A parceria pessoal e profissional dos donos desta casa soma mais de 30 anos
Por Por Deborah Apsan (visual) e Joana L. Baracuhy (texto) | Projeto Alberto Lahós e Marco do Carmo Arquitetura e Interiores
Atualizado em 15 Maio 2023, 20h07 - Publicado em 29 jul 2016, 17h00
Em clima de sossego, os donos da casa curtem este terraço, de onde enxergam a represa, as áreas de mata preservada e o vasto horizonte. A atmosfera fica calorosa graças à pintura terracota (Coral, ref. Cobre-Alaranjado), marca registrada dos trabalhos deles. Quando o sol fica forte demais (no poente), mudam-se para o trecho na frente da residência.
(Foto: Cacá Bratke/)
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O talento da dupla não é pouca coisa. Com passagem pelo escritório do arquiteto e decorador Sig Bergamin, mestre de uma agradável mescla de estilos, Alberto Lahós e Marco do Carmo tornaram-se sócios em 1985 e, desde então, se dedicam a projetar casas e espaços com supremo conforto, bom gosto, ecletismo e atenção aos detalhes.
O sítio que ergueram por mais de uma década – arrumado meticulosamente, canto por canto – traduzia em grande nota essa trajetória. Horta, cozinha, objetos e quadros se somavam para um resultado primoroso, quase cenográfico. Mas… a manutenção trabalhosa e onerosa, o acesso difícil e a vontade de simplificar, típica da maturidade, falaram alto. Anos atrás, eles resolveram vender o suntuoso imóvel e aderir a uma proposta mais simples, afinada com a nova fase da vida. Escolheram um lote na mesma região – Joanópolis, a duas horas de carro de São Paulo – e se lançaram. “Antes, a conta na lojinha local de agropecuária era enorme. Não dava tempo para descansar, tínhamos que resolver tudo”, sentencia Marco, justificando a escolha por um condomínio fechado, que dispensa o caseiro e requer apenas faxina semanal, limpeza da piscina e jardinagem. Não levaram na mala certezas de que daria certo se instalar em lugar tão diferente, por isso as decisões vieram aos poucos.
Para começar, optaram por um terreno alto de 1 150 m², onde a construção poderia se abrir para os dois lados, receber muito sol e alcançar a vista de uma represa. Pensando em não destoar do ambiente, imaginaram algo com telhado, singelo e compacto. E investiram em acabamentos práticos, aplicados de maneira charmosa e original, grande feito da empreitada. “Nos rendemos à funcionalidade, vencendo nossos preconceitos quanto a materiais que não são autênticos”, continua. Assim o refúgio de 228 m² ganhou forma.
Rapidamente, uma rotina inédita se estabeleceu. Amigos vêm passar o dia: a estrada asfaltada possibilita isso. Não há mais cozinheira, é Marco quem prepara os quitutes, servidos casualmente na varanda. São outros tempos, celebrados pela dupla com leveza. “Se antes acima da mesa de jantar pendia um lustre de cristal, agora ele é de taboa. Aqui a gente tem menos coisas, não acumula. Basta o essencial”, finaliza Alberto.
1/22 Inevitável lembrar que os dois dizem estar numa fase de paixão pelo Mediterrâneo ao ver a entrada, com as paredes alvas e a porta pivotante azul (Coral, ref. Amsterdam). O piso contribui para o clima: leva pedra de lajão espessa, apoiada sobre base de areia e cimento molhada, sem contrapiso. A mesma mistura cobre as frestas. (Foto: Cacá Bratke)
2/22 O projeto buscou aliar referências locais e certa modernidade. (Foto: Cacá Bratke)
3/22 Se adotar um porcelanato que imita madeira parecia impensável, a facilidade de manutenção persuadiu Alberto e Marco, cansados de tábuas empenadas e cera. Mas a escolha foi criteriosa. O Ecowood canela (Portobello), em réguas de 22 cm e 15 cm de largura, forra a casa toda com vantagens: a textura é gostosa de pisar e, no dia a dia, basta varrer e passar pano úmido. (Foto: Cacá Bratke)
4/22 O corredor à esquerda dá acesso aos quartos e à sala de TV, cômodo alcançado também por meio da passagem à direita. (Foto: Cacá Bratke)
5/22 Da varanda, pode-se adentrar a morada através de duas esquadrias de vidro. (Foto: Cacá Bratke)
6/22 O capricho aparece nas portas internas de réguas tingidas de branco e nas luminárias de ferro, desenhadas por Marco e encomendadas a uma serralheria local. (Foto: Cacá Bratke)
7/22 A suíte e o escritório ostentam uma aplicação original para o MDF Essencial Duna Preto (Eucatex), instalado sobre sarrafos nas paredes. A paginação foi planejada por Alberto, que solicitou o corte dos encaixes macho-e-fêmea antes da fixação. (Foto: Cacá Bratke)
8/22 Duas pequenas cadeiras estampadas completam a suíte. (Foto: Cacá Bratke)
9/22 No banheiro, lambris nas paredes reforçam o estilo campestre. (Foto: Cacá Bratke)
10/22 O MDF preto se repete na parede da sala, decorada com diversos quadros. (Foto: Cacá Bratke)
11/22 A solução alia bom isolamento, preço atraente e visual impecável: as portas e janelas são de alumínio branco por dentro, nos caixilhos com vidro, e preto por fora, nas venezianas – ambas cores econômicas. O gradil quadriculado remete à arquitetura brasileira tradicional. (Foto: Cacá Bratke)
12/22 Outro dormitório da casa, bem iluminado graças à generosa esquadria. (Foto: Cacá Bratke)
13/22 Quem chega pensa estar diante de uma edificação térrea, pois não vê o quarto extra inserido no declive. A telha cerâmica palha, do tipo americana, foi amarrada e acompanha manta de subcobertura. Compõe com a pedra-madeira, aplicada sem massa aparente em paredes e muros. (Foto: Cacá Bratke)
14/22 Encantados com as enormes árvores do terreno, Marco e Alberto escolheram este lote. Depois, trataram de estabelecer sob as copas um quintal, onde põem as cadeiras e repousam à sombra. (Foto: Cacá Bratke)
15/22 As venezianas pretas marcam uma das fachadas da residência e contrastam com o gradil branco. No declive, no patamar inferior, existe um quarto extra. (Foto: Cacá Bratke)
16/22 Na sala de jantar, móveis antigos em nova função e o pendente de fibra natural. (Foto: Cacá Bratke)
17/22 O momento das refeições tem uma paisagem e tanto como cenário. (Foto: Cacá Bratke)
18/22 Rústica, a bancada é feita com pranchão de angelim-pedra protegido com resina (Bona do Brasil). (Foto: Cacá Bratke)
19/22 Com vista para o quintal, a grande esquadria permite que a luminosidade adentre a cozinha. (Foto: Cacá Bratke)
20/22 Em clima de sossego, os donos da casa curtem este terraço, de onde enxergam a represa, as áreas de mata preservada e o vasto horizonte. A atmosfera fica calorosa graças à pintura terracota (Coral, ref. Cobre-Alaranjado), marca registrada dos trabalhos deles. Quando o sol fica forte demais (no poente), mudam-se para o trecho na frente da residência. (Foto: Cacá Bratke)
21/22 Convidativa, a varanda é espaço para o convívio e o descanso. (Foto: Cacá Bratke)
22/22 O plano era erguer algo fácil de ser executado pela mão de obra da região. Daí o corpo de concreto e alvenaria, as lajes pré-moldadas na cobertura e os telhados: um da casa, outro da varanda. Área: 228 m²; Pedras: PR Piscinas e Pedras; Telhas: Telhas Santa Catarina; Esquadrias de alumínio: Esquadrias Vitória; Marcenaria: A Estância; Serralheria: Peças Forjadas. (Foto: Cacá Bratke)