Rotatória de BH vira campinho de futebol com a ação de arquitetas
A população transformou uma rotatória em campinho de futebol. Agora pretende, com a ajuda de duas jovens arquitetas, fazer nascer ali uma praça
Na era de metrópoles complexas, o acesso a espaços públicos com qualidade nunca foi tão discutido. Em 2012, quando ainda cursavam a faculdade de arquitetura em Belo Horizonte, Luíza Lages e Débora Tavares já se debruçavam no tema. Uma vez formadas, criaram o Interface Tátil. “Temos atuação prática e experimental, próxima do usuário. Desde sempre, o arquiteto esteve envolvido na reflexão sobre o espaço de morar, porém, hoje, não habitamos mais um edifício isolado. Mudou o paradigma – todos estão mais conscientes”, afirma Luíza. Além de trabalharem projetos tradicionais de casas, reformas e até cenários de filme, o Interface Tátil quer estabelecer um diálogo com a cidade. Dessa forma, numa manhã de novembro do ano passado, aterrissou no bairro Xangri-lá, área carente com mais de 8 mil habitantes nos limites da capital mineira. “Chegamos aqui depois de mapear pontos ociosos, mas com forte demanda dos moradores.” A proposta foi convidá-los a organizar seus desejos e soluções para a região, que conta com campinho de futebol improvisado no lugar de uma antiga rotatória. “Descobrimos que tudo o que existe lá – das traves aos bancos do ponto de ônibus – foi construído por eles.” O projeto, inscrito em editais, busca viabilizar certa metodologia para que a própria população continue realizando seus sonhos: mais vegetação e sombra, bancos, lixeiras, equipamentos de ginástica. “A ideia não é levar tudo pronto, e sim elaborar com eles as respostas.”