Projeto para o centro de São Paulo prevê 22 mil novas casas
Alckmin e Haddad anunciaram hoje projeto para construção de áreas verdes, espaços públicos e moradias na área para famílias com renda de um a 16 salários mínimos
Daqui a seis anos, bairros centrais de São Paulo poderão ganhar novos moradores, que se encontrarão em calçadas largas e áreas verdes. O projeto para que isso aconteça foi apresentado hoje (05 de abril de 2013) pelo governador do Estado, Geraldo Alckimin, e o prefeito da cidade, Fernando Haddad. As duas esferas de governo pretendem criar, em parceria com empresários, 20.221 novas moradias na região. A expectativa da Casa Paulista, agência habitacional do governo, é entregar as primeiras unidades dois anos a partir do início do projeto, que deve acontecer no segundo semestre deste ano.
Mistura de classes sociais
As novas moradias serão destinadas a famílias com renda bruta mensal variando de R$ 755 a R$ 10.488. A maior parte dessas casas já está de pé: serão apartamentos formados em prédios vazios ou subutilizados. Os prédios passarão por retrofits, ou seja reformas com as quais eles ganharão novas funções.
O plano urbanístico prevê que cada prédio sirva a uma faixa de renda. As construções destinadas a moradores de renda alta ficam próximas àquelas destinadas a quem tem renda média e baixa – na mesma quadra e rua, por exemplo. Além disso, a maioria dos edifícios estará a 600 m – dez minutos de caminhada – de estações de trem ou metrô.
Segundo o projeto, o nível térreo dos edifícios será ocupado por lojas, enquanto os pavimentos superiores receberão moradias. As portas dos edifícios deverão abrir-se para rua, que terá calçadas largas. O centro também deverá ganhar novas áreas verdes. A criação do plano é do Instituto Urbem, grupo de pesquisas dirigido pelo arquiteto Philip Yang, contratado depois de vencer uma concorrência aberta pela Casa Paulista.
Reforma de edifícios
Haverá reforma de cerca de 140 edifícios e construção de outros em 17 setores de intervenção, nos distritos da Sé e República e em bairros no entorno do Brás, Belé, Bela Vista, Bom Retiro, Cambuci, Liberdade, Mooca, Pari e Santa Cecília.
As famílias que ganham entre R$ 755 e R$ 4.068 poderão financiar as casas com incentivo do governo – o valor das parcelas do financiamento começará em R$ 151. As de renda mais alta estarão de acordo os valores do mercado. A Casa Paulista espera que todo o empreendimento custe R$ 4,6 bi – desse valor R$ 1,6 bi virá do governo estadual, R$ 404 mi da prefeitura e R$ 2,6 bi de empresas privadas. O edital convidando as empresas a investirem no empreendimento deverá ser lançado em junho. Entre abril e maio, o projeto estará aberto às críticas da sociedade.
Problema urbanístico
Em São Paulo, 64% dos postos de trabalho estão localizados nos bairros centrais, aqueles localizados dentro do anel viário formado pela Marginal Pinheiros e pela Marginal Tietê. Mas só 17% dos moradores da capital moram nessa região. A discrepância causa grandes congestionamentos e poluição na cidade. Segundo cálculos da Casa Paulista, quase 70 mil residências poderiam ser construídas nos prédios vazios ou subutilizados do centro.