Vazios e passarelas fazem recortes no desenho desta casa de 485 m²
A partir do aclive do terreno, a Casa Subtração - projeto do escritório FGMF - reúne planos desencontrados em uma construção com estética modernista
Assinada pelo escritório FGMF, a Casa Subtração fica no condomínio Quinta da Baroneza (SP) e foi projetada para um casal com filho adolescente em um lote quadrado, aproveitando a topografia com leve aclive e oferecendo uma vista generosa.
A preocupação dos arquitetos em preservar o visual levou à decisão de escavar o terreno na faixa central, criando assim um subsolo com pátio iluminado, garagem e jardim no nível da rua, elevando-se em contrapartida a casa em relação ao solo.
Para tanto, optaram por uma estratégia incomum aos trabalhos do escritório: partiram da concepção teórica de dois planos em concreto aparente, elevados, ocupando toda a porção do terreno possível, respeitando recuos e demais legislações aplicáveis ao local.
Com essas dimensões, estudaram diversos organogramas de ocupação da casa, com as áreas sociais, íntimas, de lazer e serviços, até encontrar a organização que parecia mais adequada.
A partir dessa “ocupação” entre planos, estudaram diversos recortes no plano superior e inferior, criando passarelas, vazios por onde jardins do subsolo atravessam a construção, e rasgos de luz, mas sempre preservando os limites dos planos originais – daí o nome subtração que batiza a residência, pois foi um trabalho de supressão, de recortes dos planos.
Com essa organização, grande parte dos ambientes se integra a terraços externos, proporcionando uma conexão íntima com a natureza ao redor. Os quartos e banheiros, por sua vez, são como pequenas caixas brancas encaixadas entre as lajes, oferecendo um contraste marcante.
A horizontalidade acentuada do projeto é equilibrada por vazios estrategicamente posicionados nos planos horizontais, desenhados de forma desencontrada e associados às escadas. Esses vazios não apenas proporcionam múltiplas vistas, mas também incentivam o contato visual entre as pessoas da casa, seja na sala, na piscina ou no jardim da garagem, onde a vegetação local cresce e ocupa parte dos vazios.
O escritório destaca que o desafio era fazer um programa convencional assumir uma aparência longe do comum, e o resultado é uma casa com uma área interna compacta (de 485 m²) em relação à expansiva área externa (o terreno total tem 3106 m²). Construída com concreto armado moldado in loco, a residência apresenta acabamentos de concreto polido no piso e alvenaria pintada de branco, conferindo-lhe uma estética modernista e minimalista ao mesmo tempo.
A piscina, estrategicamente posicionada na primeira laje, é o único elemento que rompe com a rigidez das bordas dos planos organizadores do partido, e reflete a luz de forma suave, como uma quebra predominância do concreto aparente. O paisagismo está integrado desde o início, complementando e estruturando os espaços internos e externos.
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