que o projeto se tornasse realidade, com uma estrutura mista de aço e concreto, a antiga casa foi totalmente demolida. “Preservamos apenas uma frondosa pitangueira. Sua posição estratégica hoje protege o quarto do casal”, revela Vasco. Os 410 m² erguidos se dividem em três pisos. No térreo, estão as salas e a ala de serviço. Elas são separadas por um paredão de pedra que começa na garagem e se estende até o estar, passando pelo hall de entrada, pelo canto da TV e terminando na cozinha. O piso superior, por sua vez, acolhe as suítes dos dois filhos pequenos e a do casal, cômodos conectados por uma elegante e iluminada passarela. Por último, no ponto mais alto, a cobertura abriga um terraço com escritório, sauna e até um solário posicionado na altura da copa das árvores centenárias vizinhas do lote, motivo de agradável interação com a natureza. “Compramos o lugar por causa elas”, revela a proprietária, ceramista.
Baseado em materiais brutos e cores neutras, o estilo de Vasco Lopes abriu aqui uma honrosa exceção para o generoso vitral geométrico instalado no alto do pé-direito duplo da sala. Além de propiciar luminosidade extra e privacidade em relação aos vizinhos, a peça produz um destacado efeito policromático no espaço quando recebe os raios do sol. Em nenhum momento, no entanto, perde-se a conexão com o lado de fora. “O projeto consegue captar a iluminação natural para o interior”, conclui Vasco.
1/11 Metálicas, as barras chatas do guarda-corpo e a estrutura da varanda foram pintadas (Coral, ref. Uva-passa). A cor é semelhante ao tom que imita aço corten aplicado nas portas de correr e nos caixilhos do vitral. Na parede, a pedra-madeira (Pedras Morumbi) foi assentada minuciosamente. Mesa de jantar de jequitibá da Carbono. (Foto: Martín Gurfein)
2/11 A composição e os tons do vitral (A&E Brasil Esquadrias de Alumínio) foram escolhidos pelos moradores em parceria com o arquiteto Vasco Lopes. Os vidros térmicos são laminados com películas de acrílico coloridas e estruturados em caixilhos de alumínio, mesmo material das portas. (Foto: Martín Gurfein)
3/11 A filha do casal, de 7 anos, brinca sob desenho do vitral projetado no piso de tábuas de cumaru (Umuarama). A estante (AG Movelaria & Design) foi traçada pelo arquiteto para abrigar aparelho de som, CDs e discos de vinil do proprietário. (Foto: Martín Gurfein)
4/11 A cascata de concreto aparente formada pelo verso da escada reafirma o tratamento natural dado aos acabamentos. Nas paredes internas, apenas massa fina e, nas externas, revestimento texturizado com pedriscos. (Foto: Martín Gurfein)
5/11 O paisagismo privilegia espécies tropicais e frutíferas, como os pés de romã, limão, jabuticaba e uvaia. Deck de cumaru (também da Umuarama). (Foto: Martín Gurfein)
6/11 As pedras que revestem o paredão foram cortadas manualmente em formato reto, mas com dimensões irregulares para manter a rusticidade do material. (Foto: Martín Gurfein)
7/11 Fechada com folhas de correr de vidro do tipo jumbo (com medidas acima do padrão no Brasil; da A&E Brasil Esquadrias de Alumínio), a estrutura metálica que apoia a laje de concreto da varanda contribui para o diálogo entre interior e exterior. Original do terreno, a pitangueira sombreia a suíte do casal. (Foto: Martín Gurfein)
8/11 A preocupação com a iluminação natural aparece em todos os pavimentos. Nas suítes das crianças, o muxarabi (ao fundo) assegura ventilação, controle de luz e privacidade. (Foto: Martín Gurfein)
9/11 Sobre a escada que conduz ao terraço, o teto de vidro laminado é sustentado por pergolado com estrutura de alumínio e cumaru. (Foto: Martín Gurfein)
10/11 O terraço, no último andar, é muito bem aproveitado: reúne o escritório, a sauna e uma ampla área de descanso e convívio onde os moradores podem desfrutar da companhia das árvores vizinhas. Lá fora, o piso é de pedra goiás (Pedras Morumbi). (Foto: Martín Gurfein)
11/11 Os três andares se ligam de forma a permitir que todos os ambientes recebam a luz solar e proporcionem contato com a vegetação. Área construída: 410 m²; Arquiteta colaboradora: Caroline Cursino; Construção: LTC Construções; Estrutura: Firgal Engenharia; Marcenaria: AG Movelaria & Design; Luminotécnica: LIT Arquitetura de Iluminação. (Foto: Martín Gurfein)