Continua após publicidade

Gosto Gótico no décor: você ainda vai se render a ele

A tendência do momento é o resgate à ancestralidade através do carvão e da terra

Por Redação
Atualizado em 28 fev 2024, 11h00 - Publicado em 15 abr 2019, 14h51
(Reprodução/Casa.com.br)

Não se assuste quando se deparar com um belo sorvete de cone com tom de carvão passando pela sua timeline. A onda de alimentos bem escuros – uma tendência do Gosto Gótico apontada pela Nextatlas – vem tomando conta das redes e revelando uma ressignificação das cores em todas as esferas: o all-black é agora símbolo de completude e de conexão com a terra.

Mas se você olhou para essa imagem e imediatamente achou que parece comer terra: a ideia é essa mesmo. Apesar de ser considerada um distúrbio alimentar pela psiquiatria, esta prática tem nome – geofagia – e não é nada nova na história do planeta Terra: tanto humanos quanto animais, em dado momento de evolução, encheram o prato de terra – de acordo com cientistas. Há relatos de pessoas que comiam terra desde a Antiguidade. O grego Hipócrates menciona o ato em alguns dos seus escritos e sabe-se também que a argila fazia parte de tratamentos de saúde tanto para os egípcios como para os povos mesopotâmicos.

Os cientistas acreditam que, como o solo é rico em cálcio, sódio e ferro, a vontade de comer terra entre humanos e animais pode vir de uma ausência destes minerais no organismo. A hipótese mais aceita na comunidade científica, entretanto, é a de que terra possui uma propriedade detox, ou seja, ajuda a desintoxicar e combater bactérias e vírus. Assim, o carvão e a terra seriam maneiras de purificar.

Continua após a publicidade
Loft Cinquentina, de Anik Mourão na CASACOR Ceará 2018 (Felipe Petrovsky/Casa.com.br)

A ideia de reconexão com a natureza e resgate à ancestralidade vem aparecendo de diversas maneiras em projetos de design de interiores nos últimos anos – principalmente, em mostras de decoração, onde os profissionais conseguem explorar conceitos e sensações de maneira artística. Foi exatamente isso que inspirou a designer de interiores Anik Mourão a criar um espaço todo revestido de carvão em torno de uma banheira em seu ambiente Loft Cinquentinha da CASACOR Ceará 2018. Pensado para uma mulher independente na faixa dos 30 anos, Anik criou uma instalação de arte provocativa. “Usei o carvão como uma purificação, a ideia é deixar para trás o que não serve”, explica. Para a designer, a casa precisa ser vista como refúgio, “como lugar de pertencimento e uma maneira de nos ancorar no aqui e agora”, afirma.

Casa Neshamah, de Gustavo Neves na CASACOR São Paulo 2018 (Divulgação/CASACOR)

O arquiteto Gustavo Neves trabalhou com o resgate às origens em seu ambiente em CASACOR São Paulo 2018. A Casa Neshamah, que significa sopro da vida em hebraico, revela um espaço que é um organismo vivo. A arquitetura cênica de Gustavo Neves, com formas orgânicas, revela materiais naturais, texturas, iluminação intimista e remete às habitações primitivas do homem, às raízes da vida.

Banheiro Essencial Deca, de Juliana Pippi na CASACOR Santa Catarina 2018 (Divulgação/CASACOR)

Os designers de produtos e fabricantes também estão de olho na reconexão com a terra. Muitos revestimentos lançados no último ano já trouxeram o carvão como inspiração. A Ceusa com a arquiteta Juliana Pippi lançou a coleção Mosaico Era, inspirada o carvão mineral carbonizado, na Expo Revestir 2019. A peça também cobriu todo o Banheiro Essencial Deca na CASACOR Santa Catarina 2018, reforçando ainda mais essa atmosfera de purificação – um grande desejo da humanidade em 2019.

Continua após a publicidade
Publicidade