Home office de 20 m² fica no meio da natureza
No quintal cercado pela Mata Atlântica, o arquiteto Hélio Carneiro ergueu seu escritório
Deparar com um sagui na janela é uma cena corriqueira na rotina do arquiteto Hélio Carneiro. Há cerca de dez anos, ele adquiriu um terreno de 1,4 mil m² na Serra da Cantareira, região de Mata Atlântica ao norte de São Paulo. “Havia acabado de me casar e o valor de que eu e minha mulher dispúnhamos, na época, daria para arcar com um microapartamento ou construir em terras mais distantes. Alguns colegas já moravam nos arredores, o preço ainda não era tão alto e seria uma oportunidade de viver bem num lugar que dispensa apresentações”, conta.
No novo lar feito por ele, um dos quartos serviu de escritório por anos. Até que, em 2014, o espaço viu seus dias contados: era preciso cedê-lo rapidamente à filha, prestes a nascer. Ao observar aquela área livre na entrada do lote, o arquiteto pensou: por que não? Com tempo restrito, recorreu à adaptação de um sistema familiar, o steel frame. “Sempre busquei diminuir o período gasto no canteiro e estruturei a minha casa e a de meus pais com aço”, lembra ele, que, desta vez, quis pôr fim a um problema clássico: o dilema entre manter um estúdio de arquitetura e gerenciar uma obra. “Meu novo posto de trabalho foi um protótipo para solucionar essa questão”, explica.
O projeto obedece à seguinte fórmula: um volume de 3 x 4,80 m com lavabo e copa, cuidadosamente calculado para a montagem completa num galpão. Tudo isso envolveu a criação de um piso especial, além de bases metálicas com engates a fim de transportar a construção finalizada até o local, já equipado com as tubulações e a fundação prévias. Tal processo levaria, no máximo, dez dias. No entanto, dois elementos atrapalharam essa agilidade: o muro divisório de pedra, de 2 m de altura, e a fiação elétrica existente. Por causa deles, a finalização precisou se dar in loco, totalizando 20 dias. “Esses quase 15 m2 podem ser replicados tanto lateral quanto verticalmente. Basta repetir a laje seca e respeitar sua modulação. E, se der vontade de mudar outra vez, consigo colocar de volta no caminhão.” Parece fácil. A parte difícil é encontrar coragem para largar um cantinho tão gostoso como esse.