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Reforma no apartamento deixou concreto aparente em vigas

Tijolos aparentes só com pintura acrílica, vigas e pilares descascadas com o concreto aparente e taco rústico dão o tom no apartamento de 135 m²

Por Daniela Hirsch e Deborah Apsan Fotos Maíra Acayaba
Atualizado em 19 jan 2017, 13h14 - Publicado em 7 jan 2014, 17h22

Ainda criança, Felipe Hess circulava por São Paulo e não cansava de observar detalhes de fachadas, prédios em obras e terrenos cercados por tapumes. As brincadeiras infantis se  revezavam entre desenhos à mão e montagens com Lego. “Meu destino não poderia ser diferente: estudei arquitetura. Nunca me imaginei fazendo outra coisa”, diz o paulistano de 28 anos, que acumula passagens por escritórios renomados, como o Triptyque e o de Isay Weinfeld. Esse último, Felipe considera seu mentor – relação que transparece nas fortes referências e na linguagem de seus projetos. Quando decidiu seguir carreira solo, em 2012, o jovem profissional resolveu que era momento de sair da casa dos pais. “Passava sempre em frente a este edifício, construído em 1951. O ar modernista e a localização me atraíram. Sem falar que procurava um apartamento em andar baixo, com árvores na altura da janela, para ter um ar de casa mesmo. Era exatamente a unidade disponível.” Antes de se mudar, o arquiteto realizou uma reforma que consumiu pouco mais de seis meses de obra. Nada muito radical, porém a demora se justifica por trabalhos que às vezes não estão à vista. As instalações hidráulica e elétrica, por exemplo, foram substituídas. Já o invejável pé-direito de 3 m diminuiu 15 cm a fim de acomodar pontos de luz embutidos. “Priorizo iluminação periférica ou indireta, com o uso de abajures – só na estante da sala, são sete, que acendo com frequência”, comenta. Essas luminárias compõem uma das diversas coleções que o moço possui.

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Particularidades do projeto original, como rodapés e batentes, ele quis preservar. “Mesmo que não tenham a ver com meu estilo, fazem parte da história do apartamento, assim como a sanca na cozinha, que até confere certo toque art déco ao ambiente”, analisa. No estar, onde ele passa a maior parte do tempo, pedaços aparentes da estrutura de concreto evidenciam a idade do imóvel. Ampliado com a eliminação de paredes, o espaço concentra objetos que refletem algumas paixões: a música dos anos 60 e 70, a arquitetura e o mobiliário de autoria nacional. Muitos de seus itens preferidos Felipe adquiriu em antiquários e leilões, dos quais é frequentador assíduo. E, sempre que pode, traz peças de viagens, como os puxadores dos armários da cozinha, que vieram de Nova York, e as arandelas encontradas em Buenos Aires para o mesmo ambiente. Assim, devagarzinho, ele vai se cercando das próprias referências.

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A nova matemática da planta

O apartamento abriu mão de um dos três quartos para aumentar a sala, e a dependência de empregada deu origem ao closet. O único banheiro dividiu-se em dois: o lavabo e o de serviço. Já o da suíte surgiu no lugar da antiga lavanderia

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1) Nichos com 60 cm de profundidade surgiram do deslocamento das paredes. Na suíte, o trecho foi ocupado por uma bancada e, no corredor, por um roupeiro. 2) O banheiro original desmembrou-se em dois. Um atende à ala social como lavabo, com a possibilidade de uso de chuveiro, e o outro, menor, tem acesso pela área de serviço. 3) A remoção de divisórias (ou a redução de algumas) neste espaço enfatiza sua importância. A ideia era reiterar a sensação de amplitude e a integração à varanda e à cozinha.

 

 

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