Tons azuis e materiais rústicos marcam esta casa de fim de semana erguida num condomínio em Porto Feliz, no interior de São Paulo
Por Por Deborah Apsan (visual) e Silvia Gomez (texto) | Projeto Regina Strumpf e Rogério Gurgel/ RSRG Arquitetos
Atualizado em 9 set 2021, 13h59 - Publicado em 29 jun 2016, 17h30
Da entrada, a visão atravessa até os fundos da cozinha, exemplo da clareza oferecida pela planta. No hall, poltrona da Secrets de Famille.
(Foto: Cacá Bratke/)
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A casa de 375 m² ficou pronta no ano passado, mas, por alguma razão, parece estar ali há muito tempo. “Mesmo antes da chegada dos móveis, ela já tinha bastante vida”, afirma a arquiteta Regina Strumpf, autora do projeto ao lado de Rogério Gurgel, ambos sócios no RSRG Arquitetos. Essa sensação abstrata talvez possa ser explicada pela escolha dos materiais rústicos que revestem fachada, paredes e pisos: pedra bruta, tijolo de obras antigas e madeira de demolição. Junto das janelas e portas pintadas de azul e do ferro presente em delgadas esquadrias, os acabamentos bebem na referência provençal, o único pedido do proprietário. “No entanto, não moramos na Provença e tampouco queríamos desenhar um caixote. Fizemos então uma leitura conceitual do estilo, usando dois corpos de concreto moldado e blocos cerâmicos ligados por um elemento de transição, uma espécie de passarela envidraçada”, afirma Regina. Com telhado em duas águas, os dois volumes – um deles tem até chaminé – evocam a imagem do típico refúgio no campo. Como contraponto, além do corredor central de linhas retas, contribuiu o detalhamento da fachada. “Queríamos que as construções ficassem contidas entre as quatro empenas de pedra, que exibem todas a mesma altura”, explica Rogério Gurgel.
Essas formas nasceram naturalmente diante do terreno plano, de 2,5 mil m². “Não precisamos forçar a implantação, pois os recuos obrigatórios do condomínio, de 6 m nas laterais e 10 m na frente, guiaram o posicionamento claro e convidativo da residência, com pátios ao redor”, conta Regina.
No interior, a clareza se repete na distribuição dos ambientes: área íntima de um lado, espaço social do outro. Neste último, sala e cozinha aparecem abertas para o exterior, diante da piscina. Janelas baixas instaladas de ambos os lados garantem a ventilação cruzada, medida contra o calor característico da região, no interior de São Paulo. “Só há ar condicionado nos quartos. As paredes grossas de pedra, com 30 cm de espessura, também ajudam termicamente”, lembra Rogério. Lá fora, os pergolados de aço corten, cobertura de vidro e forro de palha completam o clima do fim de semana ideal, oferecendo a sombra com o jeito francês da Provença com a qual tanto sonhavam os moradores, em avarandados que parecem estar ali há muito tempo.
1/13 A cobertura em duas águas com telhas cerâmicas sugere a silhueta da típica casinha de campo dos sonhos, levemente contrariada pelas empenas laterais retas de pedra moledo, que parecem conter o volume central. (Foto: Cacá Bratke)
2/13 As janelas com peitoril baixo, de 45 cm de altura, permitem que as crianças pulem de um lado ao outro. (Foto: Cacá Bratke)
3/13 O trecho central de ligação entre os blocos da morada dá visão para o exterior graças às placas de vidro emolduradas em perfis de ferro de apenas 3 cm de espessura. (Foto: Cacá Bratke)
4/13 Esta foto revela a intenção do projeto de dividir a casa em dois volumes – o dos quartos (à esq.) e o social (à dir.) –, conectados pelo pavilhão envidraçado. As fachadas alternam pedra moledo e tijolos de demolição. (Foto: Cacá Bratke)
5/13 Da entrada, a visão atravessa até os fundos da cozinha, exemplo da clareza oferecida pela planta. (Foto: Cacá Bratke)
6/13 À frente da cozinha, a varanda é sombreada pelo pergolado de aço corten (HF Esquadrias Metálicas) fechado com vidro e coberto de palha (Fellicia). (Foto: Cacá Bratke)
7/13 Na sala de estar, o pé-direito alcança 5 m de altura no trecho mais alto do forro de madeira (Brasil Telhas), com tesouras aparentes. Luminárias e almofadas da Entreposto e da Luhome e tapete da By Kamy. (Foto: Cacá Bratke)
8/13 O pátio parece uma continuação do estar, separado pela abertura de 2,30 x 4,70 m com painéis de vidro em esquadrias de ferro. Cadeiras da Secrets de Famille. (Foto: Cacá Bratke)
9/13 O azul (Suvinil, ref. D076) da porta de madeira surge também no piso de ladrilhos hidráulicos da cozinha (Dalle Piagge, ref. Azul Ultramar). Na parede, pastilhas da Jatobá. Mesa da Secrets de Famille. (Foto: Cacá Bratke)
10/13 Acordar olhando para a paisagem é a proposta do quarto do casal. Também pintada de azul (Suvinil, ref. D076), a porta exterior de 2,35 x 3,18 m corre em trilhos de ferro aparentes. Manta e almofada da Luhome. (Foto: Cacá Bratke)
11/13 Tons de azul também surgem no piso do banheiro, que tem patchwork de nove estampas diferentes de ladrilho hidráulico (Dalle Piagge). Pastilhas da Jatobá nas paredes e bancada de Silestone. Banco da Secrets de Famille. (Foto: Cacá Bratke)
12/13 No bloco dos quartos, a fachada teve a superfície texturizada na obra e depois pintada (Suvinil, ref. A163), em vez dos tijolinhos de demolição. A piscina exibe pastilhas de 5 x 5 cm (Jatobá, ref. Verde Antilhas, JD 4706). (Foto: Cacá Bratke)
13/13 A planta faz um L ao redor do pátio com piscina, com ambientes privilegiando sempre a visão para o exterior. Área: 375 m²; Cálculo estrutural: Escritório Técnico César Pereira Lopes; Construção: Mantra Engenharia; Luminotécnica: Lumini; Serralheria: HF Esquadrias Metálicas; Marcenaria: Marcenaria Pimentel; Paisagismo: Daniela Malzoni e Renata Villar. (Ilustração: Campoy Estúdio)