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Automação residencial: sem fio, controlada por celular e mais barata

Aquecer a água da banheira, acionar cortinas e persianas, controlar a iluminação, irrigar jardim... Comandos automatizados  trazem o hi-tech para a sua casa

Por Reportagem Leonardo Mourão | Design Ana Paula Cury e Manoel Vitorino Junior | Ilustrações Fabio Flaks
Atualizado em 20 dez 2016, 16h16 - Publicado em 27 abr 2012, 17h35
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Todas as possibilidades de automação de uma casa, incluindo controlar o funcionamento de equipamentos domésticos por smartphone ou tablet, são reais e cabem no bolso de cada vez mais pessoas. Cerca de 300 mil residências em todo o país possuem, hoje, algum tipo de automação, segundo a Associação Brasileira de Automação Residencial (Aureside), e esse número deverá crescer cinco vezes até 2015. “Os preços baixaram, a competência das empresas aumentou e as possibilidades só têm um limite: a nossa própria imaginação”, diz Eduardo Almeida, diretor da Disac, empresa que executa projetos dessa natureza.

Qual a melhor solução de automação para sua casa?

 

A resposta que os bons profissionais do ramo vão lhe dar é: transformar em automático algo que você já usa no dia a dia e exige esforço ou manobras complexas. Por exemplo, controlar uma cortina ou persiana que é aberta ou fechada várias vezes por dia, irrigar um jardim ou quintal, acender um grande número de luzes distantes do ambiente em que se costuma ficar. “Essa automação torna-se mais inteligente quando se vincula mais de uma ação simultânea a um único comando”, explica Bruno Pereira, coordenador de Marketing de Sistemas da Legrand. “Apertar apenas um botão, virtual ou real, para, por exemplo, acender determinadas lâmpadas e, ao mesmo tempo, abrir as cortinas e ligar o ar-condicionado é o que se chama criar um cenário.” Para o bom funcionamento integrado, segundo Bruno, é necessário ter um controle central, do qual partem os cabos que irão até os aparelhos automatizados. O controle dos cenários ou dos equipamentos individuais pode ser feito por painéis fixos nas paredes, os keypads, ou por aparelhos wireless, como celulares e tablets, bastando baixar pela internet os aplicativos fornecidos pelos instaladores.

 

Nos últimos dois anos, surgiram produtos que funcionam exclusivamente com aparelhos wireless, evitando assim o quebra-quebra de paredes. Explicado de maneira simples: cada cortina, conjunto de luzes, ar-condicionado etc. tem seu próprio receptor que capta o sinal do celular ou tablet, executando sua função. “Tenho experiências diversas com o wireless”, conta a arquiteta paulistana Fernanda Negrelli. “Em Miami, onde instalei o sistema num apartamento, toda a automatização é sem fio e nunca deixou de funcionar. Jamais houve problemas”, conta. “Aqui no Brasil, talvez por nossa banda larga ainda ser lenta, já encontrei problemas e interferências.”

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A chegada do celular à automação residencial

 

Controlar e programar equipamentos da casa à distância – como cenários de iluminação, home theater, cortinas e ar-condicionado – não é novidade. Mas a chegada dos smartphones e tablets causou uma revolução ao permitir a convergência de todos os controles num único aparelho portátil e móvel. É fácil assim: se um pai estiver no Japão e desconfiar que o filho resolveu assistir a um filme em vez de estudar, pode desligar a TV com um toque na tela do celular. Ou checar, acionando as câmeras de segurança, a situação em volta de sua casa. “Durante muito tempo, pensou-se nessa tecnologia como algo chique, para fazer inveja aos vizinhos, mas hoje ela se mostra inclusiva e democrática”, diz Gabriel Peixoto, dono da empresa Neocontrol e professor no curso de Telecomunicação da PUC-MG.

14 possibilidades da Automação (de abrir a porta a aquecer o piso)

 

1. Monitoramento e abertura de porta. A senha e a biometria só liberam pessoas autorizadas, e a câmera pode ser checada por celular ou tablet. Alguns sistemas enviam SMS quando alguém entra na casa.

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2. Cuidados com a água da piscina. Em intervalos programáveis, a água esquenta e o filtro liga. Além do conforto, isso permite economizar a energia elétrica utilizada pelas bombas hidráulicas.

3. Programação de cenários de iluminação. Esse é o mais procurado item de automação. Aciona diferentes combinações de luzes: para jantar, ler na poltrona, ver TV ou dar uma festa. O número de cenários é quase ilimitado.

4. Controle de aquecimento e ar-condicionado. Além de poderem ser ligados individualmente, esses aparelhos costumam compor dobradinhas com as luzes e o home theater para obter o clima desejado.

5. Aquecimento de piso. Muito usado nos estados do Sul do Brasil, permite regular a temperatura em cada ambiente. Com a convergência num único controle, combina-se com luzes e compõe cenários. Acoplado a um termostato, liga automaticamente.

6. Preparação do banho. Outro clássico da automação. Ganhou ainda mais charme com a possibilidade de ser controlado via rede wireless. Do escritório, você já manda sua banheira ir aquecendo e controla as bombas da hidromassagem.

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7. Acionamento de torneiras por toque e iluminação. Basta apoiar as mãos sobre a bancada da pia para que as torneiras se abram e luzes se acendam automaticamente, iluminando o espelho. Uma mão na roda quando se carrega algo.

8. Integração total no home theater. Equipamentos pioneiros da automação, os home theaters são os mais integráveis: compõem cenários com cortinas, luzes, áudio, vídeo e telefonia.

09. Aquecimento do fogão e controle da geladeira. Que tal chegar em casa e encontrar pães de queijo quentinhos? Os fogões programáveis cuidam disso. Também dá para monitorar se alguém “assalta” a geladeira.

10. Abertura e fechamento de teto solar. Por meio de smartphone e tablet, dá para fechar a claraboia esquecida aberta antes do temporal ou escancará-la para refrescar a casa quando chega a noite.

11. Acionamento da lareira a gás. Nada de juntar gravetos e soprar brasas. Hoje, lareiras podem ser acesas por um dispositivo do tamanho de um chaveiro ou por tablet e smartphone. Mas é melhor nunca fazê-lo de fora de casa.

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12. Aspiração central. Pontos de sucção em vários cômodos conduzem o pó aspirado, por uma rede interna de tubos, até uma central. Basta acoplar o tubo aspirador ao ponto de sucção para ligar o sistema.

13. Irrigação do jardim. Molha as plantas em horários determinados. Assim, o dono da casa pode viajar sem que suas flores sofram. Ligada a um sensor de umidade, libera a água só quando o solo está seco.

14. Manipulação de cortinas e persianas. Faz com que elas componham cenários com o home theater, o quarto… Pode-se programá-las para escurecer salas voltadas para o Sol ou abri-las de manhã.

Quem são os consumidores de automação residencial

 

Entusiastas – 14%

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Conhecidos como nerds, sentem-se atraídos por todo tipo de inovação e se esforçam para comprá-lo, mesmo se isso exigir sacrifício financeiro. “Trata-se daquelas pessoas que, entre trocar o sofá ou adquirir uma novidade tecnológica para a casa, escolhem a segunda alternativa”, explica José roberto Muratori. Ao contrário do que se pensa, há um número grande de mulheres entre eles.

 

Visionários – 16%

Com os entusiastas, formam o grupo que está do lado de cá do abismo. Ou seja, conhecem e consomem os produtos assim que eles são lançados experimentalmente, antes mesmo de chegarem à praça ou de terem sua eficiência comprovada. Entusiasmam-se principalmente por entretenimento e aparelhos que propiciem mobilidade. Encaram a tecnologia como brinquedo.

 

Metropolitanos – 6%

É a primeira categoria que povoa o lado de lá do abismo. Seus integrantes só passam a incorporar as novidades tecnológicas após terem certeza de que elas funcionam – por exemplo, depois que o vizinho comprou o produto e atestou sua eficácia. apresentam certa queda por eletrônicos, mas querem soluções simples que resolvam os desafios da vida urbana.

 

Heróis do lar – 20%

Nessa categoria encontram-se casais jovens em busca de saídas práticas para as dificuldades da vida familiar. algo para dar mais segurança às crianças, conforto e acessibilidade aos parentes idosos, evitar brigas pelo controle remoto da TV… Esse grupo exige a comprovação de que os equipamentos de fato funcionam e entregam aquilo que prometeram.

 

Críticos – 17%

Juntamente com os dois grupos anteriores, costumam aderir às novidades num prazo que se estende por até cinco anos após sua chegada ao mercado. Seu comportamento é ambíguo: não são fanáticos por tecnologia, mas concordam em implantá-la, desde que se prove fácil de operar.

 

Sonhadores – 12%

Aderem à modernidade, mas pode-se dizer que o fazem quase de má vontade. Sentem-se deslocados num mundo cheio de leds, wireless, tablets e outros nomes que costumam confundir. Queriam voltar a um tempo em que tudo parecia mais simples e fácil de manusear. Quando veem algum lançamento nessa área, repetem a mesma frase: “ah, vou esperar mais um pouco para ter um desses”.

 

Conservadores e céticos – 15%

Últimos a aderir a qualquer gadget, só os incorporam uma década depois de eles surgirem. Hoje, seriam capazes de perguntar: “Ouvi falar de um tal de iPod, que é uma espécie de Walkman sem fita cassete. Ele funciona mesmo?” O iPod foi lançado em 2001; o Walkman, em 1973. Tradicionalistas, sentem-se desconfortáveis com as mudanças e, pior ainda, precisam de ajuda para usar os aparelhos, o que lhes vale gozações e constrangimentos. representam 15% do mercado, uma barreira a ser transposta para a difusão plena da automação residencial.

Linha do tempo da automação

 

1930 – Interruptores triway. O sistema de acendimento no qual uma lâmpada (ou um conjunto delas) é acionada por diferentes interruptores é o antepassado jurássico dos sistemas de automação que hoje criam cenários de iluminação.

1962 – The Jetsons. De um lado, esse desenho animado familiarizou o público e a indústria com a automação. De outro, argumenta-se que seus exageros associaram-na à ficção científica.

1976 – Aparelho de vídeo VHs. É considerado o fim da ditadura da TV. Numa época em que nem se sonhava com TV por assinatura e pay-per-view, permitia gravar capítulos de novela, filmes e jogos.

1994– Internet e home theater. A internet discada já permite conectar o computador a câmeras de segurança, e os primeiros home theaters incentivam a convergência de diferentes mídias, como iluminação, áudio e vídeo.

2000 – Luzes por controle remoto – A IBM traz para o Brasil o X10, protocolo para interligar cenários de luz. Sua vida foi curta, mas emblemática. Era o início da popularização dos sistemas automatizados.

2005 – Nasce a convergência. Cortinas, luzes e ar-condicionado podem ser acionados e coordenados num único controle. Mas é preciso quebrar paredes para instalar cabos e controles.

2010 – A revolução sem fio. As redes wireless existem desde 1997, mas a informatização sem cabos, teclados e mouses só se tornou real com a chegada dos tablets.

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