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Sala decorada para quem tem 20, 30, 40 ou 50 anos

Já reparou como a casa muda ao longo do tempo. Ela reflete o momento de vida que estamos vivendo

Por Texto Flávia G. Pinho | Fotos Luis Gomes | Reportagem Visual Fernanda de Castro Lima
Atualizado em 20 dez 2022, 21h39 - Publicado em 19 dez 2012, 21h09

*Matéria publicada em Minha Casa #33 – Janeiro de 2013

Olhe nas fases abaixo e tente identificar por qual momento você está passando. A sua casa, com toda certeza, traz uma decoração que reflete as situações de vida que você e sua família passam agora. Abaixo, você vê como é esse reflexo em cada etapa – 20, 30, 40 e 50 anos. Depois, pode olhar todas as fotos na galeria.

Aos 20 anos, o orçamento curto é determinante para as escolhas de quem está no início de uma vida independente

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Que gostoso montar a casa de estreia! mas não é fácil desembolsar a decoração toda de uma vez só. Na sala, portanto, cabem apenas as prioridades.

– O sofá, principal item da lista, vem seguido do rack para televisão e companhia – afinal, que jovem não ama novidades tecnológicas? “se faltar dinheiro para o rack, a tv fica na parede ou em um móvel improvisado”, afirma franciane Junctum, coordenadora de desenvolvimento de produtos da meu móvel de madeira, loja online com sede em Rio Negrinho, SC. “o importante é que o espaço seja gostoso para receber.”

– Para compensar o mobiliário simples, o momento impõe inventividade nos complementos. segundo edson Coutinho, coordenador de tendências da rede tok & stok, os jovens arriscam mais nas cores e investem em adornos, porque fazem questão de um lar com a cara deles.

Viva o improviso!

Paletes, caixas e módulos viram móveis de apoio. Aqui, o rack leva tijolos de vidro e prateleiras.

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– Vale garimpar entre os objetos dos pais: a maleta antiga guarda fotos, e os discos de vinil decoram as paredes.

– Banquetas, futons e pufes vão para onde se fizerem necessários, propiciando conforto aos amigos e dando aquela força enquanto não se tem mesa de jantar.

– A mesa de centro passa longe de ser prioridade – ponto para a economia.

– Canto para o computador? É na sala mesmo! A mesa de trabalho ajuda a organizar documentos, mas, se não couber no ambiente (ou no bolso), um suporte para notebook resolve a questão.

– Juventude combina com tons alegres, como o laranja vibrante das paredes (cor Pumpkin, ref. LKS 2073, da Lukscolor).

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Aos 30 anos, quando as crianças chegam, a casa se torna delas e a preocupação com a segurança cresce

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Quando os filhos chegam, trazem consigo um arsenal de brinquedos e equipamentos. “alguns se tornam tão constantes que viram elemento decorativo”, brinca a consultora de design ruth fingerhut, de são paulo.

– A preocupação com a segurança se sobrepõe aos gostos pessoais, como exemplifica ronald heinrichs, diretor da meu móvel de madeira: “ao escolher uma mesa, você confere como são os cantos antes de apreciar o design da peça”. ou, ainda, recorre a acessórios específicos para proteger os pequenos de possíveis acidentes.

– Também não adianta investir em acabamentos caros, pois sofá, almofadas e tapetes raramente escapam dos banhos de achocolatado. “estofados claros e difíceis de limpar não funcionam. os pais procuram por capas e revestimentos resistentes”, conta ana luiza florez, coordenadora de ambientação da rede etna. Enquanto os filhos são pequeninos, tapetes representam risco de tropeções e vão parar no armário. Os equipamentos eletrônicos migram para prateleiras altas, longe do alcance de mãozinhas curiosas, assim como os adornos mais delicados. Entram em cena os nada decorativos acessórios de segurança, como protetores para quinas de móveis, grades que restringem a circulação dos baixinhos e suportes para impedir que as portas batam. Mesmo quem dispõe de espaço de sobra precisa aprender a conviver com a parafernália dos pequenos. É fundamental prever uma área para as brincadeiras, como a mesinha de desenho.

– Armazenagem é a palavra-chave. Já que qualquer canto tem potencial para virar depósito de brinquedos, baús e cestos são aliados fortes na organização.

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– O sofá fica protegido sob um xale ou uma capa.

Aos 40 anos, os filhos estão adolescentes e querem ter a turma de amigos sempre por perto

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A criançada cresce, mas quem disse que a bagunça diminui ou desaparece? “Os que valorizam a convivência não podem ter aquela sala de visitas de showroom”, alega Ruth, lembrando que os brinquedos saem de cena, porém a turma de amigos ocupa o espaço.

– Tudo gira em torno do videogame, e, enquanto os adolescentes se desafiam nos vários jogos, se fartam com os quitutes dispostos na mesa de centro. “É a época de contar com múltiplos assentos no estar, permitindo que a turma assista a filmes comendo pipoca e pizza”, avalia Edson.

– Permanecem as tonalidades fortes e os investimentos em tecnologia, mas agora por influência dos filhos. “Se no passado a família mantinha o mesmo aparelho de televisão por toda a vida, atualmente os eletrônicos são superados em curto intervalo de tempo e substituídos com frequência”, aponta Franciane. Os filhos dão palpites e interferem na decoração. Os matizes vivos estão entre suas preferências, logo papéis de parede e acessórios coloridos mudam a cara do estar sem grandes gastos.

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– Engana-se quem acredita que brinquedos aposentados significam área livre. Jovens adoram videogame e cineminha doméstico regados a refrigerante e petiscos. Portanto, ainda não é hora de investir em acabamentos caros.

– Graças ao crescente poder de decisão da garotada, acelera-se a aquisição de aparelhos de última geração. Não à toa, os equipamentos voltam a se tornar o centro das atenções.

– Nada de formalidades: todos sentam no chão, sobre o tapete, ao redor da mesa de centro. Pufes e almofadas continuam indispensáveis, bem como o computador, mas este se encerra dentro do quarto – adolescentes buscam privacidade.

Aos 50 anos a família está criada e é hora de reassumir a casa e realizar os sonhos 

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Chega o momento de o casal finalmente concretizar seus sonhos de consumo. “É hora de comprar itens há muito desejados, como o móvel de desenho assinado, a adega climatizada e outros equipamentos mais caros”, comenta Ana Luiza.

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– Isso também não significa que o ambiente será impecável como uma vitrine. “O tempo de evitar a família é coisa do passado: o choque de gerações deixou de existir e a tendência é conviver”, defende Ruth. Netos e amigos são bem-vindos e continuam com acesso irrestrito ao espaço.

– De acordo com a consultora de design, a paleta vibrante tende a ser substituída por outra mais suave: “A maioria das pessoas procura o acolhimento dos tons terrosos e do verde”. Edson discorda: “Acredito que a sensação de liberdade estimule a experimentação com cores e com eletrônicos de ponta”. Nesta etapa da vida, duas mudanças significativas se fazem notar na ambientação: estabilidade financeira e mais tempo disponível. Na maturidade, os donos da casa se colocam novamente em primeiro plano. Livres dos palpites da garotada, os pais assumem os gostos pessoais e procuram móveis de linhas mais elaboradas, bem diferentes do tom descontraído que reinava em tempos passados.

– Recordações de todas as fases anteriores conquistam espaço nobre na sala. Fotos, objetos que lembram a infância dos filhos, souvenirs de viagens realizadas em família, heranças dos pais e avós – tudo pode virar decoração.

– Salvo exceções, os moradores saem menos e costumam passar a maior parte do tempo livre curtindo o lar. E continuam investindo em tecnologia, agora para o próprio deleite.

Clique para ler o depoimento das pessoas que estão vivendo cada uma dessas fases

Casa aos 20

Emília Barbosa, 26 anos, artesã, e Thiago Luís Santos, 30 anos, militar, moradores do Rio de Janeiro

“Quando nos casamos, em agosto de 2011, ganhamos uma casa de dois quartos, construída pela minha sogra, no Jardim Gláucia, na Baixada Fluminense. Nós dois estávamos saindo da casa dos nossos pais. Na sala, a prioridade era ter espaço para os eletrônicos, que o Thiago ama. Ele sonhava com uma televisão mega, embora eu não desse tanta importância. Compramos uma fininha de 42 polegadas, que colocamos em um rack baixinho branco, junto com o home theater e o videogame PlayStation 3, diante da parede pintada de vermelho. Como temos muitos jogos, fizemos uma estante de paletes para guardá-los. O sofá, também vermelho, foi escolhido pelo meu marido, mas não temos mesa de centro, porque recebemos amigos para jogar. E como os games requerem muita dança, acabaria atrapalhando. O pufe de tecido colorido foi feito pela minha mãe e o quadro de chita, por mim. Ainda não temos mesa de jantar, então por enquanto fazemos as refeições na sala, com o prato no colo. Quando vem mais gente, trago uma mesinha de apoio do quarto e sentamos no sofá ou no chão – futuramente pretendemos ampliar a casa e fazer uma saleta de almoço. O segundo quarto virou escritório, até que se transforme em quarto de bebê. Planejamos ter um filho em 2015 e, quando ele nascer, não faço ideia do que vou fazer com os eletrônicos!”

Casa aos 30

Alexei Koslovsky, 32 anos, engenheiro, e Cristina Koslovsky, 32 anos, pais de Alexei, 2 anos, e Juliana, 11 meses, moradores de São Paulo

“Moramos em um apartamento de 120 m², com dois quartos – as crianças dormem juntas. A sala tem dois sofás e uma mesa de jantar, mas tiramos a mesa de centro por causa dos filhos. Não chegou a acontecer nenhum acidente: foi uma medida preventiva, que também tomamos com os vasos, objetos pequenos e enfeites que ficam nas mesas laterais. Um rack acomoda TV e home theater, e todo o resto foi guardado ou colocado no alto das estantes. Mantivemos o tapete sobre o piso de carpete de madeira, mas o sofá já ganhou capa – é impossível não sujá-lo! A sala vive lotada de brinquedos que nem adianta tentar guardar: há espaço no quarto, mas eles estão sempre espalhados. Por isso, colocamos um bauzinho na sala, outro no quarto e, para que as crianças não enjoem, fazemos um rodízio dos brinquedos. O cadeirão de refeições da Juliana fica na cozinha. No entanto, comemos com mais frequência na sala e, por isso, levamos a cadeira de lá para cá. O carrinho de bebê também fica circulando pela casa. As janelas têm redes de segurança, as portas ganharam proteção para não bater e também instalamos cantoneiras em alguns móveis. As crianças tomaram conta de tudo, tanto que vamos nos mudar para uma casa maior, afastada do centro de São Paulo, onde haverá um quarto só para a bagunça delas.”

Casa aos 40

Lindalva Palmeira, 47 anos, coordenadora administrativa, mãe de Fernanda, 17 anos, e Beatriz, 14 anos, moradoras de São Paulo

“Moramos em um apartamento de dois quartos e as meninas dormem juntas. Na sala, temos uma grande TV de 40 polegadas porque elas adoram receber os amigos para assistir filmes. Optamos por abrir mão da mesa de centro, já que gostam de sentar no chão, no tapete fofinho e nas almofadas. Nos finais de semana, se chega alguma amiga para dormir, coloco dois colchões diante da TV e as três dormem ali. A Fê e a Bia não ligam tanto para videogame, gostam mesmo dos DVDs, com pipoca ou sorvete – as refeições no dia a dia, contudo, são feitas na cozinha. Tenho uma mesa de jantar na sala, que só usamos quando há visitas. Elas têm muito orgulho do nosso apartamento, curtem cada detalhe. Temos uma parede vermelha e um móvel para CDs amarelo, ideia das duas! Coleciono cadeirinhas em miniatura e vasos, mas não sou de trazer muitas recordações de viagem. A decoração nunca é planejada e acho que, além do meu quarto, não há um canto sequer que eu reconheça como só meu…”

Sala aos 50

Wladimir Nunes Martinez, 63 anos, engenheiro, e Xirlei Pedroni Martinez, 64 anos, aposentada, moradores de São Paulo

“Nossos filhos, Luciana e Luís Gustavo, têm 33 e 31 anos e já saíram de casa. O quarto que ocupavam agora fica arrumado para hospedar nossos netos, Gabriela e Helena – elas têm 4 e 2 anos e já gostam de dormir na casa da vovó. Quando nos mudamos para a casa atual, nossos  filhos eram adolescentes e viviam trazendo amigos e namorados, dando festinhas no tempo do cursinho. Minha maior preocupação, na época, era ter um sofá grande, pufes e poltronas que acomodassem pelo menos seis pessoas sentadas. Escolhia revestimentos fáceis de limpar e o sofá sempre foi impermeabilizado, recurso que mantenho até hoje por causa das netas. A diferença é que, agora, conseguimos investir nas coisinhas que gostamos. Antes não sobrava dinheiro para os quadros melhores e ainda éramos obrigados a respeitar a opinião dos filhos. Hoje, minha vontade pode prevalecer. Os pratinhos de viagem, por exemplo, que ficaram guardados por muitos anos, porque os filhos não gostavam deles, voltaram para a parede – só consultei a Luciana, que é arquiteta, para pendurá-los com uma linguagem mais moderna, bem próximos do teto. A sala voltou a ter a minha cara! Também tiramos o rack que ficava apoiado no chão, muito chato de limpar, e instalamos outro de parede. Ficou bonito e consegui aproveitar o espaço embaixo. Eu e meu marido hoje saímos pouco – gostamos mesmo de uma TV grande com blu-ray para ver filmes.”

*Matéria publicada em Minha Casa #33 – Janeiro de 2013

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