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Crowdfunding: financie boas ideias e mude o mundo

Crowdfunding promove projetos que contribuem com o desenvolvimento social. Conheça o modelo de financiamento e projetos que o utilizam.

Por Marcel Verrumo
Atualizado em 20 dez 2016, 19h06 - Publicado em 23 abr 2013, 20h02

O tempo está acabando e o coração da cantora Haikaa Yamamoto bate cada vez mais forte. Faltam dez dias para seu prazo se encerrar. É tudo ou nada. A paranaense, radicada nos Estados Unidos e que passava as férias no Japão durante a infância, corre contra o tempo e a única pessoa que pode ajudá-la a cumprir seu desafio é quem está diante do computador. A meta de Haikaa é difícil: arrecadar, nos próximos dez dias, cerca de 160 mil dólares para produzir a websérie Can Music save the World? (A música pode salvar o mundo?), sobre como a música pode ser usada como instrumento para transformar a sociedade. Para arrecadar o dinheiro, a cantora recorreu a um modelo de financiamento cada vez mais comum entre artistas e agentes sociais, o crowdfunding.

Can Music Save the World

Vaquinha coletiva

Surgido e firmado em 2010 nos Estados Unidos, o conceito de crowdfunding é de um financiamento coletivo e democrático: qualquer pessoa que tenha uma ideia de projeto pode cadastrá-la no site de financiamento coletivo (no Brasil, o mais conhecido é o Catarse), estipular uma quantia de dinheiro exigida para viabilizá-la e um prazo para a verba ser arrecada. No ar, qualquer internauta pode investir dinheiro no projeto; dependendo do valor investido, ganha um tipo brinde. Quanto mais o internauta investe, melhor a recompensa. No entanto, a ideia só é financiada se o projeto atinge a quantia de dinheiro necessária, ou seja, enquanto o projeto não arrecada a quantidade de dinheiro estipulada (dentro do prazo inicial), nenhum contribuidor precisa desembolsar grana.

A música pode salvar o mundo?

canmusic

Haikaa, do Can Music save the world, projeto que abre esta reportagem, sabe das possibilidades oferecidas por esse sistema, mas reconhece seus desafios. “O crowdfunding é bem legal porque me oferece uma independência na escolha dos temas do trabalho. Tenho mais de 43 mil fãs nas plataformas digitais e resolvi buscar o apoio deles também para o financiamento do projeto. Lancei a campanha há poucos dias e a arrecadação ainda não decolou. Este projeto é bastante complexo. É um grande desafio, mas minha vontade de dividir histórias de como a música pode mudar o mundo é enorme”, conta Haikaa, que arrecada dinheiro no KickStarter (maior plataforma de crowdfunding  dos Estados Unidos) e disponibiliza, em português, sua campanha no Youtube.

“Quando sinto que já sei”, a caminho da telona

No Brasil, um projeto que tem se destacado no Catarse, mas ainda não arrecadou a verba exigida para ser viabilizado, é o Quando Sinto que já sei, um documentário com a proposta de discutir o atual momento da educação no país. “A ideia de buscar um financiamento coletivo veio por dois motivos principais: realizarmos uma mobilização social para a captar os recursos, mantendo a independência do filme e promovendo uma campanha de marketing gratuita; também não gostaríamos de esperar o período de aprovação e captação de recursos via leis de fomento. Por contarmos com uma equipe pequena e sermos cineastas iniciantes, optamos por crowdfunding”, informa Antonio Sagrado Lovato, um dos diretores do documentário. Quem quer contribuir com o projeto pode investir de R$ 20 a 5 mil e, em troca, receber desde o nome no crédito dos filmes até o direito de promover uma seção para exibi-lo, passando por diversas recompensas que podem ser consultadas na página do projeto do Catarse .

Documentário Quando Sinto Que já Sei objetiva refletir sobre a educação no Brasil

O primeiro jornalístico bem-sucedido

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Quando um projeto consegue arrecadar, dentro do prazo, o valor estipulado inicialmente, os contribuidores desembolsam o dinheiro prometido e os responsáveis têm a missão de concretizar a ideia e disponibilizar os prêmios aos investidores.

A jornalista Natália Garcia já viabilizou dois projetos utilizando esse modelo de financiamento, aliás, ela foi a primeira brasileira a arrecadar dinheiro para um trabalho jornalístico, o Cidade para pessoas. No seu primeiro trabalho, bem-sucedido em março de 2011, a profissional se propôs a visitar 12 cidades europeias planejadas por Jan Gehl — arquiteto responsável pela malha urbana de municípios considerados modelos de desenvolvimento –, e verificar as soluções encontradas para melhorar a circulação de pessoas. Ela arrecadou mais de R$ 25 mil e, em dois anos, concretizou a ideia e divulgou em diversos meios de comunicação como essas cidades são planejadas. Em seu segundo crowdfunding, viabilizado no ano passado, Natália sugeriu fazer o mesmo trabalho, mas, dessa vez, conhecer as malhas urbanas de cidades norte-americanas, mexicanas e de outros países da América. Necessitava de R$ 15 mil para a ideia vingar; seus 291 apoiadores contribuíram com um total de R$ 17.367. A viagem aconteceu entre setembro e novembro de 2012. “Os próximos passos são viabilizar o fechamento do material já apurado e escrever um livro sobre as duas primeiras fases. Também temos a ideia de realizar uma terceira etapa para o projeto, visitando cidades africanas”, revela Natália.

Acessibilidade para bicicleta nos Estados Unidos

 

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