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Skitsch: design contemporâneo já tem endereço em São Paulo

Cristina Morozzi e Luca Bombassei falam sobre design contemporâneo e a inauguração da loja da Skitsch em São Paulo.

Por Texto Vanessa D'Amaro
Atualizado em 16 fev 2024, 11h28 - Publicado em 18 nov 2011, 14h05
Fachada

 

 

 

 

 

 

 

Com apenas dois anos de existência, as coleções da marca reúnem peças de mais de 30 designers — incluindo profissionais de renome, como os irmãos Campana e Harry Allen. Inaugurada no dia 05 de outubro na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, a loja paulistana tem projeto do arquiteto Luca Bombassei, sócio e fundador da Skitsch. A curadoria dos produtos é da diretora de arte Cristina Morozzi, jornalista e referência em design no mundo. “Eu me considero uma militante do design”, ela afirma. Na manhã de 05 de outubro, os dois profissionais, o CEO da empresa, Massimiliano Moschini, e o empresário Pedro Paulo Franco participaram de um debate no Centro Universitário Belas Artes. Ao fim da apresentação, conversaram com Casa.com.br.

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Massimiliano Moschini, Luca Bombassei e Cristina Morozzi

 

 

 

 

 

 

 

Como podemos definir os produtos da Skitsch?

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Cristina Morozzi: Eu digo que a coleção Skitsch é eclética. Tradicionalmente, o ecletismo tem uma conotação negativa, mas eu procuro reabilitar isso porque ele é a base do nosso trabalho – isto é, permitir que um designer exprima o que é próprio dele. Existe uma tendência das empresas de design de criar coleções coordenadas, com as mesmas cores, os mesmos traços, tudo bem homogêneo. Eu acho que nós precisamos peças icônicas. Eu sou culturalmente contra a homologação, eu privilegio a diversidade.

 

A Skitsch já tem sede em Milão e Londres. Por que escolher São Paulo como destino?

Cristina Morozzi: O Brasil é uma promessa. Do ponto de vista econômico, é um país que está crescendo e, se quisermos olhar para o futuro, nós temos que olhar para os países que crescem. Além disso, o design italiano sempre foi visto pelos brasileiros como um ponto de referência. Eu tive a oportunidade de ir para Bento Gonçalves e fiquei muito impressionada com a boa qualidade dos produtos de empresas brasileiras. Por isso, eu acredito que existe um público preparado para receber produtos de design no Brasil.

 

Como o design brasileiro pode chegar a Skitsch?

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Cristina Morozzi: O mundo está caminhando para a globalização e isso significa que a tendência é que as coisas fiquem parecidas: os mesmos produtos, as mesmas roupas e os mesmos hábitos… Eu acredito que, apesar desta tendência, cada país possui um DNA específico. O que se deve fazer hoje é cultivar a própria diversidade, a própria raiz. O passo seguinte é procurar exprimir isso numa linguagem que não seja étnica, mas que mantenha a essência e seja compreensível pelo mundo. É difícil, mas este é o desafio. Os irmãos Campana, por exemplo, conseguiram fazer isso com a cadeira Favela – que é um verdadeiro bestseller na Europa. A dica é sempre essa: lembre-se de nunca trair as suas raízes porque são elas que dão possibilidade de ter sucesso no mundo.

 

Você acredita que os brasileiros são apaixonados pelo design italiano?

Cristina Morozzi: Acredito!

Luca Bombassei: O Brasil foi feito por italianos.

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Cristina Morozzi: É verdade. Um dos exemplos é a própria Lina Bo Bardi, que era italiana. Ela foi aluna de Giò Ponti e acreditou no design. E ela desenvolveu muitíssimo o potencial do design brasileiro. Além disso, eu acredito que o Brasil tem uma natureza muito bela e quem nasce em um lugar assim costuma se tornar sensível a tanta beleza. É automático: a pessoa vai desenvolver uma sensibilidade estética. Na Itália, é a mesma coisa.

 

Como é que a loja foi pensada aqui no Brasil? Qual é a diferença deste projeto para os projetos de outras lojas?

Luca Bombassei: Nós temos que manter um projeto coerente. O cliente tem a mesma sensação em todas as lojas, porque existe um fio condutor, mas os materiais são diferentes. Por exemplo, a madeira que usamos em São Paulo é local, não é a mesma de Milão. Mas nós tentamos deixar cada loja com a sua própria cara, respeitando o espaço original. Em Londres, por exemplo, encontramos uma parede de mais de 80 anos com papel de parede e até escritos de moradores da época… Aquilo não combinava, por exemplo, com o projeto da loja de Milão, mas era tão bonito que nós mantivemos assim. Isso significa que um elemento arquitetônico do local, mesmo que não pertença ao projeto da Skitsch, deve ser valorizado.

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