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Chalé localizado a 1850 m de altura é compartilhado por duas famílias

Em plena Serra da Bocaina, a casa de madeira, alvenaria, concreto e vidro faz um convite irrecusável para os fins de semana: sentar e apreciar a paisagem

Por Por Eliana Medina (visual) e Silvia Gomez (texto) | Projeto Teuba Arquitetura e Urbanismo | Fotos Eduardo Pozella
Atualizado em 19 jan 2017, 14h05 - Publicado em 14 ago 2013, 23h34

A 1 850 m de altura, a casa muitas vezes se vê no meio das nuvens. “Há dias que percebemos uma delas entrando e, de repente, estamos imersos numa vasta neblina”, conta Luis, um dos proprietários. Sim, Luis é apenas um deles. Encomendado à arquiteta Christina de Castro Mello, do escritório Teuba Arquitetura e Urbanismo, o projeto deste refúgio de fim de semana foi pensado para abrigar dois casais de São Paulo com seus filhos. Luis, Vera e a menina Isadora. Célia, Edu e os garotos Miguel, Pedro e Vitor. É que Vera e Célia são irmãs. Já Luis e Edu, amigos antigos. Por que não construir juntos, então? Quase não houve desacordo. Mesmo porque, diante daquela paisagem do ponto mais alto da Serra da Bocaina, entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, não sobravam tantas dúvidas: o importante era usar bastante vidro, convidar a vista a entrar.

As duas famílias também precisariam de muitas camas, claro, e algumas delas foram dispostas em mezaninos, que aproveitam o pé-direito dos quartos. Ah, sim: e a cozinha deveria ser o centro dos dias passados ali. Virou uma continuação da sala, com fogão a lenha e uma mesa generosa olhando para as montanhas. “Não temos TV nem internet. A programação é ler, dormir, caminhar, andar a cavalo, visitar os amigos, voltar para a casa, ler, dormir, passear de novo”, detalha Luis. Até aí, tudo simples. Difícil mesmo para a arquiteta foi achar uma solução que driblasse o vento forte e gelado num dos lados, a face noroeste. “É onde fica o bloco dos quatro quartos. Brincamos com as janelas, que têm desenho diagonal para cortar a corrente de ar”, explica Christina. Com tal disposição, a ala íntima acaba por funcionar também como uma barreira, favorecendo termicamente a área social, logo atrás dela. Essas divisões espaciais são claramente explicitadas pelas linhas externas do projeto. Basta olhar a fachada, que setoriza cada função num volume diferente. “A arquitetura tem de dizer o que ela é. Dessa forma, prefiro os desenhos irregulares, sem simetria – instáveis, como a vida.” Já os acabamentos são básicos e neutros: alvenaria, concreto e madeira. Assim não concorrem com o principal, o entorno. “Quando o espaço é rico e fluido, dispensa qualquer excesso de materiais”, acredita a arquiteta. Por isso mesmo ela usou o vidro como fechamento do setor mais nobre: as salas integradas ao deck avarandado. “Essa permeabilidade entre dentro e fora é típica das moradias brasileiras, com suas varandas. Você chega e vai entrando na casa…” Nesta aqui, até as nuvens sabem que são bem-vindas.

 

Blocos bem marcados.

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A área social, com cozinha, é o miolo entre o grande deck e o corredor de quartos e banheiros. Os dormitórios se enfileiram no mesmo bloco, intercalados pelos banheiros. É a bancada da cozinha, com prateleiras altas, que divide a área íntima da ala social.

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Área: 230 m²; Projeto estrutural: José Carlos Medina Lopes; Projetos elétrico e hidráulico: KMl Engenharia e projetos; Execução: Paulo Penna de Mendonça; Serralheria: Sercont; Marcenaria: MC Marcenaria do Carlinhos

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