Casa erguida em três patamares dribla terreno inclinado
O lote irregular sugeriu uma ocupação em camadas: dividida em níveis que se comunicam conquistou espaços amplos e cheios de transparência
Por Por Deborah Apsan (visual) e Silvia Gomez (texto) | Projeto: Eduardo de Almeida Arquitetos Associados
Atualizado em 9 set 2021, 13h49 - Publicado em 15 dez 2016, 17h20
Além das restrições de construção, típicas de um lote urbano numa metrópole como São Paulo, o terreno de 363 m² impunha outro embaraço. “O antigo proprietário fracionou o lote, deixando uma forma irregular, com uma conformação relativamente estranha. Para otimizar o espaço e atender ao programa da família, usei justamente a linha onde começava o chanfro para determinar a área ocupada pela casa, esparramada em três níveis diferentes”, explica o arquiteto Eduardo de Almeida, autor do projeto de 380 m² concebido para um dos cinco filhos.
Tal divisão aproveita também de outra característica do lugar, um acentuado barranco. “Estabeleci então esse primeiro patamar junto da rua, onde ficaram a garagem e as duas entradas, além de depósitos de serviço.” No andar seguinte, estar e cozinha são compactos, mas parecem maiores em função da franca relação com o jardim. Outra solução capaz de reforçar essa percepção foi a criação de uma sala de TV intermediária e aberta, onde o pé-direito duplo conecta todo o conjunto. “Gosto dessa ideia de interpenetração de espaços, do vazamento entre pisos causando a sensação de continuidade – quando o olhar atravessa de um lado a outro.”
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A tudo isso serve a estrutura de concreto e aço, com lajes de painéis pré-fabricados, duas empenas laterais e uma linha de pilares metálicos. Discreto, esse esqueleto é fechado com amplos painéis envidraçados, combinados a persianas móveis para garantir ventilação permanente. Assim, a luz natural entra principalmente pelas faces da frente e dos fundos, já que a largura do lote se viu aproveitada em seu limite, restando apenas o recuo mínimo, de 1,60 m, em um dos lados.
“A relação da arquitetura com o entorno tem de ser gentil. Neste caso, a casa mal é percebida da rua, pois foi tratada como as vizinhas. No entanto, a relação interna é diferente, explorando ao máximo as possibilidade da implantação”, complementa Eduardo.