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Novo prédio da USP abrigará a maior biblioteca particular do Brasil

Acervo nacional do empresário e bibliófilo José Mindlin será exposto na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin na Cidade Universitária (USP - São Paulo)

Por Marcel Verrumo
Atualizado em 16 fev 2024, 12h19 - Publicado em 22 mar 2013, 21h12

Falecido em 2010, aos 95 anos de idade, o empresário José Mindlin, bibliófilo apaixonado por livros, legou um tesouro que reunia desde os 13 anos, quando adquiriu A história universal, de Jacob Benigno Bossuet, sua primeira obra rara, editada em 1740: uma coleção de milhares de livros, nacionais e estrangeiros, entre eles muitas primeiras edições e títulos autografados e doados por amigos escritores como Carlos Drummond de Andrade e Guimarães Rosa. Após a morte do bibliófilo, todos os títulos poderiam ter ficado guardados em um espaço escuro de algum familiar, aos cuidados da poeira e dos ácaros, ou serem vendidos para uma instituição estrangeira, não fosse um sonho de José Mindlin: apresentar a coleção aos leitores brasileiros.

Três anos após sua morte, o sonho transforma-se em realidade. Os livros de autores nacionais da mais importante biblioteca particular brasileira, então guardados em uma residência no Brooklin, zona Sul de São Paulo, onde Mindlin morava, serão disponibilizados ao público a partir de amanhã, 23 de março, em um novo prédio da Cidade Universitária (USP – São Paulo) na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. Além de obras raras, como a primeira edição de O Guarani, de José de Alencar (uma das duas edições disponíveis no mundo), o acervo também terá mapas preciosos e manuscritos de importante valor para a história da cultura nacional, como o de Grandes Sertões: Veredas, de João Guimarães Rosa. “Afora preservar importantes obras da cultura nacional, um espaço como esse é importante por democratizá-las e por se tornar um centro de estudos”, acredita Pedro Puntoni, professor da Universidade de São Paulo e coordenador-geral da biblioteca.

No novo prédio, que tem 20.950 m², também estará o Instituto de Estudos Brasileiros e o Sistema Integrado de Bibliotecas da USP. A Brasiliana estará em 5 pavimentos, ocupando um total de 6.500 m², e abrigará 39 mil títulos e 55 mil volumes, avaliados em 100 milhões de reais. Com requisição, o público poderá consultar o material, que também estará disponível digitalmente.

A Biblioteca também terá duas exposições, uma permanente e outra temporária. A permanente, Não faço nada sem alegria, conta a história de José Mindlin e de sua esposa, Guita, e da construção do prédio. Já a temporária, exposta até 28 de junho, chama-se Destaques da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, e apresenta cerca de 100 obras mais importantes do acervo, como a primeira edição de O Guarani, de José de Alencar.

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Por dentro da construção

A ideia de disponibilizar os livros na USP foi do próprio Mindlin e nasceu em 1999. A pedido do empresário, quem projetou o prédio foi seu neto, o arquiteto Rodrigo Mindlin, e Eduardo de Almeira, e custou R$ 127 milhões, captados pela Lei Rouanet, por doações e pela Reitoria. “Meu avô gostaria de que o espaço possibilitasse a democratização de seu acervo. Foi o que buscamos ao projetar a biblioteca: fazer com que os livros ficassem visíveis ao público, mesmo que esse não pudesse ter um contato direto com ele”, conta o arquiteto Rodrigo.

Além das prateleiras, à vista do público, o espaço apresenta uma Livraria da Edusp, um café, um laboratório de restauração, um auditório com capacidade de receber 300 pessoas e salas de exposições. O jardim ao redor do prédio foi reformado.

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