As enchentes de São Paulo e o projeto Parque Linear Córrego Verde
Simples placas drenantes ou valas verdes nas calçadas podem ser a solução para amenizar enchentes na Vila Madalena,<strong> </strong>em São Paulo. Conheça os detalhes deste projeto.
Por Reportagem Keila Bis Fotos Alexandre Rezende
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19 Jan 2017, 13h31 - Publicado em 18 Jan 2012, 18h27
Oculta pelo asfalto, uma imensidão de água corre por mais de 1 500 km de rios e córregos espalhados por toda a cidade. Antes usados pelos índios como fonte de navegação e alimento, passaram a ser tratados como obstáculo ao desenvolvimento e à modernização de São Paulo conforme o aumento da povoação. “Optou-se, então, por canalizá-los e escondê-los para a construção de ruas e avenidas”, explica a arquiteta e urbanista Raquel Rolnik. No entanto, na época das chuvas – principalmente neste mês – não há como contê-los. Completamente cheios, eles transbordam e, como suas várzeas estão ocupadas, inclusive por moradias, ocorrem as enchentes. “Elas são produto da urbanização”, avalia a geógrafa Odete Seabra. A situação se agrava ainda mais porque o solo da capital paulista é pouco permeável – tem apenas 40% de vegetação, segundo a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. “A água não tem para onde escorrer, fica na superfície e vai direto para os rios”, analisa o geólogo Álvaro Rodrigues. Na contramão desse cenário pessimista, apresentamos nesta reportagem pequenas medidas alternativas e alguns dos programas da prefeitura – em especial o Parque Linear Córrego Verde, no bairro Vila Madalena, com construção prevista para este ano.
Conheça o Parque Linear Córrego Verde
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O projeto – encomendado pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente – aposta em soluções simples, como placas drenantes e valas verdes nas calçadas. “Elas potencializam a eficiência das galerias e do reservatório de contenção de água, conhecido como piscinão, com construção também prevista”, explica a arquiteta e urbanista Anna Dietzsch, autora do projeto e sócia do escritório brasileiro da americana Davis Brody Bond Aedas.
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Nascentes. No começo da rua Beatriz Galvão, perto da avenida Doutor Arnaldo, nasce o córrego Verde, hoje todo canalizado. Para celebrar sua nascente, no final de uma rua sem saída, o local não utilizado vai se transformar numa praça com piso de placas de concreto drenante. Uma fonte com água dessa nascente e uma parede com queda-d´água proveniente de minas existentes no local trarão bem-estar.
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Praça General Oliveira Álvares. Os desníveis da praça, na rua Abegoária, serão usados para dividi-la em platôs conectados por rampas de placas drenantes. Em cada um deles, haverá soluções diferentes, como um solário e um piso alagável que se enche com a água da chuva. Ela escorre em direção ao reservátorio subterrâneo a ser construído para diminuir ainda mais a chance de enchentes.
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Beco do Batman. Localizado na rua Gonçalo Afonso, este espaço é um dos piores pontos de alagamento na cidade. No entanto, com todas as ações drenantes previstas no projeto em pontos anteriores ao beco, o problema será resolvido. A iniciativa pretende manter os muros grafitados e o piso de paralelepípedos e criar uma arquibancada e um palco para shows. Essa ação reforça a intenção de aproveitar áreas desocupadas para lazer e usos culturais.
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Sem fazer nenhuma desapropriação, a iniciativa prevê ainda a ampliação das calçadas para esporte e lazer e estimular pedestres e ciclistas. De acordo com a engenheira civil Monica Porto, presidente da Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica, São Paulo necessita desse tipo de ação. Na imagem, um exemplo de calçada do Parque Linear Córrego Verde com piso permeável composto de areia e base granular de brita, sarjeta contínua perfurada e valas verdes. Todos esses elementos absorvem a água da chuva, que é escoada vagarosamente.
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Anna Dietzsch e Carolina Bazo. Enquanto cursava o mestrado em Desenho Urbano pela Harvard Graduate School of Design, em Nova York, a arquiteta e urbanista Anna Dietzsch (à frente) estagiou no Davis Brody Bond Aedas. Em 2007, abriu uma filial do escritório de arquitetura em São Paulo, que conta com 20 arquitetos. Entre eles, Carolina Bazo (atrás), responsável pela coordenação do projeto Parque Linear Córrego Verde. O Museu Nacional 11 de Setembro, local antes ocupado pelas Torres Gêmeas em Nova York, e a praça paulistana Victor Civita levam a assinatura da empresa.