Paris ou Rio? Difícil saber onde está projeto que soma estilos
O mix de referências engana e mal dá para saber se este apartamento fica em uma capital europeia ou na fluminense
Por Joana L. Baracuhy
Atualizado em 9 set 2021, 12h24 - Publicado em 8 nov 2017, 11h00
Talvez acostumado aos prédios centenários de Paris, cidade onde vivia até há pouco tempo (e mantém um braço de seu escritório, o JdJ Design de Interiores), o francês Jean de Just demore a revelar o endereço onde realizou uma de suas intervenções, após se fixar no Brasil.
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Enfim menciona o edifício Seabra, construção em estilo eclético localizada na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, e bem conhecida dos cariocas – afinal, trata-se da estrutura de 12 andares com arcos à veneziana na fachada e acabamentos opulentos.
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“Me disseram ser a primeira torre residencial erguida no Rio”, conta o arquiteto e designer, retomando a história que retrocede a 1931, data na qual a família Seabra concluiu sua inédita empreitada e passou a ocupar a luxuosa cobertura tríplex de 2 mil metros quadrados.
O olhar para as marcas do tempo, justamente, foi o que levou o cliente a contratar Jean. “Fiquei conhecido pelo projeto de adaptação e restauro de um hotel na cidade. Ele me procurou porque desejava um procedimento semelhante no apartamento comprado no prédio, tombado faz alguns anos”, continua.
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A visita à unidade de 150 metros quadrados (porção desmembrada da célebre cobertura) levou Jean de volta à década de 30, assim como à de 60 e 80, e à descoberta de soluções construtivas e decorativas tidas como ideais em diferentes momentos – algumas ele julgou fazerem sentido ainda hoje e manteve, outras não.
Na prática, isso significou uma espécie de arqueologia. Só no piso, foi preciso remover cerca de 10 centímetros, amálgama de carpete aplicado sobre contrapiso e linóleo, até revelar-se o lindo parquê de madeira original.
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Por todo lado, a situação era a mesma: camadas e camadas de materiais e ornamentos sobrepostos e justapostos, somatória de sucessivas reformas.
O arquiteto consultou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em busca de diretrizes. E pôs-se a rasgar o pano – a seda que recobria as paredes –, tingir de branco as portas então douradas, além de conceber uma suíte e uma cozinha novas (como resultado da divisão realizada anos atrás, a unidade havia ficado sem este ambiente vital).
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Funcionou. Aqui e ali, espelhos, mármores, portas, tacos e molduras ressurgiram em versão muito particular, porém mais harmoniosa.
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“O apartamento ficou um exuberante patchwork”, resume Jean, ponderando que poderia ter atenuado as marcas de época, mas satisfeito por ter enfatizado o valor histórico do lugar, exatamente como lhe foi encomendado. Afinal, ele não agiria assim caso estivesse em Paris?