Casa só parece fechada: a área social é toda aberta para o jardim
A sensação de esta morada ser térrea e escura se desfaz ao adentrá-la, quando o patamar mais baixo surge e grandes painéis de vidro exibem o jardim
Por Deborah Apsan (visual) e Marianne Wenzel (texto)
Atualizado em 9 set 2021, 12h42 - Publicado em 19 jul 2017, 17h09
Placas cimentícias
(R.O. Materiais de Construção) dão
acabamento à fachada principal.
(Evelyn Müller/Evelyn Müller)
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O lote ainda estava ocupado pela construção antiga e o casal de profissionais do mercado financeiro hesitava em se decidir pela compra quando a arquiteta Chantal Ficarelli mostrou um esboço daquilo que imaginava para o terreno.
Os dois reagiram com surpresa e certa incredulidade. “Aquilo vira isso?!”, perguntou o atual morador, descrente do potencial da morada feiosa, nas palavras dele, e mal distribuída.
Nos fundos, a geometria se incrementa com o volume revestido de tijolinhos por dentro e por fora, demarcando a cozinha gourmet, e com o pórtico de concreto de 3,35 m de largura (dos quais 90 cm formam um beiral para resguardar a caixilharia). (Evelyn Müller/Evelyn Müller)
“O que interessava aqui era a vista”, diz Chantal, que acompanhou os clientes nas visitas às casas promissoras e também analisou algumas que haviam sido anteriormente descartadas.
Entre essas últimas, estava a que saiu de cena para dar lugar ao novo endereço da família. Dela, sobrou apenas a fundação. O declive acentuado, longe de ser um problema, influenciou a planta.
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Na lateral, o caminho protegido pela cobertura de aço corten e vidro conduz da garagem até a entrada (ao fundo, a escada externa, junto ao muro, desce em direção ao jardim). (Evelyn Müller/Evelyn Müller)
“Ela acontece em dois momentos. No nível da rua, encontram-se os principais ambientes. O pavimento inferior, que ocupa o desnível, concentra a área de lazer, ligada ao jardim”, explica o arquiteto Tito Ficarelli, irmão de Chantal, com quem assina o projeto de arquitetura.
O home theater ocupa a parte da sala com pé-direito simples e sem janelas: medidas para evitar muitos reflexos na tela. Ao fundo, na área externa, vê-se o spa de 3 x 3 m (revestido de pedra hijau lisa, da Palimanan), escolhido pelo casal de moradores por ser mais fácil de manter do que uma piscina. (Evelyn Müller/Evelyn Müller)
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A tal vista que justificou todo o negócio se impõe assim que o hall de entrada fica para trás: ao mirar em direção ao jardim, vê-se a estrutura do telhado de duas águas desenhando um enquadramento que inclui o céu, a copa das árvores e o gramado, tudo numa mesma moldura.
Eis a vista que se apresenta a quem se encontra no topo da escada – uma composição perfeita entre jardim, copa das árvores e céu. Base para a telha tipo shingle, o compensado de virolinha foi eleito pelo visual elegante, que já dá acabamento interno ao telhado (Evelyn Müller/Evelyn Müller)
“Jamais conseguiríamos valorizar a paisagem da mesma forma com uma laje plana”, fala Tito. “Por isso, preferimos trabalhar com volumes mais diversificados, em vez de apostar todas as fichas apenas no caixilho reto de 6 x 10 m. Claro que ele daria uma caixa linda, mas não funcionaria para as pessoas, não proporcionaria conforto”, defende.
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Erguido com blocos estruturais de concreto, o pórtico recebeu acabamento de cimento queimado rústico, feito na obra. (Evelyn Müller)
Conforto e acolhimento eram qualidades desejadas pelo casal, que planejava ter mais um filho e gostaria de acomodar os parentes do Sul com mais privacidade.
Pois desde novembro, quando terminou a obra de dez meses, a família já veio se hospedar e o filho mais velho comemorou seu quarto aniversário com os amigos da escola. “A casa passou no teste. Estamos apaixonados, ela é linda de morrer”, declara-se o dono.
1/5 O mesmo material compõe a estante (HS Marcenaria,com objetos da Westwing) que acompanha uma das laterais da escada. Aqui, o pé-direito chega a 9,50 m. (Evelyn Müller/Evelyn Müller)
2/5 A cozinha gourmet, ao fundo, conta com churrasqueira da Construflama. (Evelyn Müller/Evelyn Müller)
3/5 O eixo formado pela escada e pelo corredor divide a área social ao meio, com a cristaleira fazendo as vezes de guarda-corpo para a sala de jantar. Ao fundo, a única parede colorida leva o tom Refuge (Sherwin-Williams, ref. SW 6228). Pendentes da Reka cuidam da iluminação geral. (Evelyn Müller/Evelyn Müller)
4/5 No estar, a parede lateral acomoda o home office. Todo o espaço, com exceção dos quartos, emprega réguas de porcelanato de 0,20 x 1,20 m (linha Brasília, da Portobello). Tapete da Phenicia. (Evelyn Müller/Evelyn Müller)
5/5 O primeiro corpo da morada, no nível da rua, concentra os ambientes principais.No pavimento inferior há uma suíte extra, além da lavanderia e das áreas dedicadas ao lazer. Área: 281 m²; projeto estrutural e construção: Construtora Domeng; interiores e luminotécnica: Arkitito; paisagismo: Arkitito (projeto) e Jardins de Luz (execução); serralheria: Serralheria Carvalho e Vanmar Serralheria. (Ilustração/Campoy Estúdio)