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Arquiteta reivindica Pritzker do marido 22 anos depois

Denise Scott Brown reivindica o Pritzker que seu marido, Robert Venturi, ganhou em 1991. Ela foi coautora nos projetos que fizeram Robert ganhar o prêmio de arquitetura

Por Por Nilbberth Silva, com informações do Architect's Journal
Atualizado em 19 jan 2017, 13h42 - Publicado em 28 mar 2013, 21h30
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Em discurso gravado e apresentado no almoço do prêmio Mulheres na Arquitetura, promovido pela revista britânica Architect’s Journal, a arquiteta americana Denise Scott Brown, 81, lembrou que merecia ser incluída no Prêmio Pritzker, a premiação mais importante da arquitetura mundial. Seu companheiro, o arquiteto Robert Venturi, recebeu o prêmio sozinho em 1991 – na época os dois juntos tinham feito, por 22 anos, os projetos do escritório que leva os nomes do casal. “Eles não me devem um prêmio Pritzker, mas uma cerimônia de inclusão no Pritzker. Vamos saudar a noção de criatividade conjunta”, disse a arquiteta.

Depois do discurso de Denise, o grupo Women in Design, formado por estudantes de pós-graduação da Universidade de Harvard, lançou um abaixo-assinado online demandando a reconhecimento de Denise na premiação de 1991. A petição também ganhou uma página no Facebook.

No discurso, Denise chamou sua exclusão de “muito triste” e denunciou o fato das mulheres serem preteridas na carreira de arquitetas:

“Eu diria que ser estudiosa é mais ou menos o que há de melhor para uma mulher”,afirmou a veterana arquiteta. “Existem tantos homens quanto mulheres nos estágios iniciais da prática arquitetônica, mas o teto de vidro sempre as atinge enquanto sobem a escada”, acrescentou. “Teto de vidro” é uma comparação comum na linguagem econômica para os preconceitos muitas vezes não ditos que impedem mulheres e minorias de crescerem na carreira, independente de sua qualificação. “Digo a vocês, mulheres jovens de hoje, não joguem fora sua consciência feminista: quando o teto de vidro atingi-las, vocês pensarão que a culpa é sua, a não ser que conheçam um pouco de feminismo, e isso vai destruí-las”, aconselhou Denise.

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A veterana é uma das mais importantes arquitetas vivas. Ela e Venturi se conheceram na década de 1960 na Universidade de Yale e passaram os anos seguintes pesquisando, criando projetos e teorias juntos. O casal rejeitava conceito da arquitetura modernista de que a forma dos edifícios deve seguir estritamente sua função. Junto com parceiros, criaram projetos que faziam menção à arquitetura tradicional, como a casa Vanna Venturi, pertencente à mãe de Robert. Com seus projetos, a dupla influenciou decisivamente a corrente pós-modernista da arquitetura. Foi esse também o papel do seu livro mais famoso, Aprendendo com Las Vegas, escrito em parceria com Steven Izenour.

Criado em 1979 o Pritzker premiou apenas duas mulheres: Zaha Hadid (2004) e Kazuo Sejiima, que dividiu o a honraria de 2010 com o sócio Ryue Nishizawa. O chinês Wang Shu recebeu sozinho a homenagem de 2012. Na época, o Pritzker deixou de lado sua mulher Lu Weniu, sócia e co-criadora desde a fundação do escritório, em 1997. 

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