Uso de cor em blocos marca os espaços do pequeno apê
No projeto de reforma desta morada de 65 m² em São Paulo, os tons sólidos não apenas enfeitam mas sobretudo ajudam a setorizar o local e a marcar funções e estruturas
Por Por Silvia Gomez (texto) | Projeto Stuchi & Leite
Atualizado em 9 set 2021, 13h59 - Publicado em 13 jun 2016, 21h30
A sala foi ampliada com a inclusão de parte da cozinha. O laminado vermelho (Formica, ref. L 138 Vinho) cobre toda a superfície ao fundo, unificando visualmente as portas de entrada, do lavabo e dos armários de louça. Piso de cumaru (Indusparquet). Mesa de jantar do Fernando Jaeger; Cadeiras, poltrona e sofá do estudiobola e mesinha lateral da Decameron.
(Foto: Maíra Acayaba/)
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O apartamento num prédio dos anos 80 em São Paulo tinha uma planta banal, quase inexpressiva: a sala retangular isolada da cozinha contígua e dois dormitórios separados por um banheiro central. Lá no fundo, a área de serviço generosa – com lavanderia, banheiro e outro pequeno quarto – parecia desproporcional em relação à metragem total do imóvel, de 65 m². Pior do que isso, suas paredes bloqueavam uma segunda fonte de luz natural – a janelinha superior, que poderia melhorar a claridade necessária à ala social. “O estar, trecho mais nobre, acabava ficando escuro por causa de sua grande profundidade”, explica a arquiteta Fabiana Stuchi, autora do projeto ao lado de Carlos Leite, ambos sócios no escritório paulistano Stuchi & Leite.
Mais do que pôr divisórias abaixo, a obra concentrou-se em reposicionar os principais usos, mais bem acomodados ao dia a dia da moradora, uma jovem executiva. “Ela não tinha exigências quanto à distribuição, o que nos deu liberdade para pensar um novo programa, com direito a um pequeno lavabo na entrada, disfarçado pelo grande painel vermelho, que segue até a lavanderia camuflando portas, armários e até o aparelho de ar condicionado”, detalha Fabiana. Tons fortes como esse aparecem em diversos pontos, numa linguagem que se propõe a enfatizar estruturas e identificar funções. “Por isso, prefiro usar a cor em blocos, não em grandes extensões de parede.” A mesma lógica de continuidade surge em outra solução: a faixa de concreto que vai da TV à área de serviço, servindo ora como aparador e escrivaninha, ora como estante e bancada ao adotar variadas alturas ao longo dos espaços gora abertos.
Tal integração, no entanto, não perturba a porção íntima, onde o quarto menor virou um closet interligado ao dormitório maior. Mantido entre os dois cômodos, o banheiro viu seu interior ampliado ao deixar a cuba do lado de fora, no corredor à frente. Mais uma vez aqui, a luminosidade precisou ser multiplicada. “Com a porta de vidro aramado fosco, mantém-se a privacidade do local do chuveiro sem perder luz”, complementa Fabiana.
1/7 A sala foi ampliada com a inclusão de parte da cozinha. O laminado vermelho (Formica, ref. L 138 Vinho) cobre toda a superfície ao fundo, unificando visualmente as portas de entrada, do lavabo e dos armários de louça. Piso de cumaru (Indusparquet). Mesa de jantar do Fernando Jaeger; Cadeiras, poltrona e sofá do estudiobola e mesinha lateral da Decameron. (Foto: Maíra Acayaba)
2/7 Chumbado na parede, o móvel de concreto de apenas 4 cm de espessura percorre todo o estar, servindo de aparador baixo (40 cm de altura) e apoio para bar e laptop (72 cm de altura). Dali, ele muda de direção para virar a bancada da cozinha (92 cm de altura). Luminária da Reka. (Foto: Maíra Acayaba)
3/7 Depois de aberta e reposicionada na planta, a cozinha, visível da entrada, ganhou revestimento de azulejos (Lurca) e armários de laminado colorido da Formica: vermelho (ref. L 138 Vinho), cinza (ref. LN 80 Fendi) e mostarda (ref. L 523 Novo Cromo Real), mesmo tom do piso de ladrilho hidráulico hexagonal de 15 x 15 cm (Dalle Piagge). (Foto: Maíra Acayaba)
4/7 Continuidade da cozinha, a lavanderia ocupou o espaço do antigo quartinho de serviço. (Foto: Maíra Acayaba)
5/7 Observe o recorte do painel revestido de laminado vermelho, que corre num trilho preso no teto para esconder o ar-condicionado, disfarçado pelo módulo ripado azul. (Foto: Maíra Acayaba)
6/7 O quarto da moradora ganhou feições de suíte com a incorporação do banheiro, fechado pela porta translúcida de correr de vidro aramado. A fim de ampliá-lo internamente, o projeto transferiu a pia para fora. Com 30 x 45 x 210 cm, a bancada é revestida de porcelanato (coleção Concretíssyma, da Portobello). (Foto: Maíra Acayaba)
7/7 À esq.: a cozinha perdeu divisórias e parte de seu espaço foi incorporada ao estar, assumindo uma configuração aberta. Entre os dois quartos, estabeleceu-se nova conexão, já que um deles virou closet. Área: 65 m²; Arquitetos colaboradores: Daniela Mello, Danilo Bocchini, Francisco Costardi, Thayse Portugal; Obra: Stuchi Soluções de Engenharia; Marcenaria: Comercial Ailson Moura; Luminotécnica: Reka. À dir.: um móvel, muitas funções. Moldada na obra, a estrutura de concreto armado percorre toda a área social do apartamento. Suas medidas vão mudando para que assuma diferentes usos: 44 cm de profundidade na sala e 60 cm na cozinha e na área de serviço, quando se torna bancada. Na versão mais alta, a 1,70 m do piso, serve de prateleira para livros e objetos. E em diversos pontos ampara gabinetes (cinza) e armários suspensos (vermelhos e amarelos). (Ilustrações: Campoy Estúdio)